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Verde que vem de casa: impacto de pequenas ações no clima

Onze cidades do interior de São Paulo lideram ranking internacional com maior número de árvores no Brasil

Por Julia Sabatin do Carmo, Gabriela Moda Battagini, Julia Domingues de Araújo, Maria Luísa Particelli Faustino, Bianca de Freitas Silva e Ana Beatriz Morales Galiano

Colaboração de moradores é importante para preservação ambiental nas cidades (Foto: Maria Luisa Faustino)

A arborização das cidades é algo fundamental no combate às mudanças climáticas. Segundo ranking do Tree City of the World, das 210 cidades reconhecidas no mundo, 34 são do Brasil. No estado de São Paulo, 11 cidades foram ranqueadas, dentre elas São Carlos, Ribeirão Preto e Mogi-Mirim. Campinas já foi ranqueada em anos anteriores, e a ajuda dos moradores foi essencial para atingir essa meta. Elisabeth Particelli, 56, mora no bairro Santa Genebra e junto com seu marido cultiva o hábito de plantar árvores há mais de 25 anos.

A iniciativa de plantar árvores partiu de Luis Antônio, e os dois acreditam já ter plantado mais de 20 mudas no bairro ao longo de duas décadas.

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“Não lembro quando começamos a plantar árvores. Mas sempre foi por gostarmos da natureza, de ver as grandes copas e suas sombras, e por saber que no futuro, provavelmente, não teremos mais se não fizermos nossa parte agora”

Elisabeth Particelli

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Luís Antônio sempre incentivou a família a plantar árvores e cuidar da natureza (Foto: Maria Luisa Faustino)

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O casal costuma plantar árvores frutíferas e de grande porte numa área de conservação no final da rua onde moram. Essa ação motivou outros moradores a criarem esse hábito, contribuindo para o aumento de vegetação na região. Atualmente a Mata de Santa Genebra é considerada a maior floresta urbana da RMC (Região Metropolitana de Campinas), com mais de 250 hectares de Mata Atlântica.

Segundo um estudo feito por pesquisadores da PUC-Campinas e da Fundação José Pedro de Oliveira, a Mata de Santa Genebra pode registrar temperaturas de até 8°C mais frias do que a área urbana de Campinas. Isso acontece devido à grande quantidade de árvores, que ajudam a refrescar o ambiente e melhoram a qualidade do ar, ao filtrar poluentes e aumentar a concentração de oxigênio. Para garantir a conservação, a mata é monitorada, com medidas voltadas à prevenção de incêndios.

Para Fernando Lima, engenheiro florestal e especialista em Gestão Ambiental e Ordenamento Territorial, o reflorestamento e a arborização urbana são estratégias fundamentais para enfrentar os efeitos das mudanças climáticas.

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“A restauração florestal dos biomas ocorre hoje em todos os países do mundo e é uma das estratégias mais importantes para voltarmos a ter um equilíbrio ecológico que possa nos livrar da ameaça do efeito estufa”

Engenheiro Florestal Fernando Lima

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Segundo o especialista, o aumento do calor está ligado principalmente ao desmatamento e a substituição das florestas por áreas com apenas um tipo de plantação, a prática é conhecida como monocultura. Essa mudança afeta a umidade do ar, interfere no ciclo da chuva e favorece o aumento de incêndios.

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Tamanho da Mata de Santa Genebra

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Benefícios da arborização
Arborização é o processo de planejar, plantar e cuidar das árvores em áreas urbanas, com o objetivo de melhorar a qualidade ambiental. Eduardo Funari, Engenheiro Agrônomo especializado em Gestão Ambiental, destaca que as árvores são benéficas de diversas formas no ambiente urbano, contribuindo não apenas para a qualidade de vida da população, mas também para o equilíbrio ambiental. São responsáveis por abrigar e alimentar diversas espécies, ajudando a manter e estimular o aumento da fauna local, além de reduzir as temperaturas nas regiões arborizadas, proporcionando um maior conforto térmico à população.

Outro benefício é que a copa das árvores servem como barreiras naturais contra o impacto das chuvas, protegendo o solo, facilitando a absorção da água e diminuindo a velocidade com que ela escoa para bueiros e rios. As árvores também valorizam a estética dos espaços urbanos, contribuindo para um equilíbrio visual e reforçando uma conexão saudável entre as pessoas e a natureza.

Dados da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente, mostram que 54,5% das cidades do estado de São Paulo possuem até 15% de área verde, referente a vegetação nativa, as metrópoles regionais, Campinas e Ribeirão Preto, são algumas dessas cidades. A cidade de São Carlos tem uma média de 22% coberto por área verde, se equiparando a média estadual, que é de 22,9%.

