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Rede social é a preferida do público jovem, que se mostra adepto do consumo consciente
Por Geovana Zanaki
Se por um lado as lojas físicas de brechós perderam clientela na pandemia, o comércio virtual neste segmento registrou crescimento. De acordo com um levantamento realizado pelo Sebrae, baseado em dados da Receita Federal, houve um aumento na abertura de estabelecimentos que comercializam produtos de segunda mão, como os brechós, de 48,58% nos primeiros semestres de 2020 e 2021.
Segundo a publicitária Stella Vasconcellos, que produz conteúdo para o Instagram e Youtube (@diga_xs) sobre brechós, bazares e moda circular, foi possível acompanhar a aceleração de vendas desse nicho no meio virtual, sobretudo no Instagram, nos últimos meses. “Muitos brechós de renome com lojas físicas se viram obrigadas a vender online”, afirma.
Fernanda Alves, proprietária do @miabrecho, em Campinas, também sentiu o impacto da pandemia em seu negócio. Em função da queda no faturamento, ela foi obrigada a fechar a loja física em 2020 e focar apenas na venda virtual, pelo Instagram. Fernanda abriu seu brechó em 2016, com foco na estética dos anos 90 e 2000 e moda vintage. Seus clientes tinham a opção de fazer as compras na loja física ou pelo e-commerce, mas com a pandemia a situação mudou.
Mesmo com a venda pelo e-commerce, ela sentiu o baque em sua renda. A saída foi fazer alguns trabalhos como freelancer. “Antes da pandemia já havia passado por uma crise ali e outra aqui, mas nunca houve um impacto tão grande como foi durante a pandemia”, conta.
Além da pandemia, outros fatores incentivaram o consumidor a frequentar e consumir de brechós, como o consumo consciente, que mudou os hábitos principalmente de uma parcela considerável de jovens e adultos. Em defesa da sustentabilidade, muita gente trocou as lojas de roupas de departamento pelas de segunda mão. Para a proprietária do perfil @diga_xs, a quebra de estereótipos em relação às roupas de brechó influenciou o crescimento deste tipo de negócio.
Ela percebe uma “evolução” de muita gente por este tipo de comércio. “Costumo dizer que o preconceito existe e agora temos novos preconceitos, mostrando que ainda não é uma ideia totalmente difundida, mas que já evoluímos muito é inegável. Antes o preconceito era sobre roupa de morto”, explica.
A estudante de psicologia da PUC-Campinas, Juliana Andreasi, de 20 anos, proprietária do brechó virtual @sempre_ju, concorda com Stella. “Tenho em mente de que as peças de segunda mão estão vindo com tudo. Sinto que nossa geração não se apega ao fato de uma peça já ter sido usada por outra pessoa”.
Fast fashion
A mudança de hábitos entre os consumidores vem crescendo dia a dia, assim como o combate aos impactos socioambientais causados pelo modelo de produção e de consumo conhecido por fast fashion. Segundo esta cultura,a produção em alta escala é feita em menor tempo, com baixo custo e qualidade. Além disso, a indústria do fast fashion estimula o consumo desenfreado.
O boom dos brechós, tanto em loja física como virtual, vai na contramão desse modelo e comprova uma maior conscientização ambiental por parte dos consumidores. Bruna Lima, de 20 anos, de Campinas, comprava em brechós esporadicamente, mas foi durante a pandemia que ele se tornou uma consumidora assídua.
“Passei a ser consumidora mesmo no ano passado, quando comecei minha mudança de estilo. Vi em brechós uma opção viável para fazer essa transição de estilos, sem precisar gastar muito”, conta. “Eram peças de maior qualidade, muito mais voltadas para o meu estilo também, que era difícil de eu achar nas lojas de fast fashion. Comprar em brechós é a melhor escolha, pois você consegue peças lindas, únicas, por preços mais acessíveis e ainda ajuda a diminuir o consumo na indústria fast fashion”.
O brechó virtual de Juliana Andreasi foi aberto em plena pandemia. Focado na estética dos anos 2000 e suas derivações, ele nasceu depois de uma experiência bem sucedida da estudante, em 2019, quando resolveu vender algumas de suas roupas para as amigas, pelo Instagram. O negócio deu certo e ela quis mais. No ano passado, ela montou o @sempre_ju.
Juliana mora com os pais e tem a mãe como seu braço direito na curadoria e cuidado com as peças. Hoje, o brechó é sua única fonte de renda e primeira experiência de emprego. “Faturei, perdi, investi, reinventei, me frustrei, me alegrei. O brechó tem sido uma estrada de emoções”, admite.
Meio ambiente
Em defesa do meio ambiente, Fernanda Alves afirma, que é consumidora de brechós desde os 14 anos e, para ela, há roupas demais no mundo. “Comprar roupas de segunda mão é a forma mais ecológica e consciente de se vestir”, analisa. Bruna declara que pensa nos impactos causados pela indústria da moda, ainda mais quando vê as consequências evidentes que essa indústria tem trazido ao meio ambiente. E Juliana Andreasi defende o uso de roupas de segunda mão. “É muito melhor comprar algo que já existe. O planeta agradece”, completa.
Dicas
Quem quiser se tornar um consumidor dos brechós físicos e remotos pode seguir as dicas de Stella. O primeiro passo é ter em mente o que realmente a pessoa gosta e está em busca de comprar, pois isso facilita a seleção dentro do seu objetivo, durante o garimpo. “Uma dica que funciona muito bem pra mim é ter bastante referência. Sabe aquela pastinha no Pinterest? É isso! Quanto mais informações e referências você tem, é mais fácil enxergar o potencial da peça, saber com o que ela pode ser usada, combinada, etc”, diz.
Ela também recomenda que se busque na internet brechós e bazares beneficentes ao redor de seu bairro e cidade. Stella faz isso em cada cidade que visita e assim foi possível construir um mapa com um roteiro dos brechós em que já esteve. “Acredito que toda cidade tenha brechó. Dificilmente eu viajei para algum lugar que não tivesse um comércio assim, dentro ou fora do Brasil. Outra dica é ficar de olho em placas em igrejas, que são meus lugares favoritos para garimpar. Basicamente a maior dica é se manter atento”, finaliza
Orientação: Profa. Cecília Toledo
Edição: Oscar Nucci
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