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A avaliação é da jornalista e podcaster Daniela Lemos; para ela, empresas que investem nos conteúdos em áudio são bem-vistas pelo público
Por Gabriella Alves e Elizabeth Lins
Segundo pesquisa da Global Web Index, em parceria com o Ibope, o Brasil é o país que mais escuta podcasts semanalmente no mundo, ultrapassando 16,6% da média global de usuários, que consomem conteúdo todas as semanas via plataformas de streaming. O estudo, realizado pela plataforma entre setembro de 2020 a fevereiro de 2021, também buscou compreender de que maneira o formato se encaixa na rotina dos ouvintes.
Um dos resultados da pesquisa já era esperado: a maioria dos entrevistados admitiu consumir podcasts enquanto executa tarefas domésticas, estão em deslocamento e/ou praticam atividades físicas. Outro resultado é que a a pandemia atraiu mais gente para ouvir podcasts. Entrevistados relataram que se sentiram parte da conversa ao ouvir um podcast, o que fez diminuir o sentimento de solidão proporcionado pelo isolamento social.
“O podcast é o conteúdo que se consome quando as mãos estão ocupadas e a mente está livre e, por isso, explodiu do jeito que explodiu nos últimos anos, principalmente, na pandemia”, diz a jornalista e podcaster Daniela Lemos. Formada em jornalismo pela PUC-Campinas, ela tem 26 anos de experiência em televisão na EPTV Campinas, afiliada da Rede Globo. Atualmente, Daniela é apresentadora do programa ‘Terra da Gente’, também no Grupo EP e do ‘Nossa Gente’, na rádio CBN de Ribeirão Preto, Araraquara e São Carlos.
Como produtora e apresentadora de podcasts para empresas como Bosch e Inatel, a jornalista afirma com tranquilidade que “as empresas que investem na produção de podcasts são muito melhor vistas pelo público consumidor, porque o podcast traz junto com ele um valor de modernidade”.
Nesta entrevista exclusiva ao Digitais, Daniela fala sobre a expansão do mercado de podcasts.
Digitais: A pandemia ajudou a popularizar o podcast?
Daniela Lemos: Sim. O podcast explodiu nos últimos anos, principalmente, na pandemia, pois o formato proporciona ao ouvinte absorver o conteúdo enquanto está fazendo qualquer outra atividade e, se for necessário interromper, ele pode retornar daquele ponto na hora que estiver disponível de novo, o que é muito legal. Na pandemia, ele foi a grande companhia de muita gente, com certeza.
Na sua opinião, o mercado de podcast está em ascensão?
Não tenho dúvida nenhuma disso. As pesquisas já apontam o Brasil como o primeiro lugar em consumo de podcasts, e não mais em terceiro. É um país extremamente rico em produção desse tipo de conteúdo também. Quem estuda sobre o mercado diz que se for comparar as plataformas de streaming, o YouTube tem muito mais consumidores do que o Spotify. Então, podemos considerar que o público fiel ao YouTube é um público ainda a ser conquistado pelo conteúdo em áudio, por exemplo.
O que um bom podcast precisa ter?
Acho que dinamismo, o que não significa necessariamente ser um podcast curto. Tem podcasts longuíssimos, como o Mano a Mano, que são episódios de uma hora a uma hora e meia, mas tem uma discussão interessante para quem está ouvindo. O podcast não pode ser raso e você precisa ter conhecimento sobre o que vai falar, porque senão você passará vergonha ou perderá conteúdos importantes que tinham para ser abordados.
Além de prestar atenção na resposta do convidado, se tiver três pessoas no seu episódio, você tem que prestar atenção em tudo o que elas estão falando ao invés de ficar pensando qual será a sua próxima pergunta. É importante prestar atenção à resposta que a pessoa está dando, porque daquela resposta pode surgir uma abordagem que você nem sonhava que era possível fazer, para aquele assunto. Não não deixar respostas muito longas. Quando você deixa uma pessoa discorrer demais, ela mesma acaba se perdendo no raciocínio e fica desinteressante.
É nesse ponto que eu falo que você precisa ter noção de comunicação para fazer podcast. Não precisa ser jornalista, necessariamente, mas você precisa ter noção do que é comunicar, que pressupõe falar, ouvir, interferir, questionar, duvidar em alguns momentos. Tudo isso faz parte de uma boa conversa.
O que é necessário para que um podcast tenha audiência?
É necessário que os profissionais se especializem no que diz respeito ao formato, captação do áudio, distribuição, monetização e roteirização dos podcasts.
Existem muitos podcasts sobre um mesmo assunto. Você acha que o mercado está saturado?
A variedade de formatos dos podcasts é um diferencial que expande o mercado, visto que um mesmo assunto pode ser abordado de diferentes maneiras. Assim mesmo, com tanto conteúdo já produzido, não podemos considerar um formato já saturado.
Você ouve podcasts diariamente?
Tenho uma rotina muito estabelecida com os podcasts que ouço. De manhã, enquanto estou me deslocando para levar a filha na escola ou para ir a algum lugar, ouço os podcasts de notícias mais curtos. Na hora que estou fazendo almoço, escuto aqueles que são mais longos e, se tiver fazendo uma faxina, coloco uma playlist de podcasts que costumo ouvir com frequência. Fazer faxina ouvindo um podcast é outra coisa do que você fazer faxina ouvindo nada.
Qual é sua lista preferida de podcasts?
Gosto de vários, mas recomendo Assunto, Café da manhã, Foro de Teresina, Comunidade de Paraisópolis, Retrato Narrado, Mamilos, Praia dos Ossos, A Mulher da Casa Abandonada, Calcinha Larga e É da coisa.
Como o podcast entrou na sua vida profissional?
Comecei a trabalhar com o jornalismo em rádio, quando estava no terceiro ano da faculdade. Entrei para a CBN de Campinas para trabalhar como repórter e lá fiquei quase dois anos. No dia em que apresentei meu TCC na faculdade, fui convidada para ir trabalhar na EPTV como apuradora. Depois, fui repórter por oito anos até vir o primeiro convite para a chefia. Fui chefe de reportagem por alguns anos, depois chefe de redação, gerente de jornalismo até dois anos atrás, quando acabei me desligando dessa função.
Continuei no grupo EPTV, mas só apresentando o ‘Terra da Gente’ e nesse momento me convidaram para voltar ao rádio, reacendendo uma paixão que eu tinha desde o começo da minha carreira, que era o conteúdo em áudio. O grupo EP tem três rádios, que são a CBN de Ribeirão, Araraquara e São Carlos. Pouco tempo depois que assumi o ‘Nossa Gente’, que é o meu programa na CBN, do grupo EP, ele foi transformado em podcast, que nada mais é do que pegar o programa gravado e disponibilizar nas plataformas de streaming. Nesse momento, eu já me encantava como ouvinte e comecei a me encantar como alguém que produzia esse tipo de conteúdo. E resolvi estudar.
Orientação: Profa. Cecília Toledo
Edição: Ana Clara Ornelas
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