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Conter o desmatamento é meta “possível e necessária”, avalia o ambientalista Pedro Barreiro
Por Luís Fernando Tirone
O presidente da Fundação SOS Mata Atlântica, Pedro Luiz Barreiro Passos, disse nesta quarta-feira, 26 – véspera do dia nacional em comemoração a este patrimônio ambiental – que, além de “possível”, é “necessário” conter o desmatamento e recuperar parte importante de seu bioma original. Para fazer frente ao desinteresse do governo federal, Passos disse contar com a intensa atuação das organizações não governamentais (ONGs), prefeitos e governadores que – nos últimos pleitos – têm assumido compromisso público com a causa preservacionista.
Segundo Passos, que participou do webinário “Futuro da Mata Atlântica”, promovido pelo jornal “Folha de S. Paulo”, quanto mais ONGs atuarem na preservação da Mata Atlântica, tanto melhor serão as condições de sua recuperação. O evento contou também com representantes das principais organizações que cuidam da floresta, que se reuniram com o intuito de divulgar o Atlas da Mata Atlântica, documento produzido com apoio do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O órgão registrou que, no último ano, houve redução de 9% no ritmo de desmatamento sofrido pela mata atlântica.
“O dado indica que há chances de recuperar a floresta nos próximos anos”, disse Barreiro Passos. No mesmo evento, o diretor de Conhecimento da SOS Mata Atlântica, Luis Fernando Guedes Pinto, disse que “o futuro da mata atlântica é muito promissor”, apesar de grande parte de sua mata nativa já ter sido devastada.
Conforme apresentado no Atlas, 91% do desmatamento da mata atlântica está concentrado em cinco estados brasileiros: Minas Gerais, Bahia, Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. Segundo disseram os conferencistas, é preciso focar nestes locais para que a taxa diminua para zero e, assim, que se comece o processo de reconstrução.
Natalie Unterstell, especialista em políticas públicas e mudança do clima, assegurou que o Brasil tem recursos suficientes para realizar o trabalho de restauração da mata atlântica. “A nossa ciência tem sido muito resiliente”, disse.
Foram debatidas no seminário formas de combate à devastação e degradação da floresta. Algumas alternativas pensadas passam justamente pela conscientização das pessoas quanto à importância da preservação da natureza, bem como com o fornecimento de orientações aos produtores agrícolas.
A estimativa é que até 2030 a degradação diminua. “Temos uma visão de futuro para os próximos 10 anos”, declarou Guilherme Amado, líder do programa AAA de qualidade sustentável da corporação Nespresso no Brasil e no Havaí, um dos grandes investidores em projetos ambientais. Outras maneiras para reconstruir a mata atlântica, segundo informaram, são a restauração das Áreas de Preservação Permanente (APPs) e também das Reservas Legais com silvicultura econômica de espécies nativas.
Na região de Campinas, um dos mais importantes remanescentes da floresta original é a Mata de Santa Genebra, que é composta predominantemente pelo bioma da mata atlântica. A área é considerada uma reserva de proteção ambiental, justamente devido ao desmatamento elevado da mata atlântica no Estado de São Paulo. A reserva tem aproximadamente 251 hectares.
Os estudiosos encerraram o debate de maneira otimista e disseram que os governos estaduais e municipais têm auxiliado no enfrentamento à devastação e degradação da mata atlântica. Eles afirmaram ainda que a restauração da floresta é uma forma de o Brasil ser um forte parâmetro para outros países no âmbito da preservação da natureza. O diretor de programas do Global Environment Facility (GEF), Gustavo A. B. da Fonseca, garantiu que “a mata atlântica pode trazer esperança e protagonismo novamente para o Brasil”.
Aqui, acesso à íntegra do seminário “O Futuro da Mata Atlântica”
Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti
Edição: Oscar Nucci
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