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Artista pró-sustentabilidade, Wilton Garcia defende que trabalhos não devem dispensar a reflexão escrita
Por: Alessandra de Souza
Embora um movimento ainda minoritário de estudiosos proponha que o trabalho de conclusão de curso – da graduação à pós-graduação – possa ser apresentado apenas na forma de objeto, obra acabada ou produto físico de qualquer natureza, o pesquisador Wilton Garcia Sobrinho defendeu, em palestra para mestrandos do programa de pós-graduação em Linguagens, Mídia e Arte (Limiar), a necessidade de que o autor não seja dispensado da dissertação ou tese convencionalmente redigidas no formato de texto.

“A escrita permite o domínio do pensar, do se posicionar”, disse em palestra remota o docente da Fatec de Itaquaquecetuba, graduado em Letras, pós-graduado em Comunicação pela ECA-USP e pós-doutor em Multimeios, pela Unicamp. Garcia reconheceu que, nos órgãos reguladores do ensino superior, “há brigas homéricas” em torno do peso da escrita nos trabalhos de mestrado ou doutorado, mas que escrever sobre a produção feita “permite o jogo relacional” que é inerente à produção do conhecimento. “Uma coisa não invalida a outra, elas se completam”, ressaltou.
Da mesma forma como recomenda a reflexão escrita, o pesquisador, que atualmente se dedica aos estudos da poética sustentável, disse que todo trabalho precisa obrigatoriamente começar por uma intensa pesquisa sobre o que já foi produzido em relação ao objeto que se pretende estudar. Caso contrário, o estudante corre o risco de julgar inédita uma abordagem já pesquisada em outros centros de ensino ou períodos anteriores.
“A boa ideia é a ideia extraordinária”, frisou Garcia, salientando que a criatividade é componente fundamental aos estudos superiores, onde o objeto precisa ser observado “com acuidade e grandeza”. “O trabalho deve começar pelo pensar”, salientou ao propor que a dúvida é o elemento mobilizador da curiosidade e que o contexto deve balizar os limites da investigação. “Hoje, por exemplo, nosso contexto é o contexto do distanciamento”, afirmou, o que alteraria o olhar sobre o objeto estudado.

Em seu ateliê, Wilton Garcia tem pesquisado o uso de materiais recicláveis na produção de obras poéticas, até mesmo por força contexto – de sustentabilidade – que hoje mobiliza os atores sociais mais comprometidos com a preservação do meio ambiente. Garcia é integrante do Projeto Afroqueer, que reutiliza, por exemplo, até sacos de pão e sobras de tinta para a produção artística. Em seu website “Devora Digital”, Garcia explica que seu projeto carrega contradições e paradoxos, como uma produção de subjetividade, ponto destacado por ele durante a palestra.
Segundo o pesquisador, seu projeto evidencia a reflexão sobre a diversidade. “E o consumo e a sustentabilidade também aparecem nessa cena, na expectativa de agenciar, de negociar tal poética”, apontou.
Orientação: Carlos A. Zanotti
Edição: Fernanda Almeida
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