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Censo mostra aumento de centenários na RMC

Segundo a última pesquisa, a região possui 343 pessoas com mais de 100 anos; índice de envelhecimento é acima da média do estado

Por Bianca Freitas e Murilo Sacardi

O número de pessoas vivendo até os 100 anos no Brasil chega a 37.814, um aumento de cerca de 13 mil em comparação ao Censo de 2010, quando havia 24.236 pessoas nessa faixa etária. Embora representem apenas 0,02% da população total de 215 milhões de habitantes, o crescimento no número de centenários chama atenção já que a expectativa de vida no país está em 75 anos. 

Os familiares de Florenço da Matta afirmam que ele completou 100 anos em novembro de 2025, mas Florenço contesta. Segundo o idoso, ele tem mais de um século de vida e justifica: “Eu mesmo me registrei depois de adulto”. O filho mais velho, Genilton da Matta, 64, revela que a longevidade é coisa de família. 

Florenço da Matta escolheu a própria data de aniversário (Foto: Bianca Freitas)

“O meu avô viveu até os 115 anos, então não duvido que meu pai tenha mais de 100. Pra mim ele deve ter uns 107,” comenta.

Os dados do Censo de 2022 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que o índice de envelhecimento da população começou a acelerar a partir da década de 1990. O Censo também indica que 4.396 municípios brasileiros possuem, pelo menos, um idoso com 100 anos ou mais entre seus habitantes. A cidade de Campinas possui cerca de 343 pessoas centenárias.

Luciana Alves, professora do departamento de demografia da Unicamp e pesquisadora do Núcleo de Estudos de População “Elza Berquó” (NEPO) comenta sobre os fatores que podem ter levado a esse crescimento demográfico de centenários. 

“Nós tivemos uma queda das taxas de fecundidade e mortalidade. A queda da fecundidade que é a grande responsável pelo envelhecimento da população. Então, na medida que você tem menos nascimentos, você começa a ampliar a proporção dos demais grupos etários, tanto da faixa adulta, quanto da faixa acima de 60 anos. E a partir de 2010, a gente tem uma redução importante também da mortalidade nos grupos etários de idades mais avançadas, especialmente do grupo de 80 anos e mais. Então, se morre menos gente, começa a sobrar mais idosos na população”, explica.

No Brasil, as mudanças econômicas, sociais e culturais influenciaram significativamente o comportamento das mulheres das novas gerações. Nas últimas décadas, elas conquistaram acesso ampliado à educação e um espaço cada vez maior no mercado de trabalho, o que levou a novos hábitos, como o adiamento da maternidade e maior foco na carreira.

Os avanços da medicina e da tecnologia, o acesso mais amplo à saúde e ao saneamento básico, aliados a melhorias na nutrição, práticas preventivas e maior conscientização sobre hábitos saudáveis, são alguns dos principais fatores que contribuem para a melhor qualidade de vida da população idosa. Além disso, o desenvolvimento de tratamentos específicos para doenças crônicas têm desempenhado um papel fundamental na redução de mortalidade e na promoção de um envelhecimento mais saudável.

Confira a fala da pesquisadora na íntegra. 

Para o cientista social Vitor Barletta, o Brasil não está preparado para cuidar da população envelhecida. “Precisamos de mais saúde, mais previdência, portanto precisamos de mais renda. Nós estamos vendo o debate dessas coisas no sentido de reduzi-las. Falta política pública. As pessoas vão ficar mais tempo no mercado porque a renda vai ficar menor. A pessoa se aposenta e precisa continuar trabalhando para não se reduzir à miséria ao longo do tempo, devido à desvalorização do salário-mínimo”, analisa.

Para Barletta, as famílias também não têm condições de prestar assistência a esses idosos. “Existem soluções individuais restritas às pessoas que podem pagar, porém a maioria da população precisa do poder público, e não há políticas necessárias para atender essa população. A sociedade precisa discutir isso”, destaca o cientista social.

FALHAS NO REGISTRO 

Segundo a especialista em demografia, Luciana Alves, muitos idosos têm idade diferente do que a que consta em seu documento. “O Brasil tem muita falha nos registros, isso é histórico em países do sul global e da América Latina. É muito comum você encontrar pessoas acima de 90 anos que falam que tem uma idade, mas na verdade são mais jovens. Era muito comum ter a data de nascimento e a data de registro”, explica.

Seu Florenço da Matta é uma dessas pessoas com registro incorreto. Nascido no interior do Espírito Santo, apenas depois de jovem procurou se registrar oficialmente em cartório e acabou registrando uma data que acredita ser próximo ao nascimento. Por causa do atraso, não é possível afirmar sua idade exata, motivo de brincadeiras na família, mas a idade avançada não impediu seu Florenço de contar as histórias de quando era menino. Confira as dicas do centenário para chegar aos três dígitos.

Orientação: Profa. Karla Ehrenberg

Edição: Bianca Freitas


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