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Pedro Rosa, Júlio de Andrade e Jessyka Rodrigues dizem que problema leva ao desamparo social
Por Ana Clara Moniz
O processo de exclusão histórica faz com que as pessoas de gênero não heteronormativo – particularmente das camadas menos favorecidas da sociedade – fiquem desassistidas por não serem incorporadas em políticas públicas focadas no cuidado à saúde e seguridade social. A queixa foi apresentada por três assistentes sociais militantes das causas LGBTQIAP+ em debate remoto promovido nesta terça-feira (26) pelo canal Sesc-SP no YouTube.
Segundo disseram os assistentes sociais Pedro Rosa, Jessyka Rodrigues e Júlio Cézar de Andrade, a falta de indicadores sociais sobre o tema faz com que pessoas desta comunidade, principalmente as trans e travestis, não tenham o acolhimento necessário e não sejam adequadamente atendidas, o que implica em riscos à saúde.

De acordo com Pedro Rosa, superintendente de políticas públicas LGBTQIAP+ da cidade de Cabo Frio, as informações censitárias da área são necessárias para que profissionais e poder público possam planejar programas sociais. “O assistente social tem um papel fundamental dentro das políticas públicas, pois elas são a porta de entrada para os usuários. É através delas que conhecemos essas pessoas”, explicou.
Para ele, campanhas como a do “outubro rosa”, que conscientiza sobre o câncer de mama, e “novembro azul”, que conscientiza sobre o câncer de próstata, são exemplos que deveriam incluir informações de saúde para as pessoas trans e travestis. “Nós somos uma sopa de letrinhas tão grande e o poder público precisa contemplar e atender essas pessoas”, defendeu.
O debate trouxe também a temática das políticas públicas necessárias para que a comunidade LGBTQIAP+ seja atendida na prática, uma vez que, sem os indicadores sociais, faltam informações para o acolhimento necessário.
Segundo a assistente social trans Jessyka Rodrigues, pesquisadora de políticas públicas, além do preconceito vivido diariamente, a falta de informações coloca os corpos LGBTQIAP+ em uma maior marginalização da sociedade.
“No Brasil, nós, trans e travestis, temos uma expectativa de vida em torno de 35 anos. Sendo preta, diminui ainda mais”, observou Jessyka, formada pela Universidade Federal do Piau e assistente social da Fundação Oswaldo Cruz.
O assistente social Júlio Cézar, pós-graduado em direito da criança e do adolescente, negro, afirmou que a assistência social tem o compromisso de romper com o conservadorismo e que, para isso, seria necessário “descolonizar os currículos escolares”.
“Não significa que queremos transformar todos os meninos e meninas em corpos LGBTs, muito pelo contrário. Para que exista respeito sobre o processo de construção, essa realidade precisa chegar nas escolas e esses dados precisam chegar na saúde pública”, explicou Júlio Cézar, que é vereador por mandato coletivo na cidade de São Paulo.
“Nós, assistentes sociais, temos que romper as opressões históricas”, afirmou.
Além da lacuna social, os profissionais também alertaram que precisa existir uma preocupação com a diversidade em áreas públicas e que, mesmo dentro da comunidade LGBTQIAP+, alguns recortes específicos seriam necessários. “Falar de gênero é falar das relações sociais. Para falar da comunidade, também se exige recorte, pois tem diversidade dentro da diversidade”, enfatizou Júlio Cézar.
Aqui, acesso à integra do debate promovido pelo Sesc-SP.
Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti
Edição: Fernanda Almeida
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