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A avaliação é da pesquisadora comportamental Martha Gabriel, em palestra na PUC-Campinas

Martha Gabriel: “Duvidar não é ser chato, é querer conhecer as fontes e se informar” (Imagens: YouTube)
Por Vitória Landgraf
Em um mundo que enfrenta constantes evoluções, a competência para analisar informações e fazer julgamentos racionais sobre diferentes cenários será um atributo determinante para o desenvolvimento profissional e pessoal no futuro próximo. Foi o que afirmou a professora e pesquisadora Martha Gabriel, autora de obras focadas em habilidades comportamentais e inteligência artificial, em palestra online nesta quarta-feira (2), durante evento que integra a comemoração dos 80 anos da PUC-Campinas.
Convidada a falar sobre as habilidades do profissional do futuro, Martha, que é mestre em educação executiva pelo prestigiado Massachusetts Institute of Technology (MIT), destacou o pensamento crítico como a principal aptidão exigida para os próximos anos.
Segundo a engenheira formada pela Unicamp e pós graduada em marketing e livre-docente em artes visuais, as pessoas do mundo contemporâneo estão perdendo a capacidade de compreensão da realidade e, consequentemente, deixando de se preparar para as exigências que o mundo digital exige dos profissionais. “Até a década de 1950, os políticos modulavam seus discursos para pessoas com idade mental de 13 anos, e hoje já modulam para os 8 anos”, disse a pesquisadora ao sustentar que o grau médio de inteligência vem caindo nas últimas décadas.
“Está aumentando o negacionismo e a polarização”, observou Martha, para quem os comportamentos desta natureza – que circulam como avalanches nas redes sociais digitais – são fruto da incapacidade de compreender o mundo, da falta de leitura e da acomodação.
Na visão de Martha, tornar-se um indivíduo crítico envolve etapas como a observação aguçada, seguida pela análise baseada em referências, motivos e argumentos empiricamente verificáveis. Em sua palestra, a pesquisadora reforçou a ideia de que o questionamento é o caminho para a aquisição de qualquer conhecimento.
“Duvidar não é ser chato, é querer conhecer as fontes e se informar”, explicou a conferencista, que lançou mão da expressão “ceticismo amável” para descrever a necessidade de as pessoas não acreditarem em tudo o que ouvem ou leem. Elas precisam se debruçar na situação e elaborar um pensamento próprio, baseado em dados reais, na análise de situações, disse.
“Não te forçam a pensar”, ponderou Martha referindo-se ao cenário de mudança tecnológica para explicar que, no mundo digital, os conteúdos que circulam nas redes sociais são, de um modo geral, superficiais e em larga medida manipulativos.
“As armas rudimentares afetam o corpo físico, e as armas sofisticadas afetam o pensamento”, advertiu.
Martha, autora do best-seller “Marketing na Era Digital” e de obras na área de inovação e educação, também citou outras habilidades essenciais para quem deseja se preparar para as mudanças do mercado de trabalho nos próximos anos. Entre elas, citou a necessidade de pensar digitalmente e se adaptar à medida que as transformações vão se aproximando.
A chamada 4ª Revolução Industrial – período caracterizado por mudanças radicais motivadas pela incorporação de tecnologias – teria enfatizado a importância da integração homem e máquina. “Tudo o que puder ser automático, será. Isso faz crescer o valor das habilidades humanas”, apontou Martha, referindo-se também à sólida formação ética que se espera como elemento balizador das transformações.
A pesquisadora disse acreditar também que as “soft skills” – termo que se refere às habilidades e competências comportamentais – são elementos cruciais para modular o grau de resiliência e adaptação no futuro cenário de transformações digitais. “O futuro é híbrido, é o online e o off-line, juntos. São as habilidades humanas e a tecnologia em uma parceria mais imersiva”, apontou.
Aqui, acesso à palestra de Matha Gabriel (início aos 45 minutos do arquivo).
Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti
Edição: Oscar Nucci
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