Destaque
Neoliberalismo dá o tom da cobertura, criando um modelo focado no mercado de capitais e no ponto de vista empresarial
Por: Enzo Urnhani, Gabriel Lisboa, Guilherme Volpon, Lucca Panzarini e Willian Giorgiano
A partir da entrada do Brasil no mundo da circulação dos grandes capitais na década de 1990, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, e a ativa inserção no mercado de capitais, o jornalismo começou a olhar para um novo foco em seus noticiários. Com a visão para o mercado de ações e a bolsa de valores, o jornalismo econômico começou a estampar as principais capas dos jornais, além da criação de editorias próprias.
Viajando um pouco no tempo e olhando para a cobertura dos dias atuais, podemos perceber, assim como na política e no esporte, focos diferentes entre as coberturas do tema. Para o economista Carlos Augusto, o principal problema estaria relacionado ao viés político de cada jornal, que determinam o seu foco de acordo com suas “crenças” e assim contribuem para que a população tenha um lado parcial do que está acontecendo.
Além disso, Carlos ainda alerta sobre o sensacionalismo nas matérias. Por meio de títulos que chamam muita atenção, o leitor menos interessado no assunto não vai ler a matéria e assim não consegue compreender o real motivo do acontecimento.
Já Victor Marques, colunista da ISTOÉ Dinheiro, afirma que o jornalismo econômico no país “saiu do palco” do jornalismo e acabou virando um braço das grandes empresas por meio de patrocínio. O repórter ainda afirma que em muitos casos, os jornalistas que escrevem sobre o assunto, não possuem o total entendimento sobre o tema.

Assim como Carlos Augusto, o colunista novamente fala sobre a parcialidade no jornalismo econômico, já que as editorias vão de acordo com as empresas e bancos que investem dinheiro diretamente nelas, perdendo assim, a força jornalística.
Indo ao encontro com o que é dito por Augusto e Marques, o economista Fabrício Pessoto, destaca a predominância da ideologia neoliberal no jornalismo econômico. Ele explica que, na década de 1960, os Estados Unidos haviam gastado grande parte do dinheiro público em guerras, fazendo com que a inflação afetasse o mundo inteiro. Com isso, e endossado por discursos políticos da época, o monetarismo ganhou força. Nessa vertente de pensamento, os economistas compartilham da ideia de que gastar dinheiro público afeta diretamente a inflação, fazendo com que vários programas sociais fossem cortados em diversos países.
Essa ideia chegou no Brasil no final dos anos 1980, quando o país sofria com uma inflação altíssima. Na visão de Pessoto, esse discurso é compartilhado pela imprensa desde então. Na visão do economista, essa ideia de que o poder público não pode utilizar o dinheiro do país faz com que apenas uma parcela da sociedade, a mais privilegiada, usufrua dos gastos do governo.
Orientação: Prof. Artur Araújo
Edição: Suelen Biason
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