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Audiência é cúmplice do bullying, diz pesquisadora

No Café Filosófico, a educadora Thais Bozza descreve as características diversas do bullying e cyberbullying

Por: Lavínia Bassoli

Thaís Bozza: “Eu preciso de um ambiente justo para construir o valor da justiça nas relações” (Imagem: YouTube)

O bullying possui três personagens: autor, alvo e espectador, sendo que o terceiro é aquele que sustenta a violência e concede a posição de poder para quem a exerce. A afirmação é da pesquisadora Thais Bozza, do GEPEM (Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral) da Unesp e Unicamp, que gravou, na terça-feira (6), sua participação no Café Filosófico, do Instituto CPFL de em Campinas. Doutora em educação, a conferencista explicou as características do bullying e do cyberbullying, assim como maneiras de enfrentá-los.

Antes de tudo – disse ela – é preciso entender que todos os componentes precisam de ajuda para reconhecer esse comportamento, que ocorre apenas nas relações entre pares, ou seja, de pessoas em níveis hierárquicos iguais. O processo de enfrentamento do bullying não seria sobre penalizar o autor, mas desconstruir a ideia de valor que este tem sobre esse tipo de agressão.

A partir desse argumento, Thais diferencia o espaço físico do virtual. A internet, por sua característica ampla, ou seja, a capacidade de viralização, alcançando usuários onde quer que estejam, potencializa o bullying, uma vez que aumenta a audiência. Essa potencialização se dá, também, pelo aspecto “infinito” da rede (já que é praticamente impossível deletar um post, por exemplo) que faz com que a vítima de cyberbullying reviva o ataque inúmeras vezes, diferentemente de quando um acontecimento acontece de forma presencial.

Quanto ao papel da escola no enfrentamento dessa violência, sendo o lugar onde o bullying é mais frequente, a pesquisadora afirma que é necessário o planejamento da convivência, e que esta deve estar até na grade curricular. Ela deveria ter a mesma importância dos demais conteúdos educacional, como matemática e português, por exemplo, sendo “um espaço onde a convivência é objeto de conhecimento”.

Porém, não é apenas assim que a escola deve auxiliar. “Os valores morais, as competências socioemocionais precisam ser vivenciadas. Eu preciso de um ambiente justo para construir o valor da justiça nas relações”, observa Thais em sua palestra, exemplificando que é necessário que os adultos pratiquem esse comportamento no ambiente escolar a todo momento. Seria preciso, portanto, que coordenadores, professores e funcionários exerçam, no dia a dia, o diálogo e a empatia, para que seja bem-sucedido o aprendizado de convivência por parte dos alunos.

Apesar da importância das instituições de ensino, o enfrentamento também está presente na legislação brasileira. A Lei Antibullying, Lei Carolina Dieckmann e o Marco Civil da internet são algumas medidas que dariam o respaldo necessário para a denúncia de violências como o bullying e cyberbullying.

No entanto, explicou Thaís Bozza, ainda não existem no Brasil políticas públicas focadas na prevenção do bullying, ao invés da intervenção. Medidas preventivas já existem, em países como a Espanha, por exemplo, referência na área de educação de convivência, que requer que todas as escolas desenvolvam, obrigatoriamente, um plano de convivência.

Sobre essa ausência, a pesquisadora pontuou: “Principalmente depois dos ataques recentes às escolas, existem algumas propostas, um movimento, algumas diretrizes que levam a gente a pensar em políticas públicas que estejam relacionadas ao plano de convivência da escola. Mas estamos caminhando para esta direção”.

Aqui, acesso à edição do Café Filosófico na íntegra.

Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti

Edição: Melyssa Kell


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