A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda que as cidades tenham ao menos uma árvore por habitante e a cidade de Araraquara é uma das que mais se aproximam disso. Segundo levantamento feito pelo Departamento de Ciências Florestais da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq), ligada à USP (Universidade de São Paulo), Araraquara contém cerca de 170 mil árvores para 252.318 habitantes.

Responsabilidade ambiental

Becca Lorenzetti é ativista ambiental e luta pela causa na região de Campinas (Foto: Bianca de Freitas)

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Com os impactos das mudanças climáticas cada vez mais presentes no dia a dia, surge a necessidade de adotar posturas mais sustentáveis. Além de cobrar ações do poder público, é fundamental que cada pessoa cumpra sua parte no cuidado com o meio ambiente.>

Becca Lorenzetti, formada em Controle Ambiental pela Unicamp, conselheira de pauta ambiental na Assembleia Legislativa de São Paulo e ativista em ONGs de Campinas, destaca que pequenas atitudes cotidianas fazem a diferença no combate às mudanças climáticas. Evitar o consumo de plásticos, como copos e canudos, e repensar os hábitos de consumo são passos fundamentais. Além disso, Becca ressalta a importância de se informar sobre questões ambientais para consumir de forma mais consciente e cobrar as autoridades.

Participar ativamente do cuidado da natureza começa com pequenas ações, como economizar água e energia, reciclar o lixo e priorizar marcas sustentáveis, mas vai muito além disso. Envolver-se com iniciativas locais é uma forma de cuidado com o meio ambiente, e inclui mutirões de limpeza urbana e plantio de árvores, apoio a ONGs ambientais e compartilhamento de informações confiáveis sobre o tema nas redes sociais. Essas ações ajudam na construção de uma cultura de responsabilidade ambiental.

O filho mais velho de Luís Antônio e Elisabeth é fruto de uma cultura de responsabilidade ambiental familiar, que foi desenvolvida ao longo dos anos. Lucas Particelli, 25, cresceu em um ambiente onde o cuidado com a natureza sempre fez parte da rotina. Desde pequeno, era incentivado pelos pais a plantar árvores, regar as mudas e participar de ações voltadas para o meio ambiente. “Sempre me senti útil fazendo isso”, conta.

Os filhos do casal acompanharam o crescimento de árvores que plantaram ainda na infância, experiência que junto com a escola, contribuiu para criar uma conscientização e respeito com o meio ambiente. Para ele, viver em um bairro arborizado, com muito verde e arejado, reforça o quanto esses cuidados melhoram a qualidade de vida.

Promover uma cultura de responsabilidade ambiental é essencial para enfrentar os desafios gerados pelas mudanças climáticas. Essa cultura estimula escolhas mais sustentáveis, reduz o desperdício e incentiva a preservação do meio ambiente, além de transformar o comportamento da sociedade. Quanto mais enraizado esse cuidado estiver na cultura e no cotidiano das pessoas, maior será a transformação no meio ambiente.

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S.O.S Mudanças Climáticas____________________________________________________________

S.O.S Mudanças Climáticas é um projeto multimídia do acidade on, em parceria com professores e alunos da Faculdade de Jornalismo e Curso de Mídias Digitais da PUC-Campinas. Os conteúdos buscam explicar como as mudanças climáticas afetam o cotidiano das pessoas no interior de São Paulo e têm como propósito ajudá-las a se preparar melhor para enfrentar essa crise.
Esta matéria foi feita pelos alunos da Faculdade de Jornalismo da PUC-Campinas: Julia Sabatin do Carmo, Gabriela Moda Battagini, Julia Domingues de Araújo, Maria Luísa Particelli Faustino, Bianca de Freitas Silva e Ana Beatriz Morales Galiano, com apoio dos alunos do Curso de Mídias Digitais: Daniel Targino, Marília Ditolla, Maurício Jr, Victória Gaulke e Vitor Melo, para o componente curricular do Projeto Integrador, sob supervisão da professora Amanda Artioli e edição de Leonardo Oliveira.

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Orientação: Amanda Artioli

Edição: Giovanni Feltrin


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Digitais é um produto laboratorial da Faculdade de Jornalismo da PUC-Campinas, com publicações desenvolvidas pelos alunos nas disciplinas práticas e nos projetos experimentais para a conclusão do curso. Alunos monitores/editores de agosto a setembro de 2023: Bianca Campos Bernardes / Daniel Ribeiro dos Santos / Gabriela Fernandes Cardoso Lamas / Gabriela Moda Battaglini / Giovana Sottero / Isabela Ribeiro de Meletti / Marina de Andrade Favaro / Melyssa Kell Sousa Barbosa / Murilo Araujo Sacardi / Théo Miranda de Lima Professores responsáveis: Carlos Gilberto Roldão, Carlos A. Zanotti e Rosemary Bars.