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Dia do Jornalista traz relatos de dificuldades na pandemia

Em entrevista, profissionais da TV apontam a importância da profissão nesse último ano

 

 

Por Beatriz Borghini e Fernanda Almeida

Combate à fake news, produção de conteúdo e entrevistas virtuais são alguns dos desafios citados pelos jornalistas após um ano desde o início da pandemia do coronavírus no Brasil. Em comemoração ao dia do jornalista, 07 de abril, o Digitais conversou com profissionais da área para entender melhor os problemas e reinvenções encontradas na profissão.

“Foi um impacto muito grande”, conta Daniela Lemos, 46, apresentadora do programa Terra da Gente, na EPTV, e do programa Nossa Gente, na CBN, sobre as mudanças em razão da pandemia. Ela aponta a impossibilidade de trabalhar sem olhar no rosto das pessoas como uma das maiores adversidades, uma vez que toda a comunicação está sendo totalmente feita de forma online.

Nathália Assis: “Vamos continuar cumprindo com o nosso dever” (Foto: Acervo pessoal)

Daniela também afirma que respeitar seu expediente em casa tem sido uma das dificuldades enfrentadas. “Você tem que lembrar que tem uma jornada de trabalho estabelecida, caso contrário você fica o dia inteiro respondendo mensagens”. Devido ao risco de contaminação, a EPTV adotou protocolos de segurança para evitar aglomerações, com circulação dentro da empresa de forma limitada e com parte dos funcionários não trabalhando de presencialmente.

Para a apresentadora e editora da EPTV, Nathália Assis, 31, o desafio foi produzir conteúdo para a TV sem perder a qualidade do material nesse último ano. “As entrevistas tiveram que começar a ser gravadas por Skype e aí ficou difícil produzir as imagens. Tivemos que ficar dependentes dos personagens para mandar imagens da rotina deles”.

Apesar disso, ela afirma que a pandemia trouxe a possibilidade de outras formas de realizar o trabalho e que ainda pode continuar no pós-pandemia. Nathália conta que alguns dos quadros que apresenta é realizado todo através do trabalho remoto e acredita que pode continuar sendo assim no futuro.

“O jornalismo tem que voltar para as ruas,” comenta a repórter Luiza Rossi, 23, da TV Sol Comunidade, em Indaiatuba. Apesar de o momento exigir esse formato, ela aponta como essencial o contato com as pessoas. “O jornalista não só fala com a fonte, mas também observa sua linguagem corporal. A diferença entre esses dois formatos é gritante.”

Luiza também aponta o combate das Fake News como um dos maiores problemas enfrentados no jornalismo atualmente. “O tempo todo temos que desmentir alguma situação, como mensagens compartilhadas pelo Whatsapp relacionada à prefeitura da cidade ou das vacinas,” relata.

Thiago Santos afirma: “O olho a olho faz toda a diferença” (Foto: Acervo pessoal)

“Para nós, o olho no olho faz toda a diferença,” afirma Thiago Santos, 30. O repórter da Thati Record TV conta que sua experiência de trabalhar de forma virtual não foi positiva, preferindo quando está “frente a frente” à situação.

Ele aponta como uma das maiores dificuldades o deslocamento para realizar as matérias, uma vez que acaba interferindo na questão do isolamento social. “Quantas entrevistas fizemos em hospitais, delegacias, lugares públicos ou coletivas de imprensa de autoridades?” questiona, incomodado com o risco que essa exposição apresenta. Santos também aponta o uso da máscara como um desafio, uma vez que acaba comprometendo a voz e impedindo a leitura labial do publico que o assiste.

Para garantir a segurança tanto do jornalista quanto dos entrevistados, foram realizadas pelas empresas televisivas algumas adaptações. Para os repórteres de rua, isso inclui o uso de máscara, higienização constante dos equipamentos e o distanciamento social entre o profissional e o entrevistado.

Outro transtorno encontrado pelos jornalistas nesse último ano foi em relação ao público perante seu trabalho. Apesar de não terem tido problemas com as fontes, os profissionais apontaram um aumento das críticas vindo da população.

Segundo Nathália, essa crítica vem principalmente dos que negam a situação atual de pandemia, mas reafirma: “Vamos continuar cumprindo com o nosso dever, mostrando a realidade como ela é”.

DIA DO JORNALISTA

Para a repórter Luiza Rossi, o maior desafio foi o combate às Fake News (Foto: Acervo pessoal)

“Podemos comemorar o 07 de Abril pela nossa garra, nossa força de trabalho, mas nos demais fatores, temos perdido demais”, declara Thiago Santos. Segundo o repórter, a profissão atualmente está muito desvalorizada, apontando a rede social como um fator determinante para isso.

Para Thiago, as redes sociais possibilitam qualquer pessoa a divulgar informações sem checar ou questionar o que está sendo publicado e que isso, muitas vezes, chama mais atenção da que a informação passada pelos profissionais. “As pessoas precisam confiar nos jornalistas”, desabafa.

Luiza afirma que esse ano, o dia do jornalista tem grande significância para ela, que admira o trabalho feito pelos profissionais durante a pandemia. “É um trabalho essencial”, ressalta.

“Estamos sempre buscando trazer informações para a população,” diz a apresentadora Nathália. “Quantas famílias buscando ajuda da imprensa esse ano por que não conseguiram leitos na UTI? Nosso papel nunca foi tão importante como agora”.

 

 

Orientação: Prof. Gilberto Roldão

Edição: Fernanda Almeida


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