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Os estudantes promovem a participação política na PUC-Campinas e buscam criação de um Diretório Central
Por: Thammy Luciano
O Coletivo Juventude Manifesta iniciou a reativação de Centros Acadêmicos dos cursos de graduação da Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Em fevereiro, o movimento esteve à frente da reativação do Centro Acadêmico Primeiro de Setembro, da Faculdade de Educação Física. Além do coletivo, outros movimentos estudantis ativos na universidade atendem às demandas dos alunos.
Rogerio Lucena, estudante de Educação Física e membro do Juventude Manifesta e do CA Primeiro de Setembro, diz que a PUC-Campinas é carente de um Diretório Central dos Estudantes, responsável por organizar os movimentos. “Precisamos ocupar os espaços políticos, organizar os estudantes ao lado de professores e funcionários, pintar a PUC de povo”, aponta o estudante.
Com o Juventude Manifesta, Rogerio organizou ações voltadas aos estudantes pagantes, pela redução da mensalidade e aos bolsistas, na luta pelo passe-livre. “Entendemos que a universidade serve ao desenvolvimento da sociedade, principalmente dos mais pobres”, explica o jovem.
Participação política
A luta social é principal pauta dos movimentos estudantis. Segundo o professor Bruno Estefanes, doutor em História Social e docente da Faculdade de História da PUC-Campinas, a ditadura fez os jovens criarem a consciência política. O desenvolvimento de políticas educacionais se dá a partir de iniciativas dos alunos. Estefanes conta que a democracia e a liberdade não existiriam sem a organização de estudantes e outros movimentos. “A importância do movimento estudantil, ao lado de todos os movimentos sociais, é fazer a democracia existir”.
Guilherme Bomba, professor de História e doutorando em História Política pela Universidade Estadual de Maringá, aponta que os atos com participação dos estudantes serviram de inspiração para os jovens que lutam por mudanças sociais. “Os estudantes detêm o poder e a potência para transformar mais uma vez a história desse país. Seja com suas produções acadêmicas ou com sua participação ativa na vida política”.
Bruno Estefanes, conta que a história dos movimentos estudantis começa antes do regime militar. Em 1937, foi fundada a União Nacional dos Estudantes (UNE), antecedendo o Estado Novo de Getúlio Vargas. Ter um movimento nacional, motivou a mobilização de outros movimentos estudantis no cenário político brasileiro.
No começo da ditadura, as organizações estudantis foram classificadas como ilegais, dando início a perseguição, tortura e morte de estudantes. Com a aprovação do Ato Institucional n. 5, em 1968, houve a suspensão de garantias constitucionais e legalização de perseguição de opositores. Para Bruno, neste período, a resistência dos estudantes enfrentou sua pior fase.
Para o professor Guilherme Bomba, a organização dos jovens que lutaram no período, foi indispensável para a sobrevivência da resistência. “Naquele momento, os estudantes eram mais do que representantes de uma classe, suas pautas eram de legítimos interesses das classes populares”, explica.
Voz dos estudantes
A participação dos alunos é uma maneira de fortalecer esses movimentos e organizações políticas. Com focos diversos, os grupos se reúnem para discutir mudanças para a vida dentro e fora da universidade. Por isso, alguns Centros Acadêmicos foram reativados. Esse foi o caso do CATO, da Faculdade de Terapia Ocupacional.
A reativação do centro surgiu a partir da iniciativa de alunos veteranos. As ações voltadas à participação política e educação dos estudantes marcaram 2019, o ano de reabertura do Centro Acadêmico. Beatriz Gomes, terapeuta ocupacional e residente no Hospital da PUC-Campinas, participou do Centro Acadêmico desde sua reinauguração. Após a proposta dos alunos veteranos de reabrirem o centro, ela diz que se interessou em razão das pautas de democratização da educação e da organização horizontal, onde todos tinham responsabilidades e voz.
Durante sua participação, foram organizados atos em defesa da educação, integração de calouros e a organização da Semana de Estudos de Terapia Ocupacional. Além disso o grupo esteve presente no Congresso Nacional de Entidades Estudantis da TO e mutirões da saúde.
Beatriz aponta o Centro Acadêmico como principal ferramenta para dar voz aos estudantes. “Acredito que o CA possibilita um espaço formal para os estudantes se manifestarem, levarem pautas do dia a dia como universitários e de repensar como as práticas tanto educacionais como políticas estão sendo implementadas”, diz a terapeuta.
Orientação e edição: Prof. Adauto Molck
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