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Jambeiro vira laboratório para desenhistas urbanos

O farmacêutico Fernando Kruger se reúne todo mês com grupo para captar traços da cidade

Por: Sophia Ribeiro

O farmacêutico mestre em hematologia Fernando Kruger, de 56 anos, se encantou pelo mundo dos desenhos desde a infância. Foi a partir do desejo de expressar os sentimentos em forma de arte que ele foi ao encontro de um grupo de desenhistas urbanos que surgiu em 2018, na cidade de Campinas.

O farmacêutico Fernando: “Comecei com o objetivo de mudar a ideia de espaço público como algo banalizado, sem história e sem vida” (Foto: Sophia Ribeiro)

Seu primeiro contato com o grupo foi através do caderno cultural do jornal “Correio Popular”, a partir de quando começou a participar das atividades do coletivo em janeiro de 2023. Para ele, os encontros do grupo são muito interessantes e livres, podendo explorar e expressar a arte do seu jeito e adquirindo conhecimento junto a colegas que participam com ele.

O grupo ao qual se juntou o farmacêutico Kruger desenvolve uma atividade artística conhecida por Urban Sketchers, que são os desenhistas de paisagens urbanas, criado em 2018 pela arquiteta Fernanda Bonon. O interesse dela para com o mundo dos desenhos surgiu através do Instagram de Eduardo Bajzek, que começou o movimento Urban Sketchers no Brasil.

“Comecei o grupo em 2018, com o objetivo de mudar a ideia de espaço público como algo banalizado, sem história e sem vida, reconhecendo os locais como algo dotado de valores, de memória coletiva e de vivência, sendo, assim, o desenho, uma ferramenta essencial”, disse Fernanda ao explicar o funcionamento do grupo.

Os encontros são realizados mensalmente, sempre no primeiro domingo do mês, das 10h às 12h. O local definido para desenvolverem seus trabalhos é divulgado no Instagram oficial do projeto (@uskcampinas) para quem se interessar em participar. O encontro é aberto para qualquer público. O grupo conta com cerca de 20 integrantes, que se conectam através das redes sociais.

Carolina: “Desenhar é um jeito de representar meu olhar sobre o mundo e conseguir entender melhor os espaços” (Foto: Sophia Ribeiro)

Os desenhistas se encontram no local combinado, conversam um pouco sobre a área a ser explorada no início e buscam rascunhar de maneira individual o ambiente. Já no final, se reúnem para compartilhar os desenhos e debater como foi o processo. Qualquer pessoa, com ou sem experiência de desenho, pode participar. “É preciso apenas se conectar com o local a ser desenhado e se expressar de maneira livre e única”, pondera Fernanda.

No último encontro, o grupo se reuniu no Casarão Jambeiro, onde os desenhistas utilizaram como inspiração todo o cenário envolvendo a natureza, as pichações, o prédio em ruínas e o que está em volta. Tudo que está presente ali serve como uma inspiração forte da arte, despertando os olhares mais minuciosos e de diferentes formas, pondera Fernanda.

Em seus desenhos, o farmacêutico Kruger buscou representações que partem dos seus sentimentos. Ele disse observar além do que está presente, valorizando o que constrói a história atualmente e confiando na sua intuição para criar um cenário que acredita ser o que foi. Em seus materiais, sempre está presente o grafite, caneta tipo nanquim e lápis de cor. 

A natureza tomando conta é para ele algo que valoriza o ambiente, sendo a sua maior referência da arte. “Meu estilo de desenho é naif ou primitivismo, onde procuro expressar os sentimentos e intuição captados do local”, afirma o farmacêutico.

Carolina Carneiro, de 20 anos, é outra das participantes, cursando atualmente o quinto semestre de Arquitetura e Urbanismo na Puc-Campinas. Ela diz ter sempre se interessado por desenhos, mas ao optar pelo curso de arquitetura se aprofundou ainda mais, já que ainda existe uma caminho a trilhar dentro da sua carreira na arte.

“Desenhar é um jeito de representar meu olhar sobre o mundo e conseguir entender melhor os espaços”, disse Carolina. Seu primeiro contato com o grupo foi no final de 2021. Para ela, os encontros são um jeito de conhecer novos lugares de Campinas e interagir com outros artistas da região, aprendendo e trocando ideias.

O trabalho de Carolina foi uma forma de representar uma parte da fachada do prédio, mas também demonstrar que o edifício está em ruínas, reforçando algumas das pichações que ainda estão em destaque em meio a tanta natureza e dando ênfase ao muro de arrimo em pedra, que contorna o prédio. Seu estilo de desenho é muito focado no grafite. Desta maneira, a jovem consegue trabalhar com as possibilidades em diferentes gramaturas com o lápis.

O casarão que foi sede da antiga Fazenda Jambeiro, de Campinas, data de 1897 e já passou por diversas famílias. Hoje em ruínas, está tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc), desde 1993.

A promessa era de que a propriedade passasse por reformas e fosse reconstruída. O local se tornou vítima das ações do tempo e as pichações ao seu redor representam a indignação da população com o seu descuido.

Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti

Edição: Melyssa Kell


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