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Jovens relatam desafios do isolamento, que iniciou em março de 2020 na região de Campinas.
Por Naira Zitei
Quando o fenômeno do novo Coronavírus chegou ao Brasil, a maioria da população passou a ficar em casa como uma forma de combatê-lo, e o que deveria durar um mês, vigora há um ano. Esta terça-feira (23) marca 12 meses de quarentena e apenas a minoria da população, que tem a possibilidade de ficar reclusa, permanece em isolamento. Apesar das dificuldades, jovens da região de Campinas (SP) respondem que ainda é possível continuar “quarentenado”.
Pedro Vezalli, de 23 anos, é da metrópole e completa um ano que sai apenas para as atividades essenciais como mercado. “O mínimo que eu posso fazer é ficar em casa o máximo que eu puder para não colocar a vida de outras pessoas em risco, a minha, dos meus familiares”, comentou o estudante de análise e desenvolvimento de sistemas.
Ele diz que antes da pandemia, era uma pessoa difícil de ser encontrada em casa, mas que já não gostava de ficar em aglomerações. “Quando bate saudade dos amigos, das pessoas, da família, não tem muito que fazer, às vezes, eu faço chamada [de vídeo] com eles, mas, normalmente, eu passo o tempo que tenho disponível jogando [vídeo game]”, explicou.
Já Carlene dos Santos, de 26 anos, mora em Hortolândia (SP) e contou que, como consegue trabalhar e estudar de forma remota, as únicas situações que sai de casa são para ir ao mercado uma vez por mês e ao médico, quando necessário. A família da jovem também segue o isolamento à risca por conta da saúde do pai que faz um tratamento oncológico.
A jovem explicou que quando sente falta das amizades, além de mensagens e ligações, ela recorda momentos da vida pré-pandemia. “Eu tenho uma caixa de lembrancinhas, então eu guardo lembranças de pequenos momentos que eu estive com os meus amigos, ou com alguém da família, ou em alguma festa”, disse.
No caso de Letícia Sobrinho de 22 anos, um dos motivos principais para ficar em casa é o fato de a mãe pertencer ao grupo de risco por ser diabética. “A gente está há quase um ano sem se reunir com ninguém. A gente passou o Natal e o Ano Novo só eu e ela e não estamos indo para nenhum lugar”, relatou a estudante de jornalismo.
Ela contou que o isolamento foi mais tranquilo, pois nunca foi uma pessoa de sair com frequência, mas que sabia que uma hora ficaria esgotada com a situação. “Acho que é mais uma saudade de me reunir com as pessoas do que a saudade de sair”, afirmou.
Novos hobbies
Os momentos livres em casa têm servido para muitas pessoas descobrirem novas atividades ou retomar algo que gosta de fazer e, geralmente não tem tempo. “Eu voltei a tocar violão que era uma coisa que eu não fazia há muito tempo. Eu tinha tinta aqui em casa e voltei a pintar, porque era uma coisa que eu fazia quando era criança”, contou Letícia Sobrinho.
Carlene optou por fazer mudanças na casa para aproveitar melhor o ambiente em que está isolada. “Passei uma boa parte da quarentena reformando o meu quarto. Então, eu reformei todo o meu espaço do home office e foi algo que me fez muito bem”, explicou.
‘A quarentena traz esse peso da solidão’
A psicóloga Ana Carolina Pereira, disse que pessoas há um ano em isolamento podem sofrer ainda mais com a falta de medidas como o lockdown, porque parece uma situação interminável e quadros de ansiedade, depressão e pânico podem se agravar. “A quarentena traz esse peso da solidão”, lamentou.
Ela também explicou que “muitos problemas que a gente tem vivenciado agora com a pandemia não são problemas que começaram agora e não são problemas mentais, são problemas sociais”. A especialista reforça que o sofrimento mental, além de afetar as pessoas que estão em isolamento, também é sentido pelos trabalhadores que precisam ir às ruas para garantir o pão de cada dia.
Ana comentou que preservar a saúde mental, muitas vezes, está fora de alcance do indivíduo, porque a maioria das empresas não oferecem condições para trabalhar em casa e o governo não presta assistência àqueles em situação de vulnerabilidade. “A gente não tem uma política pública que pensa na preservação da vida das pessoas pobres, pelo contrário, a gente tem uma política genocida em diversos níveis da federação”, afirmou.
Orientação: Prof. Amanda Artioli
Edição: Emily França
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