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Brasil goleia Tailândia no Grand Prix de futebol de cegos

Mostrando os resultados do regime de concentração, seleção fez 4 x 0

Por: Beatriz Candiotti

Com vitória de 4 x 0 sobre a Tailândia, em Schiltigheim, na França, a Seleção Brasileira de futebol de cegos estreou no Grand Prix da Federação Internacional de Esportes para Cegos (IBSA) no último domingo, 26. Em fase de preparação para os Jogos Paralímpicos de Verão, a seleção busca aquecer para o primeiro jogo do evento contra a Turquia no dia 1º de setembro. A nutricionista da seleção, Vivian Paranhos, o técnico Fábio Luiz Ribeiro de Vasconcelos e o capitão Ricardo Alves (Ricardinho) afirmam que as expectativas são nada mais, nada menos, do que manter a hegemonia do futebol de cegos brasileiro e trazer o hexa para casa.

Desde o ingresso da modalidade nas Paralimpíadas, em 2004, o ciclo de preparação para os Jogos Paralímpicos acontece a cada quatro anos, sempre no ano do evento. Entretanto, este ano a preparação se intensificou. Nos anos anteriores, a Seleção Brasileira de Futebol de Cegos, incluindo a comissão técnica, se encontrava apenas uma ou duas vezes por mês, em algumas fases e etapas específicas de treinamento.

Já neste ano, a comissão técnica adotou um regime de concentração como parte da preparação para os Jogos Paralímpicos e, desde fevereiro, os treinos da Seleção Brasileira de Futebol de Cegos acontecem em João Pessoa, Paraíba, no Instituto de Cegos Adalgisa Cunha. Atualmente, de segunda a sábado, os atletas treinam duas vezes ao dia, revezando os dois períodos entre etapas técnicas, em quadra com a bola, e de resistência física, com a musculação.

Para Ricardinho, capitão do time e eleito o melhor do mundo três vezes, o futebol de cegos está evoluindo mundialmente ao longo dos anos, e o Brasil precisa de uma preparação intensa se quiser se manter como favorito ao título. “O Brasil vem encontrando muitas dificuldades por ser a equipe a ser batida. Todos os outros países treinam pensando em neutralizar nossas jogadas, mas estamos sempre nos reinventando para não deixar o nível cair”, comenta o atleta.

“Sabemos que há uma pressão muito grande em cima da seleção brasileira. São 5 edições e 5 medalhas de ouro. Isso aumenta nossa responsabilidade”, ressalta Ricardinho. (Vídeo: arquivo pessoal)

De acordo com a nutricionista da Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais (CBDV) e responsável pela Seleção Brasileira de Futebol de Cegos, Vivian Paranhos, este regime de preparação tem como objetivo a aproximação e o entrosamento dos atletas, tornando o treinamento mais profissional e aumentando ainda mais as chances de vitória. Entretanto, Vivian argumenta que, para a conquista do hexa, além da preparação ser coletiva, é importante se atentar também às necessidades individuais.

Aos cuidados da nutricionista e demais especialistas da comissão técnica, os atletas ficarão em um processo de aclimatação. (Foto: Beatriz Candiotti)

“Entre todas as etapas de preparação, sendo elas física, nutricional, psicológica e técnica, a nutrição atua em relação à força, explosão, potência, pensando na hipertrofia, que é o ganho de massa muscular, e na perda de gordura, com o objetivo de atingir a melhor qualidade física dos atletas. Trabalhar de forma individualizada, olhando para as queixas e particularidades dos atletas, nos leva ao melhor rendimento de cada um deles”, afirma a nutricionista.

Tabela de Jogos

O primeiro compromisso do Brasil após o regime de concentração foi o Desafio Internacional, que trouxe mais uma vitória em cima da França, no Centro Paralímpico de São Paulo, no dia 5 de maio. Ganhando também de 4 a 0, com gols de Ricardinho, Nonato (2) e Jefinho, a seleção se mostrou pronta para encarar a atual campeã europeia ainda na fase de grupos do grande evento em Paris.

O sorteio dos grupos para o Futebol de Cegos ocorreu no dia 25 de maio, sábado, em Schiltigheim, na França. Aos comandados do técnico Fábio Vasconcelos, o Brasil encara França, atual campeã europeia, China, dona do título asiático e Turquia, segunda colocada do último Campeonato Europeu. A primeira partida do Brasil será no dia 1º de setembro, contra a seleção turca.

Depois desse confronto, a Seleção Brasileira de Futebol de Cegos enfrenta a França na segunda rodada dos Jogos Paralímpicos de Paris 2024, no dia 2 de setembro. O último jogo do Brasil na fase de grupos será contra a China, no dia 3 de setembro, e os confrontos pelo ouro, prata e bronze serão no dia 7 de setembro.

O técnico Fábio Luiz Ribeiro de Vasconcelos ressalta que, além da excelente estrutura de preparação, que conta com equipes multidisciplinares de treinamento, fisiologia, nutrição e psicologia, o profissionalismo dos atletas, é um dos diferenciais que pode garantir a vitória brasileira na competição. “Os atletas são todos profissionais, sendo remunerados para jogar pela seleção. Além do talento nato brasileiro para o futebol, que sempre revela novos talentos, o profissionalismo dos atletas é fundamental”, declara Fábio.

“Temos uma estrutura muito profissional, com organização e equipes disciplinares de treinamento”, comenta Fábio Vasconcelos. (Foto: Divulgação CPB)

Para ele, o motivo de poder compor uma seleção com jogadores tão bem estruturados é devido ao trabalho de base que vem crescendo na modalidade. “Nós hoje temos 3 seleções, a Sub – 15, a Sub – 23 e a seleção principal. A Confederação nos dá essa estrutura pensando em manter a hegemonia do Brasil no Futebol de cegos”, conclui o técnico.

Visibilidade

A Seleção brasileira de futebol de cegos tem saldo total de vitórias tanto nos Jogos Olímpicos quanto nos Jogos Parapan-Americanos, ganhando ouro em todas as 5 edições de cada competição. Devido a isso, Fábio Vasconcelos acredita que a valorização da modalidade está aumentando muito, e comemora

as transmissões ao vivo de alguns jogos na TV aberta, como a final das Paralimpíadas de 2020 no Esporte Espetacular e no SporTV.

Fazer parte da melhor seleção do mundo é um privilégio e uma responsabilidade muito grande”, afirma Ricardo Alves. (Foto: Divulgação CPB)

O craque Ricardinho também percebe que os resultados positivos abrem mais portas para os atletas paraolímpicos, seja em relação à mídia, aos patrocínios ou ao reconhecimento da população como um todo. Mas, segundo ele, é preciso e possível melhorar.

“Ainda acho que o reconhecimento está aquém do que deveria ser, não só para o Futebol de Cegos, mas para todas as modalidades paralímpicas. Eu penso que o Brasil, e talvez até o mundo, vive uma grande inversão de valores, dando destaque para pessoas e fatos que não agregam em nada a nação. Enquanto as iniciativas que deveriam ter mais relevância, muitas vezes, são esquecidas”, comenta o capitão da equipe.

Orientação: Prof. Gilberto Roldão

Edição: Giovanna Sottero


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