Ciência
Professor Amilton Lamas, da Escola Politécnica da PUC-Campinas, desenvolveu, com alunos, plataforma adaptativa por R$ 300
Por: Bruno Costa, Kaio Lima e Lucas Pinto
O professor Amilton da Costa Lamas, da Escola Politécnica da PUC-Campinas, lidera um projeto de extensão inovador. Sua equipe desenvolveu uma plataforma de acessibilidade que é capaz de converter qualquer cadeira de rodas em uma versão motorizada com o custo aproximado de R$ 300. Esta solução criativa nasceu como uma resposta ao alto valor das cadeiras motorizadas atualmente disponíveis no mercado, cujos preços, de acordo com sites de vendas online, variam entre R$ 5.600 e R$ 17.600. Já cadeiras de rodas não motorizadas podem custar entre R$ 400 e R$ 4.000. A iniciativa representa um passo significativo para a acessibilidade, ao combinar eficácia e economia.
Lamas vê este campo de estudo como promissor e ressalta a interdisciplinaridade da iniciativa, que engloba ciências exatas e ciências da vida. “Não existem muitas ações que promovam um trabalho conjunto entre essas duas áreas”, afirmou. Em seu estágio atual, a plataforma oferece, ao usuário da cadeira de rodas, botões que ficam acessíveis até mesmo para quem está submetido a um grau maior de comprometimento de locomoção, possibilitando assim mais conforto e facilidade na hora de utilizar o equipamento, sem necessidade de um alto custo em relação a um produto motorizado de fábrica.
O professor também comentou a priorização com a segurança e relatou que, durante as fases de teste, foi desenvolvido um sistema que visa priorizar a estabilidade do cadeirante que utiliza a plataforma. O dispositivo utiliza tiras produzidas com o mesmo material que se usa para prender carga de caminhão e pessoas em paraquedas, possuindo capacidade para aguentar impactos de cinco a seis toneladas.
Lamas informou que a metodologia englobou a descrição do problema, a avaliação de possíveis soluções e a definição de restrições e requisitos. Todas as etapas foram feitas em um processo colaborativo entre o grupo da universidade e a empresa parceira Therapies, que oferece serviços de reabilitação intensiva para pessoas com deficiências físicas incapacitantes, motoras e sensório-motoras.
O projeto que, além de promissor, já mostra resultados, ainda enfrenta desafios. Lamas e os estudantes buscam soluções para que a plataforma suporte pessoas com mais de 100 quilos, além de ainda encontrarem desafios para a definição de um modelo de negócio e de adesão de novas parcerias comerciais.
No quesito financeiro, porém, evidencia-se um drama enfrentado por toda a ciência brasileira: a insuficiência no incentivo à produção e estudos de caráter científico-tecnológico. Segundo o docente, hoje em dia o que sustenta o programa é uma parceria entre a PUC-Campinas e a Therapies, mas isso não cobre a totalidade das despesas, o que leva o pesquisador a investir também seus próprios recursos.
Orientação: Prof. Artur Araujo
Edição: Suelen Biason
Veja mais matéria sobre Ciência
Era uma vez uma luva que fez um pianista voltar a tocar
O empreendedor Ubiratan Bizarro conseguiu fazer do seu negócio um instrumento de inclusão
Estudo avalia veneno de aranha na luta contra o câncer
Substância pesquisada na Unicamp revelou propriedades antitumorais consideradas promissoras
Insegurança alimentar aumenta e preocupa especialistas
Apesar de ações solidárias e do poder público, situação afeta famílias em vulnerabilidade
Estudo revela como óleos vegetais fortalecem os cabelos
Pesquisa mostra como produtos à base de argan, abacate e coco podem reparar danos capilares
Veneno da cascavel pode virar remédio anti-inflamatório
Pesquisa do Instituto Butantan igualmente viu o potencial antitumoral na serpente
Quando o relatório ambiental camufla a realidade
Pesquisa mostra que prestações de responsabilidade ambiental podem ocultar sérios problemas