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Desde os 40 anos, Rage Baracat mantém medicação em dia e controla rigorosamente a dieta
Por Gustavo Costa e Vitória Silva
A Federação Internacional de Diabetes (IDF), em conjunto com a Organização Mundial de Saúde (OMS), definiu a data de 14 de novembro como o “Dia Mundial do Diabetes”, tendo por objetivo conscientizar as pessoas sobre a prevenção e o controle da doença. Só no Brasil, a Sociedade Brasileira de Diabetes mostra que, em 2019, mais de 12 milhões de pessoas viviam com a doença, tendo esse um número potencial para crescimento.
Um agravante nesse quadro é que uma pesquisa feita no primeiro semestre de 2020, pela Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), com 1,7 mil brasileiros que possuem a doença, mostrou que 38,4% deles não compareceram nas consultas e exames, por negligência ou por medo de ir às unidades de saúde.
Com a pandemia do novo coronavírus e o isolamento social, todos ficaram focados no aumento do número de casos e mortes e muitos se esqueceram das doenças que, há bastante tempo, atingem a população com alto índice de mortalidade. Muitas pessoas diagnosticadas com doenças crônicas, como por exemplo o diabetes, adiaram as consultas médicas e exames de rotina.
A desistência das consultas por conta da pandemia, somada à falta de atividades físicas e de cuidados com a alimentação, traz grandes riscos a quem tem diabetes. A nutricionista do Hospital PUC Campinas Isabela Bernasconi comenta que, nesse período, diversas pessoas deixaram de dar tanta atenção aos cuidados com a alimentação.
“Houve quem aproveitou o tempo em casa para cozinhar mais, mas houve um grande aumento de consumo de alimentos por delivery, o que provocou um descontrole alimentar e fez muita gente se alimentar mal e ganhar peso”, afirma.
O endocrinologista e diretor do Centro de Pesquisa do Hospital PUC Campinas, Danilo Villagelin Neto, explica que entre as principais causas de diabetes, está o fator hereditário, mas ressalta a influência da obesidade nos diagnósticos. Ele enfatiza: “O principal fator de risco é a obesidade e principalmente esse tecido adiposo, esse tecido de gordura que se deposita em volta do abdômen, que nós chamamos de obesidade central ou obesidade visceral. Esses pacientes têm um risco muito mais elevado de desenvolver diabetes quando comparado com controles magros, por exemplo.”
O endocrinologista, explica ainda, que os pacientes que apresentam alguma comorbidade têm maior probabilidade de desenvolver de forma mais grave a Covid-19, e que os principais fatores de risco em relação ao coronavírus são a obesidade e, logo depois, a presença do diabetes mellitus. Uma pesquisa, apresentada no encontro anual da Associação Europeia para o Estudo do Diabetes (EASD) desse ano, mostrou que pacientes com diabetes Tipo 2 têm 2,5 vezes mais probabilidade de morrer em caso de internação por Covid-19.
Exemplos de quem se cuida
Giovanna Marim e Rage Baracat, ambos diagnosticados com diabetes, são exemplos de pessoas que não abandonaram os cuidados com a doença durante a pandemia. Eles mostram que, mesmo com as dificuldades, é importante sempre estar atento, tomando os cuidados necessários para controlá-la.
O cuidado faz parte da rotina da atendente de farmácia Giovanna Marim, de 20 anos, que foi diagnosticada com diabetes Tipo 1 aos onze anos de idade. Durante a pandemia, mesmo não percebendo mudanças em seu quadro, a jovem comenta que os cuidados foram mais rigorosos, já que faz o uso da bomba de infusão de insulina junto ao sensor glicêmico, para controlar o diabetes.
“Tive cuidados extras quando familiares próximos testaram positivo e fiz o uso da medição por mais vezes ao longo dos dias, para poder ter a certeza de que não estava tendo mudanças na taxa glicêmica”, disse Giovanna.
Assim como Giovanna, o aposentado Rage Baracat, de 60 anos, que foi diagnosticado com diabetes Tipo 2, afirma que, durante a pandemia, tem tomado ainda mais cuidados com a saúde, pois sabe que, se testar positivo para Covid-19, o seu caso pode agravar. Rage recebeu o diagnóstico há 20 anos, através de um exame de rotina.
“Para tentar controlar, eu faço uma alimentação rigorosa, evitando qualquer tipo de açúcar, qualquer tipo de carboidrato, uma alimentação controlada, com bastante frutas, verduras e legumes”, explica Baracat.
A glicemia elevada pode causar, a longo prazo, graves prejuízos ao organismo, como lesões e placas nos vasos sanguíneos, que comprometem a oxigenação dos órgãos e aumentam o risco de infartos e AVCs. Baracat é um exemplo disso, ele sofreu um AVC em agosto deste ano, tendo o lado direito afetado e, para a recuperação, conta com a ajuda de remédios e a fisioterapia.
Para entender o diabetes
Segundo o Ministério da Saúde, o Diabetes Mellitus é uma doença caracterizada pelo alto nível de glicose no sangue. Esse aumento de glicose pode ocorrer por dois motivos principais, que dividem os diagnósticos entre Tipo 1 e Tipo 2. O primeiro ocorre quando o pâncreas não produz insulina, ou produz em baixa quantidade, devido a uma deficiência do sistema imunológico, que ataca as células produtoras de insulina e é mais comum entre crianças e jovens.
Já o Tipo 2 é quando o pâncreas produz insulina, mas o corpo cria resistência a ela. Nesse caso, o pâncreas começa a produzir mais insulina, para controlar a taxa de glicose no sangue. Porém, depois de um tempo, o órgão fica exausto e não consegue mais produzir a mesma quantidade. Por esse motivo, o diagnóstico é mais comum em adultos.
Apesar do diabetes parecer algo muito grave, é possível conviver com a doença quando se tem informações de qualidade e se aprende o que é necessário para lidar com ela. O mais importante é controlar o nível de glicose no sangue, para evitar complicações. Para isso, além da medicação e uma rotina de exercícios físicos, a alimentação controlada é fundamental, como explica a nutricionista do hospital da PUC-Campinas Isabela Bernasconi, no vídeo abaixo.
Aqui, acesso ao vídeo explicativo para entender mais sobre a diabetes.
Orientação: Profa. Ivete Cardoso Roldão
Edição: Beatriz Mota Furtado
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