Destaque
Ensaio fotográfico também arrecadou R$5.032,00 em prol das atividades assistenciais da instituição
Por Mattheus Lopes e Bruna Dalago
Durante o Outubro Rosa, mês em que a campanha busca trazer mais atenção para o câncer de mama, o Grupo Rosa e Amor realizou uma parceria com a fotógrafa e publicitária Daniela Prado para fornecer visibilidade às pacientes diagnosticadas com câncer e também como forma de arrecadação de dinheiro. O câncer de mama possui a maior incidência de mortes de mulheres brasileiras por conta de um diagnóstico tardio e de acordo com os dados da Secretaria de Saúde de Campinas, é também é o câncer com mais incidências entre as mulheres da cidade, representando 30% do número total de casos cancerígenos.
A Presidente do Grupo Rosa e Amor, Márcia Franzese, conta que a vontade de criar um grupo em 2000 se deu pela necessidade de ter psicólogo, de nutricionista, de uma equipe multidisciplinar que acolhesse de forma integral a mulher que está passando pelo câncer, algo que ela não encontrava durante seu próprio processo de tratamento de câncer naquela época. Localizado em Valinhos, o Grupo atende mulheres de diferentes situações socioeconômicas e com diferentes tipos de câncer, não apenas o de mama. “Temos pacientes que são atendidas pelo SUS e a outra metade que são pacientes atendidas por medicina suplementar. Todas são atendidas da mesma forma; apenas aquelas que estão em situação de vulnerabilidade social nós fornecemos cestas com alimentos funcionais que são alimentos que melhoram os efeitos colaterais da quimioterapia”, afirma.
Após quase dois anos da pandemia da COVID-19 o Grupo está buscando a retomada das atividades presenciais, dentre elas: acompanhamento psicológico para pacientes e seus familiares, arrecadação de alimentos e roupas, cursos de qualificação profissional etc. Por todos seus serviços serem de graça o Grupo sempre esteve buscando em seus 21 anos de vida maneiras de arrecadação financeira para se sustentar. Durante a pandemia, a situação apenas piorou.
Durante a pandemia as atividades do grupo tiveram que se alterar para o meio remoto, porém essa situação também deixou os arrecadamentos de comidas e dinheiro em uma situação restrita já que muitos dos doadores foram afetados economicamente também. Além disso, Franzese conta que a pandemia criou um maior número de pedidos de cestas básicas de alimento. Antes eram entregues entre seis a sete cestas de alimento, atualmente mais de 60 cestas mensais são feitas. “O mês de outubro é apenas um momento de chamar a consciência, mas isso deve ser prolongado o ano inteiro”, afirma Franzese.
De acordo com O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que durante 2021 e 2022, sejam diagnosticados no Brasil 66.280 novos casos de câncer de mama, com um risco estimado de 61,61 casos a cada 100 mil mulheres. No Brasil, o câncer de mama é também o tipo de câncer mais incidente em mulheres de todas as regiões, após o câncer de pele não melanoma. As taxas são mais elevadas nas regiões mais desenvolvidas (Sul e Sudeste) e a menor é observada na região Norte. Em 2021, estima-se que ocorrerão 66.280 casos novos da doença, o que equivale a uma taxa de incidência de 43,74 casos por 100.000 mulheres, muitos desses dados alarmantes se apresentam por conta de uma diagnóstico tardio.
Desde 2017 a fotógrafa e publicitária, Daniela Prado realiza o projeto fotográfico ‘Vejo Flores em Você’ para arrecadar fundos para o Grupo Rosa e Amor. Especializada em realizar ensaios apenas de mulheres, a fotógrafa foca na sensibilidade e na pluralidade do feminino, até mesmo em situações de doença. “Eu estava tomando um café e comecei a ter ideias de como seria a campanha e eu pensei em como queria ver flores nas mulheres, e queria ver flores através da força, da garra delas”, relembra a fotógrafa. Quando iniciou o projeto a 5 anos atrás Daniela não tinha ideia de ajudar alguma instituição, porém ela encontrou na fotografia uma maneira de ser parte da história de diferentes mulheres, muitas delas com câncer. Realizando o projeto em 2018, 2018 e uma exposição fotográfica em 2019 foi um marco para ela. Daniela conta que o mais importante atualmente, diferente da primeira versão do projeto, é que agora o ensaio é focado em reverter grande parte dos fundos monetários para o Grupo Rosa e Amor.
No último ensaio realizado este ano, a fotógrafa conseguiu arrecadar R$5.032,00 em prol das atividades de assistência médica, econômica, psicológica e social do grupo Rosa e Amor. Daniela Prado acredita no poder da fotografia como uma forma de empoderamento para as mulheres que estão em processo de tratamento contra o câncer. Muitas fotos contaram com mulheres que já se curaram do câncer de mama, porém também com mulheres que queriam ajudar o Grupo Rosa e Amor e decidiram pagar para serem fotografadas. “Eu vejo flores em que é fotografada, e as mulheres que fazem fotos veem flores para quem estamos fazendo a doação. É flores para todo o lado”, destaca Daniela.
Entre as modelos que participaram estava a psicóloga, ex-paciente do Grupo Rosa e Amor, Roberta Nunes Barbosa. Diagnosticada com câncer de mama em 2013, Roberta conta que ficou muito assustada por não ser grupo de risco e não ter histórico de câncer na família, um “mito” conta ela, que muitas pessoas acreditam que se não existem casos familiares o cuidado deve ser menor. Atendida pelo Rosa e Amor durante seus cinco anos de tratamento até 2018, Nunes conta que conhecer a instituição “foi uma das coisas boas que eu conheci através da experiência de ter sido diagnosticada com câncer de mama”, e que a forma como o câncer é cuidado e debatido é o maior diferencial. “Na hora que você chega lá você não vê tristeza, você vê muita vida e você vê principalmente o testemunho vivo de pessoas que passaram pelo o que você passou. Não é uma pessoa que você está lendo em um jornal ou em uma revista, é ali, eu estou vendo. Isso é muito bom, é uma mensagem de força, de esperança é uma certeza de que pode dar certo, de que a nossa luta vai dar certo” afirma.
Após ser diagnosticada com câncer, Roberta realiza diversos debates e palestras, online e presencialmente, sobre o câncer de mama e a necessidade do autocuidado feminino para se quebrar os estigmas que englobam a doença. Sempre que pode, a psicóloga posa para fotos em lugares públicos e em suas viagens buscando mostrar para outras mulheres que é possível vencer o câncer. Hoje em dia Roberta continua careca após as sessões de quimioterapia, porém por vontade própria. “Aprendi a assumir minha careca, a assumir que estou bem assim e que a gente é bonita dependendo não dos cabelos, a gente é bonita dependendo do que você sente. Se você se sente bem com cabelo, coloca peruca, coloca prótese, mas eu não me sentia bem então eu assumi isso”.
Para Roberta, posar para as fotos e ajudar o Grupo Rosa e Amor, no qual hoje ela ajuda nas atividades internas e em eventos, “foi um verdadeiro prazer, além de que dá oportunidade para outras mulheres de participar e de ajudar outras. É um exercício de sororidade através da beleza da fotografia”, e buscar trazer visibilidade para as histórias de mulheres diagnosticadas é para ela é uma das formas de conscientização mais efetiva. Porém Nunes retoma que devem existir mais políticas públicas e “apoio de cada município para fazer esses atendimentos, né? Tanto do diagnóstico, como do tratamento, então além dessa parte de ter informação elas também precisam ter condições e aí é questão mesmo de política pública, de advocacia que a gente também faz através do Rosa”, afirma Roberta.
Para conhecer mais sobre os serviços gratuitos do Grupo Rosa e Amor acesse AQUI
Orientação: Prof. Gilberto Roldão
Edição: Luiz Oliveira
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