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Dia 08/01 pode compreender a luta de classes no Brasil

Observação é do professor Glauco Barsalini em debate promovido pela Faculdade de Jornalismo, com a presença de jornalistas 

Por: Marina Fávaro

Os alunos da Faculdade de Jornalismo da PUC-Campinas conheceram, na manhã de hoje, os bastidores da cobertura jornalística realizada pelo The Intercept Brasil sobre o dia 08 de janeiro, que foi marcado pela invasão e depredação das sedes dos Três Poderes e pela representação material do fanatismo ideológico potencializado pelas fake News. O relato foi feito pelo jornalista Guilherme Mazieiro, ex-aluno da PUC-Campinas, hoje repórter da agência que fica em Brasília. Além dele, o professor da Faculdade de Ciências Sociais da PUC-Campinas Glauco Barsalini, também na mesa debate, disse que a data representa, sobretudo, a luta de classes. “Se fosse o MST [Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra], se fosse o MTST [Movimento dos Trabalhadores Sem Teto] ou se fosse o movimento sindical que invadisse a praça e os prédios dos Três Poderes, haveria resistência ou não haveria resistência da polícia e das forças armadas?”, questionou o professor.  

Helio Paschoal: “Na internet se você não tem o cuidado de checar as informações, você acaba regredindo ao invés de avançar” (Foto: Daniel Ribeiro)  

O jornalista Helio Paschoal, do Diário Campineiro, afirmou que as fake News representam a versão moderna de um sistema que existe desde o tempo das cavernas. “A diferença é que hoje nós temos meios que promovem a divulgação das fake News de modo rápido e veloz”, afirmou o jornalista também formado pela PUC-Campinas. Para ele, as ações do dia 8 “são fruto de uma série de manipulações de informações que foram divulgadas principalmente por simpatizantes do governo Bolsonaro”. O jornalista ainda ressaltou que independente dos vieses é importante que as informações sejam veiculadas conforme a sua factualidade, ou seja, distanciando-se de abordagens tendenciosas. Essa atitude é fundamental porque “nós [jornalistas] somos a última trincheira”.  

A mesa de debate foi realizada na manhã desta quarta-feira (1), com objetivo de discutir a temática “Ameaça à democracia: o papel do jornalismo frente às fake News”, observando o papel do jornalismo em meio a situação política vivenciada pelo Brasil no dia 08 de janeiro.  

Formado em Jornalismo pela PUC-Campinas, Guilherme Mazieiro afirmou que falar sobre fake News é fundamental para que a sociedade compreenda o papel do jornalismo na atualidade. Nas palavras dele, “fake news não é simplesmente uma mentira. Ela é uma estrutura ampla e o seu uso corresponde a uma disseminação em massa que envolve atores com objetivos políticos e financeiros”. O repórter ainda destacou que “nós, como jornalistas, precisamos entender o funcionamento e as engrenagens dessa estrutura”.  

Mazieiro ainda ressaltou que definir a questão da verdade envolve fatores filosóficos, mas “é possível definir com clareza o que é mentira”. Em relação ao dia 8, afirmou que “desde o primeiro trimestre de 2019, Bolsonaro começou a questionar o processo eleitoral dizendo que havia sido eleito no primeiro turno das eleições de 2018. Ou seja, isso foi uma mentira reiterada por alguém que ocupava um cargo público. Mentira essa que, ao longo do tempo, foi se intensificando”. Conforme apontou, é nesse cenário que o papel do jornalista ganha relevância, visto que a premissa da profissão é informar a sociedade “através de uma apuração correta, bem feita, eficiente e aprofundada”.

Glauco Barsalini: “A invasão aos Três Poderes não foi uma contestação ao capitalismo, mas ao modelo da democracia fundado no Estado Democrático de Direito” (Foto: Daniel Ribeiro) 

O professor Glauco Barsalini salientou que as ações do dia 8 não são resultado exclusivo da luta de classes, porque “é evidente que existe uma maquinária montada, na qual as fake News são expressões e ferramentas importantes”. Nesse sentido,  explicou que “historicamente, o capitalismo moderno apela para o golpismo e regimes de força”, o que contribuiu para que ditaduras emergissem em momentos de crise e tensão social. Olhando para o Brasil, “país que é econômico e politicamente dependente, a experiência do golpismo e do autoritarismo vem se manifestando de modo reiterado e cíclico”, afirmou.  

Em meio a um cenário brasileiro de constantes ameaças aos jornalistas, a professora Juliana Doretto, que foi responsável pela mediação da mesa, ressaltou a importância desse tipo de evento para jornalistas em formação. “A geração de vocês começa a praticar jornalismo nesse cenário. Ficou muito mais complicado, porém ficou ainda mais relevante do que sempre foi”. 

Orientação: Profa. Rose Bars 

Edição: Marina Fávaro


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