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Propósito é conscientizar sociedade sobre problemas de saúde comuns em mulheres
Por Camila de Paula e Paloma Ruiz
No dia 28 de maio é comemorado o Dia Internacional de Luta Pela Saúde da Mulher e o Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna, que possui o objetivo de conscientizar a sociedade sobre os diversos problemas de saúde e distúrbios comuns na vida das mulheres. Entre as preocupações presentes nos debates desta data comemorativa está o HIV na gestação, caso que vem crescendo nos últimos tempos.

Dr. Jorge Senise: “O HIV só se torna um fator de risco para a mortalidade materna se a mãe não se tratar” (Foto: Arquivo Pessoal)
Segundo o Boletim Epidemiológico de HIV/Aids do Ministério da Saúde de 2020, a taxa de detecção de HIV em grávidas cresceu 21,7% nos últimos 10 anos. Enquanto em 2009 foram registrados 2,3 casos/mil nascidos vivos, em 2019 essa taxa passou para 2,8/mil nascidos vivos. Segundo o Dr. Jorge Senise, infectologista da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), a maior parte das detecções de HIV em grávidas são de mulheres que já engravidaram tendo o HIV, e não as que contraíram o vírus durante a gestação.
Uma das consequências e maiores preocupações do HIV em gestantes é a transmissão vertical, situação em que a mãe passa o vírus para o bebê por meio do parto ou amamentação. O infectologista alerta que é importante o tratamento adequado no pré-natal, parto e puerpério de mulheres vivendo com HIV para a saúde delas e do bebê. “Quando a mãe se trata, a carga viral diminui e ela pode ficar indetectável, quando a carga viral fica indetectável a chance de a mãe transmitir é mínima”, explica.

Panorama do HIV em gestantes no Brasil (Arte: Paloma Ruiz)
Dr. Senise orienta que um dos principais tratamentos em gestantes com HIV é a Terapia Antirretroviral (TARV), que reduz a viremia, aumenta a contagem de células TCD4, responsáveis pela imunidade do organismo humano, retarda a progressão para aids e reduz a transmissão vertical. “Se a infecção pelo HIV for controlada, a mulher pode engravidar com maior segurança”, afirma.
Segundo o infectologista, quando o bebê nasce e a mãe dele é HIV positivo, a primeira coisa a se fazer é o diagnóstico da criança. Ela é testada para detectar a carga viral e depois de um mês é testada novamente. “A criança nesse período toma um xarope de AZT, que é um medicamento de diversas substâncias, como antibióticos e antivirais, que pode trazer uma melhora imunológica ao bebê”, explica.
O médico também afirma que datas comemorativas como o Dia Internacional de Luta Pela Saúde da Mulher e o Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna são importantes para a sociedade se informar e dar atenção aos problemas de saúde das mulheres. Segundo ele, as mulheres precisam de informações para tomarem conhecimento dos tratamentos adequado e não ficarem desesperadas antecipadamente. “O HIV só se torna um fator de risco para a mortalidade materna se a mãe não se tratar, então é importante o dia debater sobre o tema para as mulheres tomarem conhecimento disso e procurar tratamento”, finaliza.
A babá Nathalia Gomes, de 21 anos, é fruto de uma transmissão vertical. Ela contraiu o vírus durante o parto e sua mãe descobriu que possuía o HIV apenas depois da gestação. “Comecei a passar muito mal e depois disso fiz muitos exames para saber o que que era, quando saíram os resultados descobriram que eu tinha contraído o vírus do HIV”, conta. Gomes explica que desde nova começou a tomar medicações e que só foi tomar ciência que tinha o vírus aos 10 anos de idade.

Nathalia Santos Gomes afirma que nunca teve problemas para lidar com o HIV ao longo de sua vida (Foto: Arquivo Pessoal)
Ela diz que convive muito melhor com o vírus hoje e que nunca teve problemas para lidar com ele ao longo da sua vida, sempre sendo mais forte e informada sobre o assunto. “O HIV não interferiu em nada na minha vida, eu só tinha que tomar a medicação, eu era uma criança normal e continuo sendo uma pessoa normal”. A babá afirma que planeja ter filhos futuramente e que já está se cuidando para romper o ciclo da transmissão vertical. “Eu já estou indetectável e quando estiver grávida pretendo fazer todo o cuidado possível para que não ocorra transmissão”.
Gomes fala que debater sobre o HIV na gestação no Dia Internacional de Luta Pela Saúde da Mulher é importante para que a sociedade não se feche para o assunto, que procure informações e leia sobre o tema. “A mãe com HIV não pode ficar neurótica sobre o que vai acontecer com o bebê, ela precisa se informar para saber lidar com isso”, argumenta. “Elas não estão passando pelo maior problema do mundo e precisam saber disso, que são mulheres guerreiras e terão filhos saudáveis”, finaliza.
Orientação: Prof. Gilberto Roldão
Edição: Fernanda Almeida
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