Digitais Recomenda
Por Tamires Ávila
O editor executivo Caio Cavechini e a repórter Eliane Scardovelli, do programa “Profissão Repórter”, da Rede Globo de Televisão, compartilham suas visões sobre a profissão. “A relação de retratado e retratador é sempre desigual. O jornalista é quem tem o poder de encaminhar a entrevista e editar o que vai ao ar, por isso existe a escolha de se evitar o texto frio do repórter”, afirmou Cavechini. Já, a repórter Eliane afirmou que o formato de telejornalismo depende de um tempo mais dilatado no resultado final do trabalho, pois se buscam outros meios de contar as mesmas histórias. Disse ainda que o jornalista deve ter sempre “a intenção de incomodar”. “O que queremos é causar uma impressão, levar alguém a refletir e criar opiniões, não simplesmente assistir sem nem mesmo sentir nada”, completou.
Cavechini e Eliane conversaram com os estudantes da Faculdade de Jornalismo da PUC-Campinas, em março, no evento que leva o nome de “Globo Lab” e se transformou na aula inaugural do curso. Em suas falas, os jornalistas procuraram estimular a mente dos estudantes a pensar em novas linguagens dentro do campo audiovisual. “Nossa vontade é que vocês estejam abertos a todas as possibilidades que estão na mesa e que as usem com consciência”, disse Cavechini.
Segundo ressaltou o jornalista, dados divulgados em 2016 pela Secretaria de Comunicação do Governo mostram que quase 90% dos brasileiros se informam pela televisão, sendo este o meio de comunicação preferido por 63% deles. Cavechini chamou a atenção para os cuidados com a voz do profissional de imprensa para evitar o sensacionalismo. A repórter Eliane alertou para os cuidados que se deve ter para não contaminar as matérias com percepções próprias. “É preciso saber o jeito e a hora de intervir”, advertiu aos estudantes.
Durante o evento, os alunos do curso de Jornalismo puderam conhecer novos métodos de produção de conteúdo audiovisual. O editor executivo do Profissão Repórter mostrou exemplos e declarou ser possível aplicar técnicas da literatura e ficção para oferecer melhor qualidade a uma reportagem factual. “Dá para posicionar uma informação de modo a causar diferentes efeitos no telespectador”, avaliou. Explicou a importância e peso de conteúdos não verbais no resultado final de uma matéria. “Uma proposta de edição feita só em um papel pode desprezar uma fala acompanhada de hesitação, expressividade, que às vezes diz mais do que a frase em si”.
Ao ressaltar a importância de fazer jornalismo fora de gabinetes, Caio Cavechini lembrou que a rua pode surpreender e mostrar coisas que jamais foram imaginadas. “Podem nos lançar a lugares nos quais não estaríamos tradicionalmente, o que é uma das características mais fascinantes do jornalismo”, acentuou.
Editado por Giovanna Leal
Orientação de Prof. Carlos Alberto Zanotti
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