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Conteúdos podem influenciar no surgimento de transtornos alimentares e psicológicos
Por Larissa Mairís
As redes sociais têm sido utilizadas para incentivar hábitos mais saudáveis entre os brasileiros durante a pandemia. No entanto, apesar das boas intenções, a divulgação de conteúdos nocivos tem preocupado especialistas, principalmente sobre alimentação e saúde mental.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 4,7 milhões de brasileiros sofrem de distúrbios alimentares, sendo 10% jovens entre 14 e 18 anos. Por outro lado, um estudo do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (USP), identificou um aumento de itens saudáveis e naturais na dieta dos brasileiros, elevando a frequência de consumo de 40,2% para 44,6% na pandemia.
Entretanto, com o isolamento social e a adoção do lockdown em grande parte do país, as redes sociais têm sido a principal fonte de informação de pessoas que buscam apoio para melhorar a alimentação e qualidade de vida, o que preocupa especialistas pela falta de qualificação profissional de influencers que compartilham suas práticas de vida saudável.
Para a professora e nutricionista comportamental Simone Brasil Santos, o perigo das redes sociais está em não reconhecer que cada pessoa possui uma genética e características específicas, logo o que é saudável para uma pessoa, involuntariamente pode ser prejudicial para outras e dar origens a diferentes tipos de distúrbios na alimentação.
A nutricionista afirma que os melhores conteúdos para serem consumidos nas redes sociais são aqueles feitos por profissionais. “Busque àqueles que irão te apoiar não apenas no emagrecimento, mas a olhar de forma leve e empática para o seu estilo de vida”, explica.
Saúde mental nas redes sociais
O cenário da Covid-19 fez com que crianças, jovens e adultos passem mais tempo imersos nas redes sociais, gerando preocupação pela ausência de filtros para separar conteúdos saudáveis, e àqueles que criam a ilusão de uma vida perfeita.
Segundo a psicóloga e especialista em terapia comportamental, Kátia Allyne Pavani, as redes sociais podem auxiliar, mas na maioria das vezes o tempo gasto tem influência em comportamentos de procrastinação, vícios e transtornos psicológicos. “Ideias ilusórias reforçam a perfeição, e a perfeição, por si própria é inexistente, é reflexo do desajuste emocional e dificuldade de autoaceitação”, afirma.
De acordo com a especialista, as incertezas geradas pela pandemia também são um fator de risco e tem deixado as pessoas cada vez mais ansiosas. Apesar de uma reação natural do corpo, a ansiedade afeta a percepção e valorização de si mesmo, aumentando o comportamento de comparação.
Essa é também uma preocupação de muitos produtores de conteúdo, como é o caso da jornalista e criadora da página Vinte e Vibes, Camila Godoy. Para ela, influenciar é gerar conteúdos que deem apoio, mas não se pode ditar como cada pessoa deve viver sua vida.
Descrito como um conteúdo empático sobre conversas que a pessoa teria com amigas, o Vinte e Vibes já alcançou 14 mil pessoas que recebem conteúdo, mas também dividem suas experiências com outras mulheres nos comentários.
Para a jornalista, criar conteúdo requer reponsabilidade, sinceridade e entendimento sobre o tema, pois um conteúdo pode atingir diferentes pessoas de forma positiva ou negativa. “Não dá para transparecer que a vida é um eterno conto de fadas, a mesma coisa com perfis que reforçam padrões irreais e que com isso fazem as pessoas se sentirem insuficientes”, conclui.
Orientação: Prof. Gilberto Roldão
Edição: Fernanda Almeida
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