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“Vocês jovens, sonhem muito!”, diz finalista do The Voice +

Mesmo não vencendo o programa, Catarina Neves ressalta a importância de nunca desistir dos sonhos

Sempre positiva, a campineira fala sobre a importância dos sonhos: “vocês jovens, sonhem! Sonhem muito!” (Foto: Globo/Reprodução)

Por Letícia Almeida e Luiz Oliveira

“Não precisa ter uma voz estrondosa. Cada um tem o seu limite, a sua maneira de cantar. Mas você tem que perseverar e nunca ter vergonha. Nunca diga: eu não consigo”, disse Catarina Neves, de 82 anos, finalista do programa The Voice +. Em entrevista ao portal Digitais, Catarina falou com otimismo sobre a própria carreira, contando seus planos para o futuro. A cantora também deu dicas para pessoas de todas as idades que queiram se lançar em busca de seus sonhos, sobretudo, na música.

Moradora de Campinas há mais de quarenta anos, Catarina Neves viu no programa uma oportunidade de fazer aquilo que mais ama, pois durante muito tempo, teve de abdicar de seu sonho. A falta de apoio de seu ex-marido foi uma das razões para que Catarina adiasse seus objetivos na música. Mas isso mudou quando conheceu Marcos Neves, com quem está casada há 30 anos. Marcos, que é 29 anos mais novo que ela, sempre foi o seu maior apoiador. Assim, a participação no reality musical, que contemplava participantes com mais de 60 anos, foi uma surpresa. Marcos fez a inscrição sem que a esposa soubesse.

Catarina apresentou duas canções na grande final: “Malagueña Salerosa” e “Fascinação” (Foto: Globo/João Miguel Júnior)

Pela primeira vez, o The Voice, reality show musical produzido pela TV Globo, teve uma edição voltada para participantes da terceira idade. No programa, os candidatos se apresentam para um time de quatro jurados que, de costas, decidem se irão virar sua cadeira e garantir uma vaga no reality para participante. O The Voice+ estreou em 17 de janeiro deste ano, com os cantores Daniel, Mumuzinho, Claudia Leitte e Ludmilla como técnicos.

Catarina se apresentou no primeiro episódio do programa, interpretando a música “Linda Flor (Yayá)”. Na ocasião, em menos de 30 segundos de apresentação, Catarina impressionou os jurados fazendo as quatro cadeiras virarem. Assim, ela acabou escolhendo o cantor Daniel para ser seu técnico. Na final do programa, ocorreram duas rodadas: Catarina venceu a primeira, garantindo seu lugar na grande final. Mesmo tendo agradado os jurados e o público que acompanhava a final, Catarina não levou o prêmio de R$ 250 mil e o contrato com uma gravadora. Apesar disso, ela foi exemplo de superação e de luta por seus sonhos durante toda a competição.

 

Digitais: Quando a senhora se inscreveu no programa, já imaginava que chegaria na final? Qual era a expectativa?

Catarina Neves: Foi meu marido que me inscreveu, porque eu nem imaginava ir ao The Voice. Com 82 anos de idade você fala: eu terminei a minha tarefa, eu não tenho mais o que fazer. É cuidar de neto, varrer casa, arrumar e pôr as coisas no lugar. É ficar num cantinho, ficar em paz e esperar a morte chegar. Mas chegar na final, para mim foi emocionante! Foi uma coisa muito intensa e muito boa.

 

Digitais: Qual a sensação que a senhora teve no dia da grande final?

CN: Foi aquela expectativa: será que vou ser a escolhida? Eu gostaria, mas será que as pessoas vão gostar e vão me colocar em primeiro lugar? Foi uma emoção muito grande, eu senti que fiquei pra finalíssima. É como você correr e falar: eu não vou ter pique pra alcançar, e de repente você, ofegante, chegou no lugar que queria. É persistir, é ter vontade de fazer uma coisa. Eu sou persistente e gosto de me dar o melhor e fazer o meu melhor.

 

Representando o Time Daniel, Catarina diz que o programa foi um leque que se abriu para fazer o que ama (Foto: Catarina Neves/Arquivo Pessoal)

Digitais: Como foi o processo de escolha das músicas que a senhora apresentou no programa?

CN: A gente manda uma lista. E então dessa lista, a gente pode ou não pode cantar determinada música. Às vezes eu quero cantar uma música e outro participante quer cantar a mesma. Então eles dividem e decidem: “ah, aquela pessoa tem potencial pra cantar isso, tal pessoa não tem condições de cantar aquilo, então vamos trocar”. E foi feito assim. “La Barca” foi opção do arranjador. As outras foram por inspiração minha. “Fascinação” é uma música top, da idade da gente, que o jovem também gosta. É linda! É uma música que fala com a alma do ser humano.

 

Digitais: Agora, depois da final, quais são os planos da senhora para a carreira? Vai continuar cantando?

CN: Eu nem imagino, mas alguma coisa vai surgir. Alguma direção, algum comercial bem sútil, próprio da minha idade, né? Espero que surja uma oportunidade. Agora, quanto à carreira musical, eu tenho um ministério evangélico, com três CDs gravados. Então o The Voice foi um leque que abriu para eu fazer aquilo que Deus me permite fazer, que é adorar o Senhor.

 

Digitais: Então a senhora pretende continuar com a música gospel? Pretende lançar mais um disco?

CN: Lançar mais CD’s por enquanto não. Ainda não estou sonhando com essas coisas. Mas eu acredito que alguma coisa boa possa surgir. A gente nunca deve perder o sonho, temos sempre que sonhar. Sim, eu sei da minha idade e sei do meu limite. Nós temos que saber do nosso limite. Posso subir cento e vinte degraus? Vai ser duro, mas eu vou tentar subir pelo menos até a metade. E assim é a própria vida. Você vai galgando aquilo que você deseja, com perseverança, lutando e vendo seus limites. E sonhem, viu? Vocês jovens, sonhem muito!

 

Digitais: As pessoas se inspiram muito na sua trajetória, tanto de vida quanto na música e no programa. Como é para a senhora ser uma inspiração para outras pessoas?

CN: É muito bom. A gente não pode ter vaidade, todos temos defeitos. Mas que possamos passar algo bom para o ser humano. E faz bem pra qualquer pessoa ser inspiração para coisas boas. Há pessoas que você fica com pena, porque elas não te inspiram a nada, não te passam nada. Com a minha idade, eu acho que a gente tem que sonhar, se arrumar, ficar bonita. É se sentir feliz consigo mesma. Eu digo sempre para as pessoas: não é egoísmo, mas eu me amo. Quando você se ama, então você tem capacidade de amar o outro.

 

Para Catarina, faz bem sentir que ela inspira outras pessoas e que transmite coisas boas (Foto: Catarina Neves/Arquivo Pessoal)

Digitais: O que a senhora poderia dizer para as pessoas que querem seguir carreira musical, mas que por algum motivo sentem vergonha ou receio?

CN: Abra a boca! Cante! Não tem uma voz enorme? Tenha uma voz pequena. A voz pequena, bem feitinha, fica bonita, fica poderosa. Não precisa ter uma voz estrondosa. Cada um tem o seu limite, a sua maneira de cantar. Ninguém canta igual ao outro. Mas você tem que perseverar e nunca ter vergonha. Nunca diga: “eu não consigo”. Consegue! Eu travei muito a minha vida por causa disso. Aí um dia eu falei: “eu vou conseguir, vou fazer e acabou.” Foi quando eu comecei a cantar na noite. Fiquei trinta anos na noite. Então eu perdi a vergonha. Eu fui criada pelos meus pais, que diziam: “isso é feio, mulher cantora não presta.” Meu pai era músico, tocava violão e eu também. Na época era um horror pra família. Até que eu falei: “vou cantar, e vou sair por aí tocando violão.” E é isso que tem que fazer. Mas não esqueça: quando a coisa for boa. Tem que ser coisa boa, agradável e que não machuque ninguém.

 

Digitais: Qual o primeiro passo que uma pessoa deve seguir para ingressar na música?

CN: É difícil a gente dar um caminho, porque isso aí vai de cada pessoa, de cada família. Geralmente uma avó, uma mãe, até hoje em dia, fica preocupada de lançar uma filha no meio artístico. Então os caminhos são largos, mas é perigoso, então a pessoa tem que ter uma cabeça boa, ter uma estrutura boa. Tem gente que busca fazer teatro, que combina com música. Mas a pessoa tem que ter disposição e vontade para fazer as duas coisas ao mesmo tempo. É fazer aquilo que não te prejudique, que não faça você procurar atalhos, porque às vezes eles são muito ruins. Eu encontrei atalhos ruins e foi muito difícil, mas nada é impossível. Procure o lugar bom que te dê paz e que te deixe em paz. Cante coisas boas, coisas que fluam para o bem da sociedade, da humanidade.

 

Orientação: Prof°. Gilberto Roldão

Edição: Luiz Oliveira


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