Cultura & Espetáculos

Show vai celebrar o empoderamento e a força feminina

Dez cantoras de Limeira se apresentam nesta quarta-feira, 8, em homenagem ao Dia Internacional da Mulher 

Por: Carolina Felski 

Edição do ano de 2022 do evento Um Show de Mulher (Foto: Adilson Silveira)

A música Espumas ao Vento, gravada por Fagner, vai receber um novo arranjo na versão tango na voz de Raquel Pavanelli, uma das dez cantoras que vão se apresentar às 20h desta quarta-feira (8) no festival Um Show de Mulher, no Teatro Vitória, no centro de Limeira. A promoção é da Prefeitura da cidade e busca prestar homenagem ao Dia Internacional da Mulher. 

O evento tem o objetivo de “incentivar os talentos da música da cidade, além de valorizar a presença das mulheres no cenário musical”, disse a chefe de atendimento de produção de artes visuais de Limeira, Ariane Martins. 

Raquel Pavanelli em apresentação com castanholas (Foto: Arquivo pessoal) 

A cantora Raquel Pavanelli conta que seu envolvimento com a música aconteceu através de sua família, uma vez que, na casa de sua avó, Nair Pavanelli, havia piano, sanfona, violino e rodas de música a todo momento.  

Ela começou a cantar profissionalmente aos 38 anos em um festival da região, e passou a ter na música como uma segunda profissão, já que ela também trabalha como assistente-administrativa em locais como o Cantinho do Vovô, uma casa de repouso em Limeira.  

“Aos finais de semana, eu canto MPB com a banda Rosa Mística e samba raiz com a banda Eu Sou o Samba, um projeto que eu mesma criei”, diz. “É uma batalha estar dentro da música e não viver dela inteiramente, mas ela não pode deixar de estar presente na minha vida, porque me traz alegria”. 

Ao falar sobre a apresentação nesta quarta, Raquel afirma que o show é necessário para dá voz às mulheres. “Tempos atrás, não poderíamos estar fazendo isso. Já adulta, soube que a minha avó levou a minha mãe para se inscrever em um festival de música da Rádio Nacional, em São Paulo. Ela passou, mas o meu avô não a deixou participar, porque a mulher cantora não era bem-vista naquela época”, conta.  

“É uma honra estar selecionada entre as dez cantoras. Eu sou muito grata por poder estar lá. Ter sido escolhida é saber que as pessoas têm respeito por mim e pelo meu trabalho, e acham que eu mereço estar lá”, afirma. 

Outra música a ser apresentada durante a noite é Man! I Feel Like a Woman, de Shania Twain. A escolha é da cantora Paula Piran, que considera vozes como a de Shania e Tina Turner exemplos de “empoderamento e força feminina”. 

Paula Piran canta em cerimônia de casamento (Foto: Arquivo pessoal) 

Paula iniciou carreira musical aos 16 anos, cantando em bares da cidade. Logo após ingressar no curso de Música da Faculdade Adventista, em Engenheiro Coelho, entrou como vocalista na Banda Pandemya, e passou a fazer shows na região. 

“A música é uma paixão de família. A minha casa sempre foi muito musical, porque o meu pai é violeiro e cantor, e a minha mãe sempre me acordava e às minhas irmãs cantando”, relata. 

Piran conta que ficou na Banda Pandemya até os 22 anos, quando a rotina de aulas da pós-graduação em Artes Visuais e shows aos finais de semana começou a ficar cansativa. Com isso, passou a dar aulas de arte em escolas da cidade, até 2019. Hoje, é vice-diretora de uma escola em Limeira e vocalista da banda Baú das Cores, que se apresenta em casamentos da região. “Me dividir entre estes dois trabalhos é complicado por conta dos horários, mas mesmo no futuro eu me vejo fazendo as duas coisas”, diz.  

A cantora, que já participou de outros festivais no Teatro Vitória, considera a música e o palco uma terapia. “É o mundo que eu crio e interpreto. Eu tenho paixão pelo palco do Teatro, toda oportunidade que surge de cantar lá, eu me inscrevo. É um sentimento único”, conta.  

Paula considera o evento de extrema importância, porque “faz com que as pessoas tenham contato com a arte e entendam a importância de estarem em um ambiente que prestigia a música e as mulheres”. 

A força e a memória de Gal Costa também estarão presentes no festival. A canção Dê um role, lançada por Gal em 1971, será performada pela cantora Juliana Guerrero (39), que pretende “mexer com a questão do feminismo para dar um recado às mulheres”. 

Juliana Guerrero em apresentação anterior no Teatro Vitória (Foto: Arquivo pessoal) 

A cantora revela que a música entrou em sua vida quando ela era pequena. “Eu brincava muito com as bonecas Barbie, e a minha era cantora, ela se apresentava”, ri ao contar. “Eu sempre soube que trabalharia com isso”, diz. 

Formada em Publicidade e Propaganda, Guerrero conta que teve a sua primeira banda, a Chilli n Blue, na juventude. “A gente tocava rock e blues em bares e eventos aqui na região”, afirma. Quando iniciou a faculdade e passou a trabalhar em multinacionais e agências, Juliana entrou para a banda Quinta Estação, que realizava shows em eventos particulares, e ficou com eles por sete anos. 

Em 2012, ela decidiu encerrar o seu trabalho na área da publicidade e abriu o seu próprio negócio, o July Guerrero Celebrações, ao lado do marido, Nicolas Rossi – que toca violão e guitarra semiacústica. Até hoje, os dois fazem apresentações em casamentos, aniversários e formaturas.  

Ainda em 2012, sua vida deu mais uma grande virada. Na mesma época em que abriu o seu negócio, Juliana entrou para uma companhia de circo, o Espetáculo do Casuo. Porém, um dia depois de ter passado no teste da companhia, Juliana descobriu que estava grávida de sua primogênita, Nina.  

Mesmo grávida, Juliana acompanhou o circo em viagens no país todo. Ela era cantora na banda da companhia, e ficou com eles por quatro anos. “Eu saí do Espetáculo quando engravidei do meu segundo filho porque não conseguia mais conciliar a agenda do circo com as apresentações ao lado do meu marido”, relata.  

“Ser mãe foi o que me fez acreditar em mim mesma. Eu era muito infeliz nos outros trabalhos, vivia doente e estressada. O que eu sempre quis foi mostrar para a Nina que eu sou feliz fazendo isso, e que ela é capaz de fazer o que quiser também”, afirma. 

Assim como Juliana, as cantoras Raquel Pavanelli e Paula Piran mostram que se sentem honradas em estarem representando a luta das mulheres com o que elas têm de melhor, que é a voz.  

Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti 

Edição: Marina Fávaro


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