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Em Campinas, projeto gratuito tem acervo que vai de Harry Potter a clássicos mais antigos
Por: Bruna Azevedo
Todo último domingo do mês, a feira de troca de livros do Centro Cultural SESI Amoreiras reúne leitores em sua biblioteca. Os encontros são oferecidos ao público externo, das 14 até às 18 horas da tarde. Basta uma sacola de livros em boas condições que já na entrada da biblioteca serão oferecidas fichas equivalentes a quantidade de possíveis trocas. O acervo da feira atende desde o público infantil, até o adulto, contando com autores como, J. K. Rowling, Jorge Amado, Charles Bukowski e George R. R. Martin.
Segundo Karine Azevedo, mediadora cultural da instituição, em 2023 o SESI Amoreiras passou a ser chamado de Centro Cultural de Campinas. À medida que o local se tornou Centro Cultural, a estrutura da agenda foi alterada. Projetos semelhantes aos da sede da FIESP, em São Paulo, foram introduzidos na programação, com eventos de quarta-feira a domingo, ampliando a diversidade de encontros culturais gratuitos na cidade de Campinas. Antes, a cada duas semanas, espetáculos eram promovidos apenas às sextas-feiras e aos sábados. Um desses projetos foi a intervenção musical, que passou a acontecer domingo de tarde no teatro do SESI Campinas. Essa, era a mesma que acontecia na sede, no entanto, não tinha público, já que se organizava dentro do teatro, além de ser em uma rua com pouco movimento. Logo, não chamava a atenção das pessoas que passavam por perto. Ao contrário da intervenção da FIESP na Av. Paulista, uma avenida, que, de acordo com a prefeitura de São Paulo, tem em média, 1,5 milhão de pessoas circulando por dia.
Devido à falta de público, o Agente de Lazer do SESI, que administrava as atividades culturais na época, teve a ideia de criar uma feira do livro. Com a finalidade de reunir a intervenção musical a uma troca de livros, desenvolvendo, de fato, uma intervenção – um evento acontece em paralelo aos músicos se apresentando, a fim de tocar e sensibilizar os ouvintes. Logo a feira se tornou o principal produto, – como a produção do Centro Cultural chama as programações – deixando, por fim, a intervenção em segundo plano. “A qualidade dos livros acabou despertando a atenção das pessoas e com o tempo começamos a entender os canais de divulgação. Temos livros bem conservados, a maioria novos. As obras vão desde Game of Thrones até clássicos da literatura brasileira”, diz Karine Azevedo. O acervo oferecido tem origem em uma antiga iniciativa, chamada “Caixa de Cultura”, em que livros eram postos dentro de uma caixa e levados para a empresa, à uso das pessoas que circulassem pelo SESI.
Dados levantados pela Agência Nacional de Telecomunicações revelam que 76% dos brasileiros são analfabetos digitais, além disso, uma pesquisa da Nielsen BookData, “Panorama do Consumo de Livros”, revela que 84% da população brasileira maior de 18 anos não comprou nenhum livro nos últimos 12 meses. Portanto, é evidente que, apesar do crescimento da feira de troca de livros, criar um público para eventos literários no Brasil é um desafio. Karine acrescenta, “Além da feira, temos o bate papo literário. Em que a sede contrata palestrantes incríveis para o bate papo, e as vezes só duas pessoas vem assistir. Isso é muito triste. Sinto que produzir um evento sobre literatura seja de certo modo difícil. Mandamos convites para escolas, universidades, professores, EJA. Tentamos a nossa divulgação.”
Na última troca de livros, no dia 28 de abril, adultos, crianças e adolescentes visitaram a feira, enchendo o compartimento da biblioteca em que o acervo para trocas fica disponibilizado. Lucas Vilella, estagiário do SESI, estava trabalhando na produção da feira. “Cada vez mais notamos o crescimento da feira. Têm pessoas que frequentam todas as feiras, chegando no início e saindo só no final. É um evento que atende tanto adultos quanto crianças, realmente, chegando à todas as faixas etárias. Temos um vasto acervo infantil e infanto-juvenil”, conta o estagiário. Assim, a feira acontece aos domingos, um evento “muito família”, como pontua Karine Azevedo, famílias levam seus filhos para trocarem livros antigos, e adultos levam seus amigos.
A professora Patrícia Almeida é um exemplo disso, “Eu convidei uma amiga minha para conhecer a feira. Temos um clube do livro juntas.” Patrícia já trabalhou no SESI, mas descobriu o projeto pelas redes sociais, e desde então, frequenta a troca de livros todos os meses. A professora acrescenta, “Os meus achados de hoje são os livros, O vento forte do sul e norte, e O Drama de um refugiado.” Logo, a feira de troca de livros é um evento cultural gratuito que amplia, cada vez em proporções maiores, seu público, por ser um evento acessível que envolve pessoas de diferentes idades.
Orientação: Prof. Gilberto Roldão
Edição: Gabriela Moda
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