Consumo

Fast fashion ou sustentabilidade é dilema entre jovens

Para a jornalista Raissa Zogbi, as fast fashion têm como estratégia criar uma moda rápida baseada nas grandes marcas de luxo

Por: Sofia Furtado

O conceito de moda sustentável, também chamado de moda mais sustentável pelos especialistas, tem sido bastante mencionado pelos jovens e está se popularizando cada vez mais. No entanto, as lojas fast fashion, que prezam por uma rápida e grande produção, têm se mantido no topo da cadeia de consumo e representam a maior parte do lucro no mundo da moda. Diante dessa contradição, jovens dividem opiniões na hora de consumir suas peças de roupas e optam por diferentes caminhos, sejam eles em prol da moda sustentável ou das lojas fast fashion.

A estudante de artes visuais Livia Vansan, de 20 anos, consome suas roupas em lojas fast fashion desde a infância. Para ela, o preço é um dos principais atrativos dessa forma de consumo e o principal motivo pelo qual acredita que seja tão popular: “Para a minha condição financeira, as lojas fast fashion se tornaram um meio muito vantajoso para adquirir minhas roupas, além de terem uma grande variedade de estilos e estarem sempre fiéis às tendências”.

Para a jornalista pós-graduanda em moda, Raissa Zogbi, de 28 anos, um dos principais objetivos dessas lojas é a rápida produção e a comercialização das principais tendências do mercado: “As fast fashion têm como estratégia criar uma moda rápida baseada na moda de grandes marcas de luxo e buscar aquilo que é visto nos desfiles das grandes marcas”. Segundo ela, o surgimento desse conceito se deu na década de 90, porém, desde a década de 1970, a estratégia já esteve presente no comércio. “As fast fashion buscam trazer muitas coleções em um mesmo ano, o que antes era baseado na sazonalidade, atendendo a um consumidor que está à procura de novidades e peças diferentes”, afirmou a jornalista.

A estudante Livia Vansan afirma que tem vontade de aplicar o conceito de moda mais sustentável, mas em sua região enfrenta dificuldades para encontrar brechós com roupas de seu agrado. Ela sabe dos impactos negativos das fast fashion, como o trabalho infantil e análogo à escravidão.

"Dentro da moda, nós dizemos 'moda + sustentável' ou 'moda consciente', porque falar em moda sustentável é como se o processo todo fosse sustentável, o que hoje ainda é um desafio muito grande", afirma Raíssa (foto: acervo pessoal).

Quanto a esses impactos, Raíssa diz que a sustentabilidade envolve três aspectos: o ambiental, referente à poluição e ao descarte rápido das roupas, o social, referente às condições de trabalho dos funcionários, e o econômico, que diz respeito ao retorno financeiro do consumo das peças. “Devido à sua produção muito veloz e seu rápido consumo, as fast fashion contribuem para uma visão de moda descartável, gerando dessa forma o descarte de muito mais resíduos”, diz a jornalista.

Devido a estas questões, a estudante de artes visuais Gabriela Giordano, 20 anos, passou a consumir em brechós e confecciona suas próprias roupas desde 2019. A estudante sempre se interessou pela área da moda e começou a produzir suas peças por interesse em roupas diferentes, e afirma que há muito tempo não consome uma peça de uma loja fast fashion por ter se encontrado na moda sustentável. “Para mim, a maior vantagem de consumir em brechós é a possibilidade de trocar peças que não uso mais por novas roupas e a segunda é a redução do impacto ambiental, já que a indústria da moda é muito poluente”, afirmou.

Gabriela Giordano com sua blusa confeccionada em casa com sua máquina de costura (foto: acervo pessoal).

O conceito de moda mais sustentável ainda está se disseminando entre os consumidores, mas ainda está distante de ser uma primeira opção. Raíssa diz que os brechós ainda não fazem parte da cultura do Brasil, ao contrário do que é observado em países da Europa, e, portanto, a desconstrução dos tabus sobre esse tipo de consumo deve ser quebrada em nosso país. “Competir com as fast fashion ainda é um cenário ilusório, pois elas lideram em todo o mundo e possuem um posicionamento de marketing muito forte, mas com a popularização recente dos brechós, devemos torcer para que essa nova forma de consumo se popularize ainda mais”, concluiu.

Edição e orientação: Prof. Artur Araujo


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