Cultura & Espetáculos

Paulínia quer conceder teatro à iniciativa privada

Proposta do prefeito encontra resistência entre os produtores culturais do município, que criticam a “elitização da cultura”

Por: Amanda Poiati e Anielly Ferreira

O Teatro de Paulínia tem deteriorações externas no edifício e falta de manutenção. (Foto: Amanda Poiati)

A privatização do Teatro Municipal “Paulo Gracindo”, de Paulínia, está causando discussões. Com uma indicação de concessão feita pelo prefeito Du Cazellato, a privatização visa a restauração do espaço interno e externo do patrimônio público, e o exercício de uma gestão “que recoloque Paulínia no circuito cultural do Brasil”, de acordo com os argumentos do estudo técnico desenvolvido para a proposta.

O teatro tem área total de 42,4 mil m² e capacidade para 1.300 pessoas, e sofre avarias internas e externas, estando deteriorado. Há uma estimativa inicial de que serão necessários investimentos da ordem de R$ 5,4 milhões.

De acordo com o ETP – Estudo Técnico Preliminar, a empresa que sair vitoriosa no processo tem a obrigatoriedade de restaurar e manter o local, tendo que proporcionar apresentações culturais que movimentem a economia.

O proposto é uma concessão comum de obra pública com prazo de 20 anos, podendo ser prorrogável. A empresa que se candidatar tem que fazer parte do meio cultural e será escolhida a que oferecer maior valor de outorga, apresentado plano de exploração e de como será o complexo.

Benê Silva, de 69 anos, é produtor cultural, diretor de teatro e projetou o espaço com Ismael Solé. (Foto: arquivo pessoal)

O produtor cultural Benê Silva, de 69 anos, participou da fundação do teatro e se posiciona contra a concessão ao setor privado. Ele argumenta que um teatro público é direito do cidadão. “Esses 5 milhões de investimentos iniciais não são nada para o orçamento de Paulínia, não chega a um vintém. Por que essa insistência justo no ano eleitoral? A Cultura e educação são deveres do Estado. Não se privatiza. São um direito inalienável do cidadão”, argumenta.

O vereador Douglas Guarita, da base do prefeito, informa que a concessão é vantajosa no momento, com a intenção de reabrir o espaço. “Seria benéfico depois de o teatro estar a tanto tempo parado. Começando a funcionar de maneira privada porque terá um custo alto que não tem como ser pago. A concessão também traz segurança jurídica. A questão do valor e tempo de concessão está sendo analisada, mas a cidade tem muito a ganhar.”

Thiago Silva é ator, diretor e proprietário do Teatro Ceart em Paulínia. (Foto: Amanda Poiati)

Nas justificativas da necessidade de contratação, o item 1.1 do estudo técnico atesta que o Município não tem orçamento para a restauração do teatro, não possui competência para prestar serviços diretos ao usuário e noções de operação de teatros.

Thiago Silva, dono do Teatro Ceart em Paulínia, aponta que a privatização já estaria acontecendo desde quando houve o que chamou de “desmonte” da Secretaria de Cultura, como aponta seu depoimento ao portal Digitais:

A segunda audiência pública sobre a concessão, ocorrida no último dia 10 de maio, foi grandemente criticada. Ela foi conduzida pelo secretário de Mobilidade e Transporte, João Vitor.

Na audiência, foram ouvidos moradores da cidade, produtores e ativistas culturais. Entre eles estavam Thiago Silva, produtor teatral, Lara Pertille, ativista cultural, e Maicon Oliveira, munícipe, que discordam da proposta do prefeito. Eles dizem ver a privatização como incabível, uma vez que elitiza e não promove a cultura local, além de diminuir o acesso da população de baixa renda.

De acordo com a Secretaria de Governo e Relações Institucionais da Prefeitura de Paulínia, a concessão do Teatro Municipal proposta pela Prefeitura está em contínuo andamento. Ainda não foi definida a data da próxima audiência.

Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti

Edição: Isabela Meletti


Veja mais matéria sobre Cultura & Espetáculos

Fotos revelam a cultura e a essência da região amazônica


A exposição “Amazônia: o Pulmão, o Sangue e os Glóbulos Verde Amarelos” é composta por capturadas na expedição “Barco da Saúde”


250 anos de Campinas inspiram mostra na Câmara Municipal


A exposição, em parceria com a Pandora Escola de arte, relembra Maria Monteiro e outros momentos históricos


Exposição condena exploração predatória da terra


A Carne de Gaia promove uma reflexão sobre a relação do ser humano com a biosfera


Time de síndrome de down da Ponte Preta completa 5 anos


O grupo é conhecido como Ponte Preta S21


Música ajuda no desenvolvimento de crianças


Fazer música e usar instrumentos musicais é um diferencial no desenvolvimento infantil Por Gustavo Tintori


Conheça sobre o Museu de História Natural de Campinas


O museu completou 85 anos Por Ana Beatriz Barbosa Ainda em comemoração aos 250 anos



Pesquise no digitais

Siga – nos

Leia nossas últimas notícias em qualquer uma dessas redes sociais!

Campinas e Região


Facebook

Expediente

Digitais é um produto laboratorial da Faculdade de Jornalismo da PUC-Campinas, com publicações desenvolvidas pelos alunos nas disciplinas práticas e nos projetos experimentais para a conclusão do curso. Alunos monitores/editores de agosto a setembro de 2023: Bianca Campos Bernardes Daniel Ribeiro dos Santos Gabriela Fernandes Cardoso Lamas, Gabriela Moda Battaglini Giovana Sotterp Isabela Ribeiro de Meletti Marina de Andrade Favaro Melyssa Kell Sousa Barbosa Murilo Araujo Sacardi Théo Miranda de Lima Professores responsáveis: Carlos Gilberto Roldão, Carlos A. Zanotti e Rosemary Bars.