Destaque

Iniciativas adotam ações para enfrentar a crise ambiental

Projetos de Campinas, Ribeirão Preto e São Carlos mostram que o combate às mudanças climáticas pode ser diversificado

Por Giovana Perianez, Laura Penariol, Thais Ramalho, Daniel Rosa, Caique Amorim e João Pedro Poccioti

Grupo da iniciativa em um dos encontros promovidos (Foto: Marielli Navarro)

O Brasil desperdiça cerca de 46 milhões de toneladas de alimentos por ano, segundo a ONU (Organizações das Nações Unidas). Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) indicam que aproximadamente 30% de toda a produção alimentar no país não chega ao prato do consumidor. Desse total, 60% são descartados dentro de casa, reflexo de práticas inadequadas de consumo, armazenamento e planejamento alimentar. Ao mesmo tempo, cada brasileiro gera, em média, 380 quilos de lixo por ano, boa parte sem qualquer tipo de separação, segundo o SNIS (Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento).

Esse cenário de desperdício e descarte incorreto alimenta um ciclo de degradação ambiental que compromete ecossistemas em todo o país. A ausência de tratamento adequado desses resíduos contribui para o aumento das emissões de gases de efeito estufa, como o metano, além de sobrecarregar os aterros sanitários. Isso acelera a destruição dos recursos naturais e agrava os impactos das mudanças climáticas. Para Afonso Peche Filho, pesquisador e ambientalista, não é necessário esperar grandes estruturas para fazer a diferença.

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“Um cidadão comum pode ajudar a diminuir ou retardar as mudanças climáticas com atitudes simples no dia a dia

Afonso Peche Filho

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Entre essas atitudes, Afonso destaca o combate aos desperdícios de alimentos, que pode ser feito com um melhor planejamento de compra, o reaproveitamento de sobras e o armazenamento adequado de alimentos. O ambientalista também reforça a necessidade de consumir de forma consciente, evitar produtos descartáveis e fazer a separação correta do lixo para reciclagem. “Dar preferência a alimentos de produtores locais e da estação também é uma escolha que faz diferença, já que esses produtos demandam menos transporte e refrigeração”. Ele acrescenta ainda que ações como plantar árvores ou cuidar de áreas verdes urbanas contribuem diretamente para a captura de carbono e ajudam a amenizar o microclima nas cidades.

Em resposta a esses desafios, diferentes contribuições locais espalhadas pelo interior paulista, inspiram. Em Campinas, por exemplo, uma iniciativa que busca fazer a diferença no dia a dia para um mundo mais sustentável é o “Coletivo Lixo Zero”, que vem mobilizando voluntários para mudar a forma de como a cidade pode lidar com seus resíduos. 

A Aliança Internacional Lixo Zero (Zero Waste International Alliance), define “Lixo Zero” como uma meta ética, econômica, eficiente e visionária, para orientar as pessoas a mudar seus estilos de vida e práticas para emular ciclos naturais sustentáveis, onde todos os materiais descartados são projetados para se tornarem recursos para outros usarem. O projeto citado teve início em 2021, por duas embaixadoras, Mirelli Navarro e Renata Coelho, e tem como foco difundir esse conceito para o máximo de pessoas possível. 

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“O conceito lixo zero tem como objetivo mostrar para as pessoas que para a gente cuidar da natureza, podemos começar olhando para os nossos próprios resíduos”

Mirelli Navarro e Renata Coelho

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As duas foram em busca de uma certificação para atuar, que é um curso online com aulas para entender como trabalhar um comunitário voltado para a compreensão do princípio de lixo zero. Essa vontade tem como preocupação o fato que a população em geral não tem conhecimento que misturando todos os resíduos está prejudicando o meio ambiente, aumentando o volume de poluição, aterros e gases do efeito estufa. 

A embaixadora explica que ao não separar os resíduos, muitas coisas ficam inviáveis de serem recicladas ou entrarem no processo de compostagem, aumentando o volume nos aterros sanitários, lixões a céu aberto ou para incineração.  Atualmente esse coletivo conta com um grupo de 43 voluntários e as ações dessa iniciativa visam conscientizar as pessoas quanto ao problema do lixo, com palestras em escolas, organização de ecopontos, limpeza de praças e rios.

Em São Carlos
Já em São Carlos (SP), Flavio Marchesin fundou a Escola da Floresta em 2008. Após presenciar uma obra de gasoduto devastar a região em que fica o sítio da família Marchesin, Flávio decidiu criar este projeto para ajudar no reflorestamento da região e na preservação do Ribeirão Feijão, um dos rios responsáveis pelo abastecimento da cidade. 

