Destaque
Famílias contam suas experiências para encorajar, incentivar e enfatizam a importância do gesto da adoção
Por: Paula Perez
Dia 25 de maio é comemorado como o Dia Nacional da Adoção, celebrando o ato de pais que acolhem crianças sem nenhuma ligação parental e cuidam delas como filhos. De acordo com dados divulgados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), no ano de 2021, 26,1% dos candidatos a adotantes desejam crianças brancas; 58% almejam crianças até quatro anos de idade; 61,5% não aceitam adotar irmãos; e 57,7% só querem crianças sem nenhuma doença. Quando trata-se de crianças com mais de oito anos, apenas 4,52% das pessoas aceitam adotar.
Luciene Floriano, moradora de Campinas, enfermeira e segurança, adotou uma menina e relata que para iniciar o processo, o candidato precisa passar por vários fases, inclusive apresentar um atestado de saúde mental. No momento em que foi acionar o profissional, ela diz que ficou impressionada. “Ele me disse que não poderia me dar o atestado de saúde mental, pois só pelo fato de querer adotar uma criança, já comprova que eu não estava bem, mas com uma ideia louca”.
Luciene conta que o processo durou dois anos e meio, mas mesmo assim não desistiu, pois o mais importante era a decisão do que queria. “Eu sempre tive certeza de querer adotar uma criança, desde os meus 10 anos, independente de já ser mãe ou de ser menina ou menino.”
Ela, que já era mãe de dois filhos, relata que na primeira ficha que fez tinha dado como preferência uma faixa de idade de três anos, mas ficou cerca de um ano e meio na espera. “Até que um dia mudei de ideia, colocando o limite de idade de até 10 anos. Um mês depois, recebi uma ligação dizendo que tinha a Arielle, de oito anos, me aguardando. Quando ela foi colocada no processo de adoção, possuía apenas quatro anos.”
Silas Puerta mora em São Paulo e é diretor da escola ETEC Carlos de Campos. Ele adotou um menino, juntamente com o seu marido. Silas conta que o seu processo também foi demorado “No primeiro ano inserimos idade até quatro anos, mas mudamos no segundo ano para até oito anos, adotando o Thiago que possuía seis anos e oito meses.”

A família de Adrielle sentiu dificuldades ao trazê-la para o mundo real, já que a menina não demonstrava emoções, queria ser forte, era agressiva, tanto com ela, como com outras pessoas, além de ter medo no olhar. “Tive que conhecê-la, saber quem ela é: suas vontades, seus medos, e só assim pude reconstruir para construir”, destaca Luciene.
A vida da criança antes de ser adotada pela família de Luciene foi difícil. Ela passou fome, conviveu com uma mãe usuária de drogas que constantemente levava homens para a casa, além de que seu pai era morador de rua. Seus irmãos eram mais velhos e acabaram pulando o muro e fugindo, então, uma das maiores dificuldades foi a inserção da criança em um ambiente familiar. “O que poderia mudar e fazer a diferença é a criança ser abrigada por famílias acolhedoras, não precisando mudar totalmente a sua rotina em um abrigo, assim, quando vier uma pessoa para adotar, ela não está fora da realidade.”

Rosa Lima, psicóloga, também acha válido o abrigo em casas de famílias acolhedoras. “A família é sempre melhor que uma Instituição, pois irá dedicar-se à particularidade da pessoa, porém, é necessário o acompanhamento da chegada e desprendimento, quando necessário, para não representar um outro rompimento ou ‘abandono.” Para a psicóloga, a adoção deve ser tratada com naturalidade. “Como um processo de amor, de espera, como ocorre uma gestação, com planos, sonhos e conquistas; portanto, quando a criança chega na família, ela pertence por inteiro neste lar…assim, ela vai interiorizando sua presença, ficando a adoção um detalhe da sua existência”, destaca.

Silas conta a história difícil de Thiago. “Ele não tinha irmãos, convivia apenas com a mãe nas ruas da Zona Leste de São Paulo. As situações de rua e maus tratos afetaram diretamente o desenvolvimento motor e psicossocial do Thiago.” Ele ainda diz que precisou buscar profissionais para auxiliá-los. “Precisávamos de assistência psicoemocional e motora, depois, seguimos com relação a autoconfiança, porém, hoje, observamos que as dificuldades são as ‘normais’ que pais enfrentam com filhos na idade de nove anos.”
Hoje ele diz sentir orgulho de ser pai. “Ele é maravilhoso, e ser pai é uma experiência incrível, que nos fez ressignificar muitas coisas. Aprendemos o verdadeiro significado de reciprocidade e empatia”, finaliza.
Orientação: Prof. Gilberto Roldão
Edição: Sophia De Castro
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