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Aluno de baixa renda familiar frequenta cursinho voluntário e relata discrepância nas oportunidades
Por: Caroline Adrielli
A pandemia da covid-19 alterou o modo de estudo dos vestibulandos, principalmente dos alunos de baixa renda, que não tem condições de arcar com os custos de um curso pré-vestibular particular e tiveram que encontrar outros meios para estudar. Estes alunos, que já têm outras dificuldades como conciliar a rotina de estudo e trabalho, tiveram ainda que se adaptar a sala de aula virtual.
Com a data dos principais vestibulares chegando, como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a Comissão Permanente para os Vestibulares da Unicamp (Comvest) e a Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest), os alunos relatam que se prepararam por mais um ano em casa devido à pandemia da covid-19, alguns por opção e outros por obrigação.
Para alunos que conciliam trabalho com os estudos, como Marcos Paulo de Sousa Martins, de 18 anos, que trabalha como auxiliar administrativo e tem o sonho de cursar Biotecnologia, ter a oportunidade de fazer um curso pré-vestibular gratuito foi essencial para conseguir manter os estudos.
Apesar de as aulas serem obrigatoriamente online e em casa, Marcos conseguiu se adaptar. “No início eu sentia dificuldades no ensino online porque minha casa é barulhenta e eu tenho Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), e qualquer coisa me distrai. Hoje consegui me adaptar graças a ajuda dos professores do curso voluntário, que são muito didáticos, mesmo por vídeo”, conta o auxiliar administrativo.
Cada aluno se adaptou ao ensino remoto de uma maneira diferente. A estudante Sthefany Mariah Fabbri Vieira, de 19 anos, teve a opção de fazer o curso pré-vestibular presencial por ser particular, mas tem preferência por estudar em casa, diferente de Marcos que teve dificuldades com as aulas remotas obrigatórias no início de 2020. “Optei por estudar em casa devido a pandemia, porque tenho grupo de risco na família” conta Sthefany que tenta uma vaga em Medicina.
Fazer um curso pré-vestibular foi essencial para a autoestima e aprendizado de Marcos. “Eu faço um curso gratuito e voluntário, é muito diferente de um particular e ele vai muito além do conteúdo, também trabalha a autoestima. Eu, como aluno de escola pública e baixa renda, tive minha autoestima muito afetada devido a diferença nas oportunidades em comparação com um aluno de curso particular. Fazer o curso voluntário me trouxe autoestima e muito aprendizado. Agora, invés de pensar que não vou conseguir ou que é um sonho distante, sinto que sou capaz e estou muito mais confiante”, relata.
A pandemia fragilizou ainda mais o quadro de desigualdade social e econômica no Brasil, que já havia subido a pontuação de 88,2 para 89 entre 2019 e 2020 segundo relatório de riqueza global feito pelo banco Credit Suisse.
Além disso, em crítica à desigualdade social no Brasil, o auxiliar administrativo e estudante Marcos também aponta que todos tem capacidade, mas o que falta no país é estrutura para que os alunos possam ir além. “Acredito que os meus meios para conseguir uma vaga na Universidade, como aluno de um cursinho voluntário e de baixa renda, são diferentes dos meios de alguém que tem mais oportunidades econômicas”, afirma.
Para tentar reduzir o abismo social entre as oportunidades dos estudantes para ingressar no curso superior, o enfermeiro Matheus Sene, de 22 anos, fundou o projeto Cursinho Para Todos (CPT). O CPT é um projeto voluntário que atende os alunos de baixa renda de Várzea Paulista, Jundiaí e região, oferecendo gratuitamente preparação para os vestibulares. Atualmente as aulas estão sendo online devido à pandemia.
Atualmente, o projeto já atende 42 alunos. “Para participar basta se inscrever no processo seletivo, que divulgamos em nossas redes sociais e acontece sempre em fevereiro e março, com 60 vagas disponíveis para alunos de escola pública e com baixa renda familiar” explica o presidente do CPT Matheus Sene.
Orientação: Prof. Gilberto Roldão
Edição: Marcela Peixoto
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