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Exposição ao sol traz preocupações no setor da construção

Especialistas e liderança sindical defendem a necessidade de investimento em medidas protetivas

Por Guilherme Volpon e Renan Fiorentini

Evitar a exposição solar das 10h às 16h é uma das orientações do INCA (Instituto Nacional do Câncer) na prevenção ao câncer de pele. No entanto, para profissionais que atuam expostos ao clima, a recomendação torna-se inviável, como explica o eletricista de rede Wilson Tourinho dos Santos. “A exposição é direta. A gente está a mercê do tempo mesmo”, comenta o profissional.

Wilson Tourinho atua como eletricista de rede e fica exposto diariamente ao sol (Foto: Arquivo Pessoal)

Na empresa em que o eletricista atua, o protetor solar é fornecido aos funcionários. No entanto, segundo Tourinho, com a pandemia de COVID-19 e a adesão ao uso da bala clava, equipamento de proteção que deixa apenas os olhos a mostra, o filtro solar caiu em desuso. “Antes da pandemia a gente não esquecia de pegar o protetor solar. Aí chegou a pandemia, e com a bala clava o pessoal já deu uma relaxada”, diz ele.

Tourinho explica ainda, que a bala clava passou a ser usada por tapar o nariz e a boca, funcionando em substituição a uma máscara. O eletricista considera que o equipamento traz mais conforto que o protetor solar. “Acaba protegendo o nosso rosto todo e parece que deu um conforto a mais do que usar o protetor mesmo, porque o protetor solar escorre no rosto, às vezes ardia o olho”, completa.

De acordo com a médica dermatologista formada pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), Flávia de Oliveira Pagnano, o uso do protetor solar é de grande importância para evitar o câncer e outras doenças de pele. A especialista orienta que, para pessoas que trabalham expostas ao sol, o recomendado é que o protetor tenha um FPS (Fator de Proteção Solar) de, no mínimo, 50.

Outra característica que deve ser observada nos rótulos dos protetores é com relação à proteção. O ideal é que o produto proteja tanto para os raios ultravioletas A (UVA), quanto para os raios ultravioletas B (UVB). “Todo mundo, além do trabalhador, devia usar o protetor. O ideal é que crianças a partir de seis meses de idade já comecem a ter esse hábito praticado pelas mães”, explica a médica.

Diretor do Sinticom Jucelino Junior, orientando trabalhadores em uma obra (Foto: Arquivo Pessoal)

O diretor do Sinticom (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário) de Campinas, Jucelino Souza de Novais Junior, explica que a cobrança é feita para que as construtoras garantam o fornecimento de protetor solar aos funcionários. “É bem difícil da gente conseguir fazer a empresa cumprir, nas menores a gente tem mais dificuldade, nas maiores acho que é até um pouco mais tranquilo”, diz.

Jucelino Junior salienta que, quando necessário, a cobrança é feita através de órgãos superiores. “Se a empresa não der a devida importância, a gente encaminha pro Ministério Público, pro Ministério do Trabalho, e vai acompanhando o processo pra ver até onde a gente consegue chegar, até numa autuação ou no embargo de uma obra”, orienta.

A dermatologista Flávia Pagnano explica que os raios solares em contato com a pele por muito tempo e, sem proteção, atingem o sistema imunológico e as células do corpo humano causando alterações no DNA celular e então produzindo células cancerígenas no indivíduo. “Além do protetor solar, o uso de roupas e acessórios que cubram a pele pode ser uma alternativa aos trabalhadores”, disse.

Flávia Pagnano fala sobre a importância do uso de protetor solar após seis meses de idade (Foto: Arquivo Pessoal)

Ainda de acordo com o diretor do Sinticom, em boa parte dos casos em que o filtro solar não é fornecido, a denúncia é feito pelos profissionais por conta da falta de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual). “O trabalhador, normalmente quando liga, faz uma denúncia gigante. Além [da falta] dos EPIs vão ter outras coisas, pode ter certeza, incluindo descumprimento de norma trabalhista”, comenta.

Uma pesquisa feita pela Fundação Procon-SP (Proteção e Defesa do Consumidor) no início de 2021, constatou que os preços praticados em um mesmo protetor solar nos sites das farmácias pode variar até 90,10% (sendo comercializado por R$ 19,99 em um estabelecimento, e por R$ 38 em outro). Já o filtro solar mais caro entre os pesquisados, estava sendo vendido por R$ 84,95.

Flávia Pagnano sustenta que a adoção da distribuição de filtro solar pelas empresas é uma prática interessante. “Os produtos da linha dermatológica são caros, e tudo que possa vir a agregar nessa prevenção é válido”, defende. A médica diz ainda que o tratamento é feito através de remoção cirúrgica do tumor, juntamente com tratamentos de quimioterapia e eletrocauterização no paciente.

Orientação: Prof. Gilberto Roldão

Edição: Marcela Peixoto


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