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Falta de tempo compromete alimentação de estudantes

Em função da rotina, universitários consomem cada vez mais alimentos que são ricos em açúcares

Por: Giovana Viveiros

Segundo a nutricionista Isabela Bernasconi, o ideal é fazer três refeições principais no dia (Foto: Arquivo Pessoal)

O artigo “Consumo alimentar de estudantes universitários”, conduzido por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina em 2017 e que tem como base outros estudos feitos no país, aponta que grande parte dos universitários brasileiros “pulam refeições”, consomem alimentos ricos em açúcares e não possuem uma dieta balanceada. Esse comportamento desregrado pode prejudicar o rendimento no trabalho e na faculdade.

Segundo Isabela Bernasconi, nutricionista e mestre em ciências da saúde pela PUC-Campinas, o consumo de alimentos rápidos e ricos em gordura e açúcar provoca a deficiência de nutrientes. “A falta de nutrientes causa cansaço, desânimo e falta de energia. Esses sintomas aparecem e o jovem associa apenas à sua rotina cansativa, mas eles também estão relacionados à alimentação”, disse, em entrevista por telefone.

Eduarda Ferreira tem o hábito de comprar salgados no intervalo entre aulas da faculdade (Foto: Arquivo Pessoal)

De acordo com a profissional, o jovem tende a não pensar nas consequências futuras de se alimentar de maneira irregular. É o caso da estudante Eduarda Alves Ferreira de Sousa, de 19 anos, que cursa o 2º período de administração na Unip.

A jovem, que se divide entre trabalho e estudo à noite, não tem hora certa para comer, principalmente jantar. “Tem dias em que janto às 17h, antes da aula, mas tem dias que só como às 23h. A maioria das vezes acabo comprando algum salgado na faculdade e, de vez em quando, acabo nem jantando, por falta de tempo”, disse, em entrevista por telefone.

A estudante já tentou melhorar a alimentação, mas não conseguiu. “Tentei levar minha própria marmita para a faculdade, mas não deu certo porque me desconcentrava e eu perdia muito tempo da aula, tendo que estudar o dobro em casa. Também nunca passei com nutricionista, por falta de tempo e dinheiro. Acabo me alimentando do jeito que dá”.

Após ser aconselhado por seu gestor, Samuel Barbosa passou a se preocupar mais com a alimentação (Foto: Giovana Viveir)

O estudante do 2º período de publicidade e propaganda da PUC-Campinas, Samuel Rodrigues Barbosa, de 19 anos, também não costuma respeitar horários para comer. “Eu tomo café da manhã, almoço até as 14h, tomo café da tarde e janto perto de 1h

da manhã. Mas às vezes acontece de eu pular o almoço, geralmente porque estou com pressa para trabalhar”.

Além de reduzir o consumo de lanches, a maior dificuldade de Samuel é encontrar tempo no meio da rotina de trabalho e estudo para se alimentar bem. “Até meu chefe me deu uma bronca por estar fazendo refeições em horários aleatórios. Depois disso, estou tentando melhorar”.

Isabela Bertolla costuma tomar um café da tarde com leite e pão antes de ir para a aula (Foto: Arquivo Pessoal)

Apesar de não estar trabalhando no momento, a estudante do 4º período de artes visuais da PUC-Campinas, Isabela Arantes Bertolla, de 20 anos, também não tem uma rotina alimentar adequada. “Acordo tarde por conta de estudar à noite, por isso não costumo tomar café da manhã. Mesmo almoçando uma refeição legal com proteína e legumes, também acabo não jantando, apenas tomando um café da tarde, com leite e pão”.

A jovem acredita que sua maior dificuldade para manter uma alimentação regrada é o fato de não saber cozinhar. “Sempre fui um desastre na cozinha, por isso não consigo preparar minha própria refeição. De vez em quando acabo comendo um lanche, mas também não é sempre. Depende do dia”.

Aconselhada pela mãe e pelo namorado, Isabela começou a fazer exercício físico e fazer algumas modificações na alimentação. “Já pensei em passar por acompanhamento, mas todas as experiências que tive com nutricionistas foram horríveis. Eles estavam preocupados com meu emagrecimento, sendo que eu já tenho o peso certo para minha idade, e não era o que eu estava procurando”.

De acordo com a nutricionista Isabela Bernasconi, o ideal é que o estudante faça três refeições principais e pequenos lanches ao longo do dia. O café da manhã tem grande importância. “Acordar mais cedo e ter tempo de realizar um café da manhã completo e saudável ajuda muito. Leite e derivados, pão, frutas, cereais e ovo são alimentos interessantes para colocar o corpo e a mente para funcionarem”.

Segundo a profissional, o cérebro utiliza glicose como fonte de energia e períodos de jejum prolongados podem comprometer o rendimento e a concentração. “A sugestão para lanches rápidos é consumir frutas frescas, castanhas ou iogurte, mas se for preciso comprar algo, é interessante que seja uma vitamina ou pão de queijo, evitando salgados fritos, balas ou outras guloseimas e bebidas cheias de açúcar”.

A principal dica da nutricionista é que o estudante se organize no início da semana. “Ter em casa alimentos saudáveis, fáceis de carregar, organizar a rotina alimentar e tentar preparar o próprio alimento pode ajudar muito durante a vida universitária”.

Orientação: Prof. Me. Carlos Gilberto Roldão

Edição: Giovanna Sottero


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