Cultura & Espetáculos
Karen Ferreira e Brenda Diniz estiveram entre as 90 apresentações focadas em divulgar e romper preconceitos
Por: Amanda Poiati
A popularização do pole dance e dos aéreos foi o enfoque do primeiro festival campineiro, realizado no último sábado (21), no CIS Guanabara em Campinas. Durante o evento, ao qual compareceram pelo menos 2 mil pessoas, segundo estimativa dos organizadores, foram apresentadas 90 atrações nas modalidades lira acrobática, tecido e categorias de pole dance.
Bruna Amanda, 30 anos, idealizadora do evento, disse que o objetivo do festival foi levar o público a conhecer e praticar esse estilo de dança, pois o pole e os aéreos são vistos com pouca credibilidade e muito preconceito. “O pessoal vem ver os aéreos e conhece o pole e vice-versa, começam a tirar os paradigmas e isso tem que ser trabalhado para sermos mais livres com os corpos e a questão da sexualização. Se parar de julgar, já será um bom começo”, afirmou.
O pole dance conta com diversas categorias, entre elas o pole arte, que permite figuração e desenvolvimento de histórias durante a dança. Já o pole sport é usado como o exercício físico mais fit, havendo também o pole exotic, que são as apresentações sensuais.
Karen Ferreira, de 25 anos, teve sua primeira apresentação pública durante o festival, na tentativa de perder o receio e se aventurar mais. “É minha primeira vez me apresentando e assistindo. Pratico o sensual há quase 1 ano e não pretendo largar, talvez até trabalhar com isso. Eu realmente acho que é uma categoria de esporte, mas para mim o pole se enquadra em muita coisa, serve até para perder a timidez e alguns medos”, disse.
A campeã latino-americana Karen Bellini, de 44 anos, pratica o pole na categoria sport há quase 20 anos e está confiante de que a modalidade possa até entrar nas Olimpíadas, embora reconheça ser um processo longo. “Seria mais fácil o pole sport entrar dentro da ginástica do que entrar como uma nova categoria. O nosso sonho é que seja um esporte olímpico mas, até o comitê aprovar, infelizmente não vai pegar minha geração.”
O pole dance é muito usado como principal fonte de renda de diversos artistas, seja dando aula ou competindo. O artista que se identifica como Renas, campeão brasileiro de 37 anos, é um dos que vivem da profissão.
“Pratico pole há quase 14 anos e não é fácil. Mas, comparado com outras profissões, a gente consegue se manter. Claro que o fato de eu ser campeão, e adquirir um pódio, foi uma porta de entrada para me conhecerem e confiar em mim como profissional e professor. Mas tem o lado que é uma dança elitizada e ainda existe o preconceito da galera que não espera ver um homem praticando algo sensual e usando salto.”
Além do pole dance, foram apresentados os aéreos, onde se encaixam a lira acrobática e o tecido, que é uma modalidade acrobática que foi trazida do circo e mistura força e beleza.
“Eu sou atriz e busco trabalhar o tecido fora do circo. É o tecido com a palhaçaria. Faço um truque que pode ser fácil ou difícil de executar, mas não importa, porque o público está vendo a história que eu estou contando. É uma coisa que ainda não é tão utilizada na região, truques e manobras com cenas e textos”, descreveu Brenda Diniz, de 29 anos, que se apresentou nesta modalidade.
A lira acrobática também é um aparelho circense, que possibilita diversas acrobacias e requer muito da força corporal e flexibilidade. Marília Mendonça, de 34 anos, lembra que a modalidade não é tão popular quanto o tecido, na qual há mais facilidade e é um pouco mais lúdico.
“A lira precisa de mais técnica e dói quando se começa a praticar. E ainda tem a questão da procura ser mais feminina porque vivemos numa sociedade onde as modalidades artísticas, que exigem exposição, leveza e delicadeza são muito procuradas por mulheres”, disse Marília, há 20 anos nesta modalidade.
A fisioterapeuta Rachel Ciccone, de 38 anos, que assistiu boa parte das apresentações, disse ter gostado da estruturação do evento. “É importante para que as pessoas entendam e eliminem a ideia de que o pole é exclusivamente erótico, pois não o veem como um esporte e arte. Faço aula de pole dance há um ano para movimentar meu corpo, trabalhar musculatura, flexibilidade e amplitude de movimento. Quero ir me superando dentro dos movimentos, fazer para mim mesma”, afirmou.
Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti
Edição: Isabela Meletti
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