Reportagens
Mudanças climáticas nessa estação afetam principalmente crianças e idosos, com incidências de crises alérgicas
Por Pietra Mesquita
A variabilidade climática impacta cada vez mais o cotidiano, ainda mais com as recentes ondas de calor e de frio, que geram um desequilíbrio na saúde. Essas oscilações prejudicam as vias aéreas e os pulmões, engatilhando também crises alérgicas para pessoas com pré-disposição. O método eficaz para ter resistência está no tratamento preventivo, para manter o corpo fortalecido e preparado para as oscilações da temperatura.

O meteorologista Bruno Bainy, integrante da Cepagri da Unicamp, explica que os fenômenos da natureza impactam diretamente na vida do cidadão, principalmente idosos e crianças. “Através de observações e estudos gerais ao longo dos anos, foram notados ciclos e padrões no clima, fazendo com que as previsões fossem apresentadas e levadas em conta continuamente pelas pessoas, facilitando a organização da vida humana”, explica.
Acompanhar a variabilidade do clima tornou-se rotineiro na vida de muitos, mas de acordo com os estudiosos, justamente pelas incontáveis mudanças climáticas, o ser humano cai no chamado efeito memória. Bainy exemplifica que , quando dias de frio repentinos chegam, em meio ao calor, por exemplo, parece que nunca havia acontecido isso antes, ou se sim, há muito tempo atrás. Assim, aparenta que as temperaturas estão cada vez mais desequilibradas, no entanto não é o que acontece. “O segundo semestre do ano de 2023 no Brasil é marcado pelos intensos dias de calor, mas em 2020 e 2021 tivemos ondas de calor muito fortes, alcançando as mesmas temperaturas atuais”, sustenta. Segundo ele, a memória das pessoas é influenciada pelo que elas estão passando naquele momento, “e esquecem o que veio antes e o que virá depois”.

Mesmo que as pessoas se apeguem na temperatura do momento, a variabilidade climática de fato está acontecendo. No entanto, Bruno Bainy ressalta que esse movimento está se intensificando, mas é a longo prazo. Ou seja, as viradas no tempo que ocorrem esporadicamente e não são algo novo no clima brasileiro. “Estamos sentindo com mais frequência, devido as alterações e os fenômenos climáticos, como o El Ninõ e La Ninã”, exemplifica.
A presença desses fenômenos climáticos, sustenta, acaba mudando os padrões do clima e podem reforçar as sensações de diferentes climas. “Mas essas variabilidades são diferentes das mudanças climáticas, que são os processos mais definitivos (sair de um regime climático e ir para outro regime). Essa variabilidade climática altera temporariamente (alguns meses ou um ano e pouquinho) as características climáticas de algumas regiões do mundo, causando novas percepções e alterações na saúde, como as crises alérgicas”, completa o meteorologista.

Outra observação do especialista é que as mudanças atmosféricas não se restringem apenas a temperatura ou umidade do ar já que as estações do ano também trazem mudanças, como a polinização, proliferação de fungos, transmissão de vírus e dissipação de poluentes, que causam consequências no bem-estar comum.
Baixa na imunidade
Em um levantamento de dados feito com alunos da PUC-Campinas, em outubro desse ano, seis a cada dez estudantes disseram sofrer com as quedas de temperatura repentinas. Com a baixa da temperatura, a umidade do ar tende a aumentar, ocasionando o cenário perfeito de frio e baixa qualidade do ar para a saúde respiratória. Gabriella Mokarzel, estudante de Relações Públicas, relata que, com qualquer mudança do tempo, já começa a espirrar e ter coriza no nariz. “No dia seguinte da mudança de tempo eu já começo a sentir os sintomas, que duram em torno de umas duas semanas, se o clima continuar instável”, conta a estudante.
O médico João Carlos de Jesus, pneumologista do Hospital Vera Cruz de Campinas, disserta sobre como nossas vias áreas e pulmões sofrem com a oscilação de temperatura e umidade do ar. “As pessoas se queixam ao perceberem sinais de tosse, espirros, falta de olfato, rouquidão, falta de ar e rendimento para atividade física, pois quando estas queixas estão presentes é possível que haja uma doença respiratória em evolução. As alterações extremas dos climas são os principais gatilhos, cada vez mais comuns”, comenta.
Segundo ele, as oscilações pontuais da temperatura podem levar a danos da mucosa respiratória que facilitam a infecções, principalmente naqueles que já têm alguma inflamação crônica em vias aéreas, mas que também podem ocorrer em pessoas higidas, como sinusite ou pneumonia.
Tratamento preventivo
Nesse cenário de tratamentos, o menino Otávio, de apenas 4 anos, teve a saúde recuperada pelas medidas preventivas direcionadas pela alergologista. Há dois anos, ele começou a ter falta de ar e tosse seca. “O pulmão acabava ficando afundado, então combatemos aquela crise, e desde então fazemos tratamento preventivo para o fortalecimento do pulmão, justamente para evitar incidências e se tiver uma nova crise, o corpo já está preparado e mais forte para combater”, conta a mãe Andreia Camargo.

Ela ainda comenta que, quando o tempo fica mais fresco, mais úmido, o menino tem menos incidência do que quando está muito seco, falta chuva, e a rinite ataca mais.
“A maioria das crianças tendem a piorar no inverno, por isso recomendo aos pais que as levem-no início do outono para avaliação médica. Em geral, para a proteção em momentos de baixas temperaturas, deve-se manter boa hidratação ao longo do dia entre dois litros e meio a três litros de água, e também evitar exercícios extenuantes ao ar livre, no período de extremos de temperatura ou baixa umidade do ar”, completa Dr. João Carlos de Jesus.
O médico ainda faz recomendações para que as pessoas que têm problemas respiratórios como rinites, sinusites, asma ou enfisema pulmonar, é manter tratamento médico regular “para ter controle das alterações crônicas”.
Orientação: Profa. Rose Bars
Edição: Théo Miranda
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