Cultura & Espetáculos
Dramaturgia apresentou uma narrativa feminina pela óptica da mulher-mãe e trouxe uma série de inovações
Por: Giovanni Feltrin
Após seis dias de apresentações, chegou ao fim a 25ª edição do Espetáculo Via Crucis, que aconteceu dos dias 26 a 31 de março, no Complexo Usina Santa Bárbara, em Santa Bárbara d’Oeste. O evento, consolidado como o maior espetáculo teatral a céu aberto do interior do Estado de São Paulo, atraiu milhares de pessoas de diversas cidades, e marcou a memória dos espectadores com sua grandiosa encenação.
A edição deste ano, trouxe consigo uma série de inovações através de uma nova cenografia, um novo desenho de iluminação, figurinos exclusivos e uma maior arquibancada para acomodar ainda mais espectadores, além de uma dramaturgia que se destaca por sua abordagem centrada na figura da mulher-mãe.
A coordenadora geral do espetáculo, Lays Ramires, afirmou que “numa história prioritariamente masculina, encontrarmos o espaço de valor das mulheres, que aliás, são o ventre e a luz para que qualquer homem venha à terra, é extremamente importante. Enaltecer a figura feminina, dando a ela o seu lugar de destaque, é também uma das funções sociais da obra”.
O dramaturgo Almir Pugina contou que para escrever o texto desta edição, baseou-se nas passagens descritas nos quatro primeiros livros do Novo Testamento: Mateus, Marcos, Lucas e João. Utilizando essas fontes como norteadoras, elaborou os diálogos, se servindo de licenças poéticas e dados de pesquisas de historiadores, entrelaçando esses elementos com narrações das Matres – mães em latim – que na encenação, eram personificações de Maria de Nazaré, a mulher que, de acordo com a tradição cristã, permitiu que através dela o filho de Deus viesse ao mundo.
Pugina também relatou que suas motivações para a escrita do texto com foco na figura feminina, vieram do fato de que as mulheres têm tido uma presença cada vez mais forte e constante no Espetáculo Via Crucis, e que no mercado artístico, elas também têm ocupado espaços de produção cultural como protagonistas, e não mais como coadjuvantes. “Por conta do patriarcado e do machismo estrutural, as mulheres foram silenciadas e apagadas dos relatos bíblicos. Precisamos restituir seu lugar de destaque tanto na História Sagrada como na nossa estrutura sociocultural. Não lhe cabe outro papel a não ser o de protagonista”, afirma.
A 25ª edição do Espetáculo Via Crucis foi uma realização do Ministério da Cultura, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, e da Prefeitura de Santa Bárbara d’Oeste, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, com patrocínio da TRBR e Supermercados Pague Menos, além do apoio de várias instituições locais.
De acordo com o secretário de Cultura e Turismo, Evandro Felix, o espetáculo tem crescido ano a ano, agregando cada vez mais profissionais ao projeto, o que faz com que ele tenha o reconhecimento de ser uma superprodução. “Mais recentemente, o Espetáculo Via Crucis vem também atraindo investimentos da iniciativa privada através dos mecanismos de incentivo à cultura, assim oportunizando que o Espetáculo tenha ainda mais estrutura”, comenta.
O secretário também afirmou que além dos 100 atores voluntários, por trás da cena, se fez necessário contar com o empenho de mais 100 pessoas, considerando a equipe da produção, guardas municipais, polícia militar e secretarias envolvidas. E, dentre os desafios do projeto, encontra-se a necessidade de conciliar uma arquitetura cenográfica com uma estrutura temporária, além de se tornar essencial trazer novos elementos à dramaturgia a cada ano.
“É sempre um desafio levar uma obra diferente a cada edição. O público que prestigia o Espetáculo Via Crucis espera ser surpreendido ano a ano. Conhecemos a história do começo ao fim, mas como ela vai ser contada, é aí que está a magia do Espetáculo”, afirma Evandro.
A aposentada Marcia de Paula, que assistiu ao Espetáculo Via Crucis pela primeira vez, expressou sua admiração: “Fantástico o elenco. Fiquei muito emocionada. É tudo muito bem organizado, o cenário e os figurinos estavam maravilhosos. Com certeza retornarei no próximo ano”.
Orientação: Prof. Gilberto Roldão
Edição: Giovanna Sottero
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