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Izabel e Tatsa, que conheceu o pai aos 14 anos: “Conseguimos lidar com a situação”
Por Vitória Gomes
A Associação Nacional dos Registradores Civis de Pessoas Naturais (Arpen) realizou um levantamento no primeiro semestre de 2020 e apurou que, de 1.280.514 bebês nascidos no período, 80.904 tinham apenas o registro da mãe na certidão. O dado aponta ter havido um acréscimo de 0,16% em relação ao ano de 2019.
Essa é a situação de Giovana Rosário, 24, que mora em Campinas. Mãe de uma menina de 7 anos, ela teve a segunda gestação em 2020 e acreditava que a caçula, Maria Júlia, teria o registro paterno, mas não foi o que aconteceu. “Logo que ela nasceu o pai esteve presente, mas depois ele não registrou e nem ajuda com a pensão. Tem sido complicado”, conta.
Além da dificuldade de criar mais uma filha sozinha, Giovana relata já ter ouvido comentários negativos de amigos e familiares, que a deixam constrangida. “Já sofri muito preconceito por ser mãe solteira. É bem chato. Só a gente sabe o que temos que passar e enfrentar”, declara.
A falta de registro do nome do pai também é comum na vida dos que chegam à fase adulta com a certidão omitindo o dado. De acordo com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), mais de cinco milhões de brasileiros não têm o nome do pai nos seus documentos.
Este é o caso de Tatsa Cristina de Oliveira, jovem aprendiz do Banco Bradesco. Segundo ela, só aos seis anos de idade soube pela mãe que não havia o registro do pai em seu documento. “Eu era muito criança quando soube dessa situação e só aos 14 anos quis conhecê-lo. Infelizmente nossa relação não deu certo, pois não senti reciprocidade”, diz.
Para a psicóloga Talita Albuquerque, especializada em atender crianças e casais, o abandono dos pais pode ter consequências duradouras e desenvolver algumas reações. “Os pais têm um papel fundamental na formação do sujeito. Na ausência deles, podem surgir sentimentos como insegurança, solidão, rejeição e até dificuldade de estabelecer relações sólidas de confiança”, explica.
A auxiliar administrativa Izabel Cristina, mãe da Tatsa, conta que a presença do pai teria sido importante para a filha e que já sofreu pressão para registrar a paternidade. “Conseguimos lidar com essa situação da melhor maneira possível, mas alguns lugares nos recomendam procurar o pai, como no dia em que matriculei a Tatsa na escola. Eles queriam que eu fosse atrás do pai dela, mas eu não fui”, comenta.
A psicóloga Talita Albuquerque ainda recomenda que essas questões sejam tratadas com a ajuda de um profissional para que o “luto interno” possa ser resolvido. A especialista também afirma que o abandono paterno pode ter muitos motivos, como falta de estabilidade financeira, vulnerabilidade familiar e dificuldades de estrutura para criação de uma família.
Tatsa Cristina diz já ter aprendido a lidar com a ausência da figura paterna e acredita que a presença marcante da mãe substituiu a necessidade de ter o progenitor por perto. É o que a Giovana Rosário também deseja para a filha, Maria Julia. Ela espera que a menina não tenha o desenvolvimento comprometido pela ausência do pai. “Amo minhas filhas e dou graças a Deus por elas”, diz. “É difícil, mas tento sempre dar o melhor de mim e ser a melhor versão para que elas não sintam falta de nada”.
Orientação: Profa. Cecília Toledo
Edição: Oscar Nucci
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