“Eu larguei a minha carreira na área da administração para me dedicar a este projeto, mas depois realizei uma especialização em gerenciamento ambiental para ajudar”

Flavio Marchesin

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No primeiro ano da Escola da Floresta, foram plantadas cerca de 30 mil mudas de árvores. Além disso, estruturou-se com uma equipe de 13 profissionais, que realizam as mediações das visitas, que recebem desde estudantes do ensino fundamental, até do ensino superior e pesquisadores. O foco do projeto está na educação ambiental, formas sustentáveis de cuidado com o solo, agricultura familiar e a conservação de recursos hídricos.

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A Escola já realizou parcerias com o Sesc, USP (Universidade de São Paulo), Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) e outras instituições, que resultaram em oficinas, cursos, estudos, pesquisas e projetos de preservação no local junto de mais de 30 mil visitantes. Marchesin afirmou que parte do sítio se tornou um laboratório para estudantes da Ufscar e pesquisadores da Embrapa. 

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Educadores ambientais da Escola da Floresta recebem alunos do ensino fundamental (Foto: Reprodução/@escoladafloresta)

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Com o avanço acelerado da tecnologia e a constante substituição de aparelhos eletrônicos, cresce também um dos desafios ambientais mais urgentes da atualidade, que é o descarte incorreto de resíduos eletrônicos. Celulares, computadores, televisores e eletrodomésticos deixam de ser utilizados com rapidez, impulsionando uma cadeia de consumo que, quando não acompanhada por práticas adequadas de descarte, resulta em sérios impactos ao meio ambiente. 

Ecopontos especializados no recolhimento e destinação correta desses resíduos surgem como soluções para conter os danos ambientais e estimular a conscientização coletiva.

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Em Ribeirão Preto
Em Ribeirão Preto, a CR Reciclar Gestão de Resíduos Eletrônicos é uma outra iniciativa que vem se destacando como uma iniciativa familiar voltada à conscientização e ao descarte correto de materiais eletrônicos. 

Bruna Leal, gerente administrativa, explicou que a empresa surgiu do comprometimento da família com a causa ambiental. O início foi modesto, em uma casa e sem funcionários, contando apenas com esforço e dedicação dos próprios fundadores. 

“O objetivo é captar, receber, processar, reciclar e fazer o descarte de materiais eletrônicos corretamente. Além disso, gerar a conscientização em relação ao descarte correto e abranger o máximo de conhecimento para ser referência”

Bruna Leal

Com o passar do tempo, o trabalho árduo deu frutos. A empresa cresceu e hoje conta com uma sede maior, ainda em Ribeirão Preto, o que possibilitou a contratação de novos profissionais e ampliação de serviços prestados.

Cada uma dessas ações, por menor que pareçam, contribuem para um movimento global e de preservação ambiental. A soma de esforços individuais e coletivos, em última instância, criam um efeito multiplicador capaz de impactar positivamente futuras gerações. A mobilização local é o primeiro passo para a construção de um futuro mais sustentável e equilibrado, onde a preservação do meio ambiente e a qualidade de vida andem lado a lado. 

SERVIÇO
Confira a relação dos ecopontos de cada cidade:
Ribeirão Preto 

  1. ECOPONTO 1 – ALEXANDRE BALBO Avenida Ettore e Aurora Corauci, 1375
  2. ECOPONTO 2 – JARDIM CENTENÁRIO Rua Arthur Ramos, 1185
  3. ECOPONTO 3 – JARDIM SANTOS DUMONT Rua Guará, 2225
  4. ECOPONTO 4 – JARDIM DAS PALMEIRAS II Rua Poeta Fernando Pessoa, 15
  5. ECOPONTO 5 – JARDIM PAIVA Av. Sen. Teotônio Vilella, 1285
  6. ECOPONTO 6 – JARDIM SÃO FERNANDO Avenida Miguel Padulla, 400
  7. ECOPONTO 7 – ADELINO SIMIONI Av. Gal. Euclides Figueiredo, 120
  8. ECOPONTO 8 – JARDIM DIVA TARLÁ DE CARVALHO Av. Dr. Fernando Mendes Garcia, 3480

São Carlos

  1. São Carlos VIII: Rua Capitão Luiz Brandão, 1847 – esquina com Av. Cônego A. Volpe;
  2. Jardim Paulistano: Rua Indalécio de Campos Pereira, 1120 – esquina com Rua Américo J. Canhoto;
  3. Cidade Aracy: Av. Arnoldo Almeida Pires, 1.507 (inauguração dia 21/09) – somente resíduos de construção civil e volumosos (galhos/poda e móveis);
  4. Jardim Medeiros: Rua Aristodemo Pelegrini, s/n (esq. com Rua João Genovez)
  5. Vida Nova (Planalto Verde): Avenida Regit Arab, 1205

Campinas 

  1. Barão Geraldo. Av. Santa Isabel, s/nº. Horário de funcionamento: das 7h às 18h, todos os dias, exceto feriados. Horário de almoço: das 11h às 12h.
  2. Região Central. Rua Francisco Theodoro, 1050, Vila Industrial. Horário de funcionamento: das 7h às 18h, todos os dias, exceto feriados. Horário de almoço: das 11hs às 12hs.
  3. Jardim Pacaembu. Rua Dante Suriane esq. com Av. Padre Gaspar Bertoni. Horário de funcionamento: das 7h às 18h, todos os dias. Horário de almoço: das 11h às 12h.
  4. Jardim Eulina. Avenida Marechal Rondon esq. Rua José Manuel Veiga. Horário de funcionamento: das 7h às 18h, todos os dias. Horário de almoço: das 11h às 12h.
  5. Jardim Paranapanema. Rua Serra D água esq. Rua Felismina Stemmer Cajado. Horário de funcionamento: das 7h às 18h, todos os dias. Horário de almoço: das 11h às 12h.
  6. Parque Itália/Departamento de Limpeza Urbana (DLU) (descarte de pneus). Av. Prefeito Faria Lima, 630, Parque Itália. Horário de funcionamento: das 7h às 16h12, de segunda a sexta-feira. Horário de almoço: das 11h às 12h.
  7. Parque Itajaí. Rua Celso Soares Couto, s/n. Horário de funcionamento: das 7h às 18h, todos os dias, exceto feriados. Horário de almoço: das 11h às 12h.
  8. Parque São Jorge. Rua Plácida Pretini, s/n. Horário de funcionamento: das 7h às 18h, todos os dias, exceto feriados. Horário de almoço: das 11h às 12h.
  9. Jardim São Gabriel. Rua Jose Martins Lourenço, esq. Rua Geraldo Bretas. Horário de funcionamento: das 7h às 18h, todos os dias, exceto feriados. Horário de almoço: das 11h às 12h.
  10. Parque Via Norte. Rua dos Cambarás, 200. Horário de funcionamento: das 7h às 18h, todos os dias, exceto feriados. Horário de almoço: das 11h às 12h.
  11. Vida Nova. Rua Góia Jr. s/n. Horário de funcionamento: das 7h às 18h, todos os dias, exceto feriados. Horário de almoço: das 11h às 12h.
  12. Vila Campos Sales. Avenida São Jose dos Campos, s/n. Horário de funcionamento: das 7h às 18h, todos os dias. Horário de almoço: das 11h às 12h.
  13. Vila União. Rua Manoel Gomes Ferreira, esq. Rua Jose Ramos Catarino. Horário de funcionamento: das 7h às 18h, todos os dias. Horário de almoço: das 11h às 12h.
  14. Sousas. Rua Dom Pedro, 464. Horário de funcionamento: das 7h às 18h, todos os dias, exceto feriados. Horário de almoço: das 11h às 12h.
  15. Carlos Grimaldi. Sobre o Viaduto Manoel M. Carvalho. Horário de funcionamento: das 7h às 18h, todos os dias, exceto feriados. Horário de almoço: das 11h às 12h.
  16. Jardim Marisa. Rua Orlando Bortoletti, 217. Horário de funcionamento: das 7h às 19h, todos os dias, exceto feriados. Horário de almoço: das 12h às 13h

S.O.S Mudanças Climáticas_____________________________________________________________

S.O.S Mudanças Climáticas é um projeto multimídia do acidade on, em parceria com professores e alunos da Faculdade de Jornalismo e Curso de Mídias Digitais da PUC-Campinas. Os conteúdos buscam explicar como as mudanças climáticas afetam o cotidiano das pessoas no interior de São Paulo e têm como propósito ajudá-las a se preparar melhor para enfrentar essa crise.

Esta matéria foi feita pelos alunos da Faculdade de Jornalismo da PUC-Campinas: Giovana Perianez, Laura Penariol, Thais Ramalho, Daniel Rosa, Caique Amorim e João Pedro Poccioti, com apoio dos alunos do Curso de Mídias Digitais: Ana Paula Rodrigues Benjamin Ramos, Beatriz Franchito Zaguetti, Gabriel Souza Ferri, Giovanna de Moraes Bras Gil e Isabela Koike Rosa, para o componente curricular do Projeto Integrador, sob supervisão da professora Amanda Artioli e edição de Leonardo Oliveira.

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Orientação: Amanda Artioli.

Edição: Giovanni Feltrin


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Digitais é um produto laboratorial da Faculdade de Jornalismo da PUC-Campinas, com publicações desenvolvidas pelos alunos nas disciplinas práticas e nos projetos experimentais para a conclusão do curso. Alunos monitores/editores de agosto a setembro de 2023: Bianca Campos Bernardes / Daniel Ribeiro dos Santos / Gabriela Fernandes Cardoso Lamas / Gabriela Moda Battaglini / Giovana Sottero / Isabela Ribeiro de Meletti / Marina de Andrade Favaro / Melyssa Kell Sousa Barbosa / Murilo Araujo Sacardi / Théo Miranda de Lima Professores responsáveis: Carlos Gilberto Roldão, Carlos A. Zanotti e Rosemary Bars.