Wagner Aparecido de Souza faz transmissões ao vivo de notícias impactantes de Campinas

Por: Elizabeth Lins

Ele chega de moto personalizada e paramentado com um prático colete, onde acomoda celular, microfones com e sem fio, baterias e equipamentos indispensáveis para uma transmissão ao vivo pela internet. Além da moto azul, ele traja camisa, bermuda e tênis azul. Mas o que mais chama a atenção é a barba, também tingida de azul.

Aos 40 anos, o cinegrafista Wagner Aparecido de Souza, formado em administração de empresas pela FAC, incorporou definitivamente o personagem Barba Azul, que transmite notícias policiais e todo tipo de desastres, o que lhe rende mais de 70 mil seguidores no Instagram. Com dois anos na atividade, ele já superou o tradicional Correio Popular, a emissora Thati Record, a Câmara de Campinas e o ex-apresentador de noticiários da rede Globo Renato Machado na rede social.

É através do WhatsApp e Instagram que Barba Azul recebe informações e dicas de matérias jornalísticas que, imediatamente, procura levar ao ar. A missão lhe custa finais de semana sem descanso, madrugadas e dias chuvosos. Sempre sozinho, ele percorre vários municípios da Região Metropolitana de Campinas, onde busca matérias para abastecer seu perfil e fornecer textos e imagens para algumas emissoras regionais de televisão.

“Eu nem mexia com o Instagram”, lembra Wagner durante a entrevista que concedeu ao Digitais, na Praça Ópera Loschiavo, no bairro Jardim Pauliceia, em Campinas. Enquanto explicava que a plataforma potencializou o público que já reunira no Facebook, Barba foi interpelado por pessoas que o reconheceram das redes sociais. Umas delas comentou que acabara de sair da prisão e estava em busca de emprego. Assim que foi embora, Barba disse que, quando aquele rapaz foi preso, ele estava lá documentando tudo.

O codinome Barba Azul nasceu de uma brincadeira com os amigos, que acabou dando certo. Vermelho e roxo foram as primeiras opções de tingimento, mas as cores não lhe teriam caído bem. O azul veio de uma mistura de cores, “que deu certo”, segundo ele.

Antes de ingressar no ramo audiovisual, Barba tinha como maior sonho conhecer o ex-goleiro Rogério Ceni, do São Paulo. A busca inicial por um encontro com o ídolo acabou motivando sua entrada na fotografia, mesmo sem ter conseguido o encontro  com Ceni.

Barba começou como fotógrafo no jornal Correio Popular nos dias úteis da semana e, aos sábados e domingos, fotografava jogos de futebol profissional.

Barba Azul também trabalha captando imagens para emissoras regionais de televisão, com trabalho fixo na Thati Record TV, no VTV SBT e na Rede Família. Ele afirma que seu grande diferencial é “mostrar aquilo que a TV não mostra”, o que ele costuma chamar de “jornalismo 24 horas e imediato”. “Eu acabo fazendo o que a TV não faz”, afirma Barba.

Autoproclamado “Repórter do Povo”, Barba Azul foi concebido durante a pandemia da Covid-19. Com as dificuldades inerentes às restrições impostas pelo isolamento e buscando uma maneira de se reinventar para não ficar para trás, Wagner tentou encontrar no jornalismo local uma maneira diferenciada de mostrar as notícias. Ele não imaginava que seu trabalho tomaria a proporção que atingiu. “É gratificante, o trabalho diferenciado é o que o pessoal reconhece”, diz.

Mesmo encontrando resistência em alguns setores, Barba não deixa de relatar as denúncias que recebe, especialmente em ambientes hospitalares e nos casos policiais. Ele sempre entra ao vivo na sua rede social.

Suas grandes inspirações no jornalismo são os jornalistas campineiros Bargas Filho e Alenita Ramirez. Segundo disse, o caso do assassinato da bebê Isis Helena, de 1 ano e 10 meses, em Itapira, é uma das histórias que mais o impressionaram. “Casos que envolvem crianças são sempre os mais difíceis de relatar”, afirma.

Atualmente, Barba Azul tem como fonte de renda os patrocínios que suas produções recebem, bem como suas participações em programas da Thati Record TV.

Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti

Edição: Isabela Meletti