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Abrigo acumula dívida de mais de 27 mil reais e pedidos de resgate não param de chegar
Por Laura Nardi e Mariana Telles
Com uma queda de 75% das doações de voluntários, quando comparado ao período anterior à pandemia, no início de 2020, e com uma dívida avaliada em cerca de R$27 mil, o projeto Pata Sem Dono, localizado em Vinhedo (SP), suspendeu temporariamente os resgates de animais de rua, desde quarta-feira (17). “É muito difícil para nós receber tantos casos e não poder ajudar”, disse a vice-presidente Beatriz Beltramini, alegando que a ONG tem sob responsabilidade mais de 145 animais já acolhidos. “Precisamos mantê-los saudáveis e em um ambiente com o espaço e o amor que eles merecem”, completa.
Abrigando 110 animais entre cães e gatos no lar temporário e mais 35 internados em um centro veterinário parceiro, a Pata Sem Dono resgata, cuida e doa animais abandonados em todo o estado de São Paulo. As três protetoras independentes Beatriz Beltramini, Vanessa Ribeiro e Patrícia Ribeiro trabalham para manter as portas abertas, mas as dívidas acumuladas e o alto número de chamados para resgates têm preocupado. “O nosso maior medo era ter que parar os resgates. Recebemos uma quantidade excessiva de pedidos, e a gente já tem os nossos custos fixos mensais com os nossos pets acolhidos. Cada animal gera, em média, um custo mensal de R$1.200,00 para os cuidados necessários”, afirmam elas.
O mês de outubro foi um período de complicações para o projeto: as contas fecharam em R$140.256,00. Para a vice-presidente da ONG, os efeitos econômicos causados pela pandemia da Covid-19 têm influência no aumento do número de abandono de animais. Isso se confirma pelo levantamento da Ampara Animal (Associação de Mulheres Protetoras dos Animais Rejeitados e Abandonados), que mostrou que o abandono de animais domésticos cresceu de 60% a 70% entre julho de 2020 e fevereiro de 2021 (em comparação com 2019). Antes da pandemia, a ONG Pata Sem Dono resgatava em média 20 animais por mês. Hoje, este número chega a 88.
A protetora Beatriz Beltramini também chama atenção para uma expressiva queda nas doações em decorrência desse cenário. “Sempre passamos por dificuldades financeiras porque dependemos 100% de doações. Se o financeiro das pessoas não está bom, como aconteceu na pandemia, acaba piorando para gente, porque as doações em dinheiro diminuem muito”. Segundo disse, a ONG conseguia arrecadar até R$60 mil por mês de contribuições voluntárias, mas hoje não adquirem nem R$10 mil.
Atualmente, o amparo provém de duas principais empresas, Centro Veterinário Fernandes, situado em Cotia-SP, e PetCamp Vinhedo. O responsável pela clínica veterinária Fernandes, Diego Fernandes, conta que soube do trabalho realizado pelo Pata Sem Dono por intermédio de uma outra ONG com a qual já possuía parceria. “Hoje trabalhamos com valores diferenciados para as ONG ‘s. Disponibilizamos veterinários para acompanhá-los nos resgates e, ainda, contamos com uma equipe 24 horas de prontidão para receber os animais resgatados pelo Patas Sem Dono”, explica. Já o gerente da PetCamp Vinhedo, Márcio Ridolfi, disse que tomou conhecimento do projeto através de uma médica veterinária da equipe, e que ajudam por se tratar de uma causa importante para os pets de rua. Ele conta que contribuem com feirinhas de adoção e, ainda, por meio de doações colocadas em caixas nas suas lojas.
MOTORGRID PET
Com um prazo limite de até 10 de novembro, a ONG deveria pagar mais de 100 mil reais para a clínica veterinária Fernandes. Porém, as protetoras do projeto estavam com o saldo negativo quitado com o evento promovido pelo Motorgrid Pet, realizado na primeira semana de novembro. Com essa atividade, conseguiram arrecadar R$ 110 mil para o projeto. O Instagram oficial do Motorgrid revela que a ajuda para a Pata Sem Dono Pet aconteceu pela necessidade apresentada pela entidade. “A Pata Sem Dono foi a que mais mexeu com a gente”.
O valor arrecadado foi suficiente para quitar as despesas veterinárias, mas há ainda um saldo negativo de R$ 27 mil em dívidas com auxiliares de limpeza dos canis, lar temporário em Vinhedo, adestrador e advogado. “Nossos custos são mensais e precisamos de ajuda”, revela a vice-presidente da ONG.
ADOÇÕES
No que se refere às adoções, de acordo com uma pesquisa realizada em junho deste ano pelas empresas DogHero (plataforma online que conecta quem tem pet a uma comunidade de anfitriões) e PetLove (site de produtos e serviços para pets), 54% dos entrevistados adotaram um pet durante o período pandêmico. O levantamento tem abrangência nacional e foi realizado com 2.665 pessoas. “As adoções aumentaram porque as pessoas que trabalham de home office quiseram um pet para suportar a rotina”, diz a vice-presidente da ONG, Beatriz Beltramini. Porém, segundo relata, especificamente nos últimos dois meses – setembro e outubro – houve uma redução no número de adoções. Se antes faziam, em média, de 10 a 15 adoções por mês, neste período de adversidades o número caiu para apenas duas.
Thaís Teixeira é uma das pessoas que contribuíram com o projeto adotando um pet. Ela conta que ficou sabendo da adoção promovida pela ONG pelo Instagram e resolveu ajudar. “Antes mesmo de adotarmos a Mayla eu já tinha começado a fazer doações pois me colocava no lugar delas, não conseguir virar as costas para um animal que estivesse sofrendo. Depois que adotamos, eu aumentei a minha frequência de doações, pois quero que as meninas continuem tendo condições de fazer esse trabalho”, afirma. Já Michelle Menezes, que também adotou um animal no Pata Sem Dono, disse que fez a adoção depois de assistir a um vídeo de resgate compartilhado pela ONG. Segundo ela, é uma sensação maravilhosa adotar um animal que estava passando por necessidades. “Ter a Moana Mel comigo hoje traz muita alegria”, disse.
COMO AJUDAR
Os interessados em ajudar podem entrar em contato pelo perfil da ONG no Instagram: https://www.instagram.com/patasemdono/. As doações podem ser ração ou dinheiro via PIX: 34476419836.
Orientação: Profª. Rosemary Bars
Edição: Letícia Almeida
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