Destaque
Um jornalista, um professor e uma psicóloga contam como ler e escrever poesias têm ajudado a aliviar as pressões do dia a dia
Por: Beatriz Candiotti
O que há em comum entre o jornalista Maurício Simionato, a psicóloga Nathalia Gabriella Silveira Pupo e o professor de filosofia Gilberto Santos? A paixão pela poesia. Leitor voraz do gênero literário, Simionato já publicou três livros de poesia e o quarto está a caminho. “Posso dizer que a poesia me levou para o jornalismo”, afirma.
A paixão pela poesia surgiu na adolescência do jornalista. “Costumava pegar textos não autorais e mudava algumas palavras, como uma paródia”, conta. Depois desta fase, ele começou a escrever poemas independentes e, com a inclinação literária, entrou na Faculdade de Jornalismo em 1992. A partir daí, se dedicou a escrever, com mais intensidade, poemas independentes.
Com a carreira no ofício já consolidada – depois de trabalhar anos seguidos em várias redações de jornais, ele é, há dez anos, o assessor de imprensa do Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas – Simionato publicou seu primeiro livro em 2011, Impermanência, que trazia alguns poemas escritos na adolescência e outros inspirados nas vivências da profissão. O livro, segundo ele, também traz textos sobre várias temáticas do dia a dia do jornalismo, que cativaram seu olhar e emoção.
Para o jornalista, a poesia foi importante na sua trajetória profissional. “Assim como dizia Carlos Drummond de Andrade que ‘escrever é cortar palavras’, a poesia contribuiu para minha adaptação na linguagem do jornalismo factual”, conta. Trabalhando no jornal Folha de S. Paulo em 1998, ele lembra que a sensibilidade poética o inspirou nas suas pautas sociais e culturais. “O jornalismo começou a retroalimentar a poesia”, admite. Assim, as palavras que não entravam nas matérias investigativas encontravam espaço em seus poemas, que acabaram se tornando, segundo o jornalista, um “canal de respiro para a poesia”.
Simionato também acredita que a poesia pode ajudar a amenizar o sofrimento provocado pelas violências do cotidiano. Um dos crimes que o abalou como correspondente do jornal Folha de S.Paulo na Amazônia (PA) foi do assassinato da missionária Doroty Mae Stang, em 12 de fevereiro de 2005, em Anapu, no oeste do Pará. Irmâ Doroty, como era conhecida, foi morta com seis tiros à queima roupa, um deles na cabeça. A indignação e tristeza pelo cruel assassinato não foram estampadas em suas reportagens, mas sim na poesia. “O sentimento de revolta está na primeira página do livro Impermanência, com o poema Oz”, explica.
Dores emocionais

Inspirada nos poemas do pai, Nathalia Gabriella Silveira Pupo, de Itu (SP), começou a escrever poesias ainda na infância, sempre com um objetivo: expressar seus valores, pensamentos e sentimentos. “A escrita já estava em mim antes mesmo de nascer”, afirma. Na sua opinião, a escrita poética é uma importante ferramenta de expressão. “Muito além de um hobby ou uma profissão, a escrita é um recurso terapêutico”, diz ela.
Mas não apenas da inclinação literária se formam os poetas. O professor e escritor amador Gilberto Santos, de Ilhéus (BA), encontrou na poesia o espaço para seu olhar aguçado e reflexivo decorrentes do ofício na filosofia e sociologia. Sem ter tido a oportunidade de materializar seus poemas em livros, ele encontrou na internet a possibilidade de expor as obras e, desde 2010, é autor no site Recanto das Letras. Segundo ele, seu processo de criação se alimenta das conversas do cotidiano e dos debates das aulas. “Tudo é muito livre, tudo é do momento e é muito espontâneo”, afirma.

O professor também se utiliza da poesia – assim como Simionato – para expressar o que o ambiente de trabalho não permite dizer. Nas aulas com seus alunos do ensino médio, ele vê dificuldades em mesclar a objetividade da filosofia com a subjetividade poética. “Aquilo que estudo e que tenho que passar como professor não me permite expressar alguns dos meus pensamentos e opiniões”. Fora da sala de aula, no entanto, o professor consegue dar sentido às emoções nas suas poesias. “A gente tira tanta emoção da nossa realidade que a poesia tem que nos trazer isso de volta”, declara.
Para ele, a poesia tem sido, além de um canal de expressão, a chance de deixar de lado a seriedade do dia a dia e se reencontrar com o imaginário. Trazendo para o cotidiano um olhar mais vivaz, o professor recorre ao ofício de escritor para dar lugar à fantasia. “O poema tem que se distanciar do mundo real e monótono, e trazer o encanto pela fantasia e pela imaginação”, finaliza.
Como escreveu a jornalista Paula Ribeiro, esposa de Simionato, na primeira orelha do livro Impermanência, “quem na correria do dia a dia dos tempos atuais, não gostaria de ver poesia nas pequenas coisas da vida?”
Orientação: Profa. Cecília Toledo
Edição: Aline Nascimento
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