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Especialistas apontam entraves no incentivo à leitura infantil e agravamento dessa questão pelo período pandêmico
Por: Ana Luiza Frozino Gomes e Larissa Fortunato
Além de ser reconhecido como o Dia Internacional dos Trabalhadores, o primeiro de maio também é lembrado como o Dia da Literatura Brasileira, uma oportunidade para homenagear a diversidade de autores e obras produzidas no país. No entanto, a leitura não se mostra presente na vida de crianças e adolescentes brasileiros com a intensidade necessária. Estudos realizados pelo Instituto Pró-livro de 2020, apontam que 44% dos brasileiros com mais de cinco anos de idade não são leitores, o que significa que não leram nenhum livro nos últimos três meses.

Segundo a psicóloga infanto-juvenil Fernanda Garcia, é de extrema importância o incentivo à leitura, pois com ela a criança consegue ter a oportunidade de criar e imaginar. A profissional afirma que atualmente as crianças estão vivendo mais no “concreto”, quando a criança reproduz atitudes de um adulto e não se interessa por atividades da sua idade.
Para Fernanda, as histórias infantis são histórias que trazem um pouco de moral e empatia. “Ler histórias clássicas, conversar com a criança sobre e trazer um conhecimento, melhora o relacionamento com as pessoas”, esclarece.

Karla Preto, mãe da Rafaela, 10 anos, conta que muito dificilmente a filha se interessa pela leitura, e apesar do incentivo, os eletrônicos chamam mais a atenção da menina, que se deixasse, ficaria o dia todo em frente as telas. “Infelizmente o tempo para permitir que os pais de modo geral façam esse contato de mostrar e inclusive lerem juntos, também está mais escasso”, lamenta.
De acordo com a Professora de uma escola particular em Hortolândia, Zilda Gemeinder, que trabalha há 25 anos na educação, menos de 50% de seus alunos têm o hábito de leitura. “Percebo que muitos pais querem que seus filhos leiam mais, mas só o incentivo às vezes não é o suficiente. Os eletrônicos tomaram conta da vida dos adultos e as crianças vão pelo mesmo caminho”, relata.

Já na escola em que Zilda trabalha, há uma biblioteca infantil, onde semanalmente acontecem as aulas de cultura geral. Lá os alunos participam da contação de histórias, dramatizações e atividades lúdicas relacionadas a leitura. A profissional defende que a criança precisa estar em contato com o que lhe dá prazer, não precisa demandar muito tempo, mas precisa ser constante.
A professora afirma que o número de leitores em sua sala de aula já era baixo e com a pandemia da Covid-19 a situação se agravou ainda mais. “Algumas crianças estão com mais dificuldades de autonomia para fazer qualquer atividade na escola, outras estão bem independentes pois aprenderam a se virar. E algumas parece que pararam no tempo. Por incrível que pareça, a leitura está diretamente relacionada a essas condições”, explica.

Um caso considerado ideal, é realidade na família da Manuela Monteiro, mãe da Beatriz, 10 anos. A menina lê todos os dias sem que os pais tenham que pedir, pois a prática já se tornou espontânea em sua vida.
Manuela diz que a filha desde pequena esteve em contato com os livros e é uma atividade que a família sente prazer. Ela e seu marido gostam de transmitir essa referência para a menina, e para que esse estímulo tenha os resultados esperados, distribuíram pela casa inteira diversos livros, desde gibis nos banheiros, até prateleiras espalhadas pelos outros ambientes com livros de temas diversos. O casal acredita que essa visão colabora para gerar o interesse nas crianças. “A gente vai muito em mostra cultural, museu e tudo isso custa a leitura, porque isso leva a pesquisar e gera interesse”, explica.
A escola escolhida pelos pais de Beatriz é um reflexo desse propósito na vida da menina. Segundo a mãe, toda terça-feira fazem rodízio de livros, encaminham pontualmente literatura para comprar e ter em casa, além de possuir uma biblioteca aberta para que a família visite e usufrua, inclusive aos finais de semana. “Vejo ela totalmente a cara da escola”, afirma Manuela sobre a importância da escolha da educação da filha.
ACOMPANHAMENTO E DISTANCIAMENTO DOS ELETRÔNICOS
Os eletrônicos hoje em dia são os melhores amigos dos pais, pois podem facilmente colocar um desenho na Netflix ou um vídeo interativo no YouTube para entreter as crianças enquanto desenvolvem alguma outra atividade. “Esse suporte que os aparelhos oferecem estão sendo utilizados sem ter um limite”, explica a psicóloga Fernanda.
O uso de eletrônicos na vida da filha da Manuela, acontece somente aos finais de semana e com horário regulado. Beatriz não possui um celular próprio ou redes sociais, ela joga apenas jogos pelo computador e assiste à televisão em alguns momentos do dia.
Mas para Karla, uma tentativa de trazer a filha para mais perto dos livros é comprando temas do interesse dela e acompanhando de perto o que ela lê, mesmo que seja por meio de aparelhos digitais, que também permitem uma boa leitura.
Tendo em vista que a criança já nasce inserida no universo letrado, torna-se fundamental para seu desenvolvimento o contato com os livros, que permitirá uma vivência de mais qualidade frente às diferentes situações do cotidiano e sua forma de enxergar o mundo.
ONDE ENCONTRAR ESTES INCENTIVOS?
Para a prática desse hábito, o projeto de incentivo à leitura organizado pela Prefeitura de Hortolândia, nomeado de “Gostou? Leva pra casa!”, é uma ação que acontece todas às quartas e sextas-feiras, das 8h às 17h. Os interessados podem levar os livros dos estandes para casa sem a necessidade de devolução.
A Biblioteca Municipal está localizada na rua Luiz Camilo de Camargo, 581, no piso inferior do Open Shopping.
Meios de contato:
Telefone: (19) 3887-1684
WhatsApp: (19) 98970-7332
E-mail: bibliotecacentral.smc@hortolandia.sp.gov.br
Orientação: Prof. Gilberto Roldão
Edição: Laura Nardi
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