Cultura & Espetáculos

Falta incentivo para a cultura de canto coral em Campinas

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Por Natália Rodriguez e Nicolle Gonçalves

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A cultura do canto coral em Campinas é forte, a atividade foi influenciada pelo maior compositor brasileiro de ópera e campineiro, Carlos Gomes, que deu espaço para esses grupos em algumas de suas obras. Essa cultura por muitos anos teve apoio de iniciativas públicas da prefeitura e de corais municipais. Hoje, existem grupos independentes, além das vinculadas a igrejas e instituições, que sofrem com a falta de incentivo e infraestrutura.

Para Hipólito Ribas, 55, regente de corais em Campinas e região, essa cultura contribui para a sociedade, pois através dela é possível refletir sobre história, sociologia, política e questões sociais do cotidiano. “Eu creio que seja essa uma das principais missões de um coral: levar música, arte e alegria a todos os públicos, inclusive aos que têm menos oportunidades de assistir, e propor o resgate de um repertório riquíssimo, mas pouco divulgado fora do meio acadêmico”, disse ele.

Regente Fátima em ensaio do Coral da PUC-Campinas (Foto: Nicolle Gonçalves)

A tradição de canto coral persiste em Campinas porque as gerações atuais procuram essa atividade como lazer. “Mesmo muitas atividades do coletivo consideradas em crise, o canto coral ainda persiste em empresas, ONGS, clubes, escolas e universidades, principalmente com terceira idade e crianças”, destaca a regente Fátima Viegas, 52. “O canto coral é fundamental para uma identidade cultural, pois através dela se estabelece laços, vínculos, afinidades com a história da cidade”, complementa.

O canto coral traz benefícios à saúde mental de seus participantes, além da satisfação de construir resultados a partir do trabalho em grupo, o desenvolvimento vocal e musical, a socialização e o autoconhecimento. “É muito clara a contribuição que a atividade coral oferece aos seus participantes no que diz respeito à saúde emocional, tanto pelo poder transformador da música como pela convivência com pessoas que compartilham dos mesmos objetivos”, destaca Hipólito. 

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Desafios

Ruan e Camila, do Círculo Militar de Campinas, ensaiam em dueto (Foto: Nicolle Gonçalves)

Hipólito ressalta que os grupos enfrentam algumas dificuldades, como manter a motivação dos coralistas, alta rotatividade dos membros, necessidade de exposição constante para que as mantenedoras sigam patrocinando os projetos, as longas distâncias que alguns coralistas precisam percorrer para chegar aos locais de ensaio e a pouca valorização da atividade por parte da sociedade como um todo.

“Acho que os corais poderiam ter mais apoio para poderem ensaiar em ambientes adequados, confortáveis, com apoio cultural da cidade”, diz Beatriz Erlenne Dokkedal, 63, bacharel em Composição e Regência pela Unicamp e regente do Coral Madrigal in Casa. Já Fátima ressalta que “falta vontade política, plano de ação para incentivar mais o canto coral e propor espaços para que encontros aconteçam, pois trata-se da arte do encontro e da qualidade de vida.” 

Ainda, os grupos reclamam da falta de interesse em apresentações fora de datas comemorativas como Natal e homenagens ao Carlos Gomes. “Quando há propostas [para apresentação do grupo] o som é deficiente, a captação das vozes fica aquém e deprecia o trabalho realizado da polifonia”, afirma Fátima. A polifonia é uma técnica musical que consiste na presença de duas ou mais vozes ou instrumento que produza mais de um som ao mesmo tempo, muito presente no canto coral.

O casal Leniter dos Anjos Sertório e Antônio Sertório (Foto: Nicolle Gonçalves)

Mesmo com todos esses desafios enfrentados pelos grupos, Beatriz acredita na continuidade da atividade em Campinas, principalmente por ser de baixo custo. “Acho que sempre vai ter um futuro, porque é uma atividade maravilhosa, apaixonante, que desenvolve o ser humano na consciência de grupo, colaboração, união, beleza, harmonia, sensibilidade”, disse a regente.

“Campinas é uma metrópole privilegiada pelo grande número de corais, sejam eles mantidos por igrejas, empresas, instituições de ensino, clubes ou apenas pelos seus próprios participantes. Mas sempre há espaço para crescimento e penso que faltam iniciativas coordenadas pelo poder público municipal para a manutenção de uma agenda permanente de apresentações corais em espaços públicos. Acredito que ações como essas seriam importantes para impulsionar ainda mais o crescimento do canto coral na cidade”, conclui Hipólito.
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Orientação: Profa. Karla Ehrenberg
Edição: Luísa Viana